Capítulo 15 DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON

648 221 51
                                    

DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON


            Liana abriu apenas um olho e percebeu que não seria um dia muito agradável para si. Principalmente por estar bem arrependida do que havia feito. E olha que ela não tinha muitas ao longo da sua vida.

Abriu o outro olho já imaginando encontrar Maurício deitado ao seu lado, ainda dormindo. Se mexeu, milimetricamente, e suspirou de alívio ao ver que estava sozinha na sua cama. Nua, mas sozinha.

Não deveria ter bebido demais. Não deveria ter dado papo para Maurício. Não deveria ter empurrado ele para cima do palco depois que descobriu que ele tocava violão e tinha o violão velho de Richard lá atirado. Não deveria ter escutado ele tocar. Não deveria ter voltado para o bar e continuado a beber daquela forma. E não deveria ter puxado ele para a sua casa, em direção ao seu quarto enquanto arrancava as roupas dele.

Eram muitos "não deveria" para apenas uma noite.

Ela se deixou levar. Pela companhia, pelo papo, pela bebida e pela atenção que estava recebendo. Era pecado ficar animadinha com um a mais? A única coisa que dava bola para Liana era a cacatua endiabrada quando estava com fome e gritava o seu nome pela casa, ou a bicava de leve para chamar a sua atenção. Ou Marina quando precisava de alguma coisa. Sua bebê estava crescendo e não precisava mais da mãe para muitas coisas.

E com tudo isso a catástrofe estava formada. Resultou com Liana na cama com Maurício, ambos bêbados e com muita disposição.

Liana saiu em direção ao seu banheiro para tomar um banho, precisava tirar o cheiro de Maurício do seu corpo, o cheiro de bebida alcoólica e trocar os lençóis antes que Marina chegasse em casa. Ela notaria a diferença da roupa de cama, mas Liana falaria que havia derramado café. Dos males o menor, antes escutar Marina dizendo que quarto não era lugar de tomar café, como ela mesma havia imposto a filha, do que outra explicações que ela não queria contar a filha.

Tomou um banho demorado, parecia que o perfume dele tinha o melhor fixador de todos, pois ela ainda o sentia, acentuado pelo vapor da água. Se enrolou em uma toalha e ao caminhar de volta ao quarto, viu o pacote de preservativo aberto esquecido no meio do cômodo.

— Pelo menos isso a gente lembrou. — Falou para ninguém em específico. Sorte que tinha levado Peteca para Sérgio ontem à noite. Tudo que ela não precisava era aguentar ela a chamando de Megera pela casa e tendo um pouco de razão.

Colocou uma roupa simples, arrimou o seu quarto com as roupas de cama novas, a lavou, mesmo sendo a vez de Richard, e saiu em direção ao mercado. A falta de comida da noite passada, aliada ao álcool e ao exercícios extenuantes, deixaram Liana com um apetite incomum. Tudo que ela queria, era aproveitar o fato de que Marina não estava em casa, e comer tudo que tinha direito sem o peso na consciência. Ia começar pela padaria do mercado, principalmente por aqueles bolinhos de nozes que Nara era especialista e depois passar para todos os pães recheados. Se ainda sobrasse espaço, um cappuccino não cairia mal também.

— Bom dia. — Escutou Sérgio falando daquela forma que Liana conhecia bem. A de quem sabia que ela tinha aprontado alguma e estava esperando alguma palavra sobre o ocorrido.

Sérgio e Liana tinham uma relação ímpar. Por ser a mais nova e a que menos teve convivência com os pais, Sérgio assumiu a responsabilidade para si completamente. Nunca tinha cuidado de nenhuma outra pessoa na sua vida, e de cara recebeu um irmão depressivo, com quadros suicidas, e uma rebelde como Liana. Que nunca aceitou as ordens do irmão e muito menos sua autoridade. Apenas acatava para que ele achasse que poderia mandar nela.

Linha Reta DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora