Capítulo 10 DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON

710 224 25
                                    

DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON


            Maurício foi criado escutando que a primeira impressão era a que ficava, mas com o tempo descobriu que nem sempre era a que prevalecia.

Liana era alta, tão alta como seu irmão, tinha um ar de superioridade que chamou a atenção de Maurício instantaneamente. O cabelo escuro tinha detalhe interessante que contrastava com o branco da sua roupa.

— Liana! — Sérgio se virou para a irmã que se aproximava.

— Liana! Megera! Preguiçosa! — Peteca gritou para toda a cidade escutar. Ela era realmente um amor de cacatua.

— Sua galinha depenada, hoje pela manhã estava um amorzinho, agora está assim. — Ralhou Liana. Peteca se escondeu atrás da cabeça de Sérgio, como se fosse muito culpada.

Liana se aproximou do irmão e do estranho que ela nunca tinha visto no mercado, posto de saúde e cidade. Ou seja: um forasteiro. Analisou Maurício dos pés à cabeça, notando os jeans e os all-star com aquela cor de encardido que ela adorava. Quem não tinha um desses? Ela deveria ter uns quatro assim.

— Bom dia, minha irmãzinha. — Sérgio, como sempre demonstrando muito afeto a todos os seus, beijou Liana e abraçou, fazendo com que Peteca se enredasse nos cabelos dela.

Ainda bem que Maurício não levava em consideração a primeira impressão, senão a de Liana seria péssima. Segurou o riso enquanto a mulher e Sérgio tiravam a cacatua enredada.

— Ainda bem que isso é uma cena bem comum por aqui. — Sérgio sorria enquanto Liana o fuzilava com os olhos.

Liana tentou se arrumar com toda a dignidade que poderia conter no seu corpo. Toda aquela que uma cacatua enredada nos seus cabelos poderia deixar ter. Teve pensamentos felizes para não enforcar Peteca logo pela manhã cedo.

— Bom, voltando às apresentações — Sérgio se virou para Mauricio. — Maurício, essa é a minha irmã Liana. Liana, esse é o Maurício que eu te falei, da escola do Inacinho e a Fifi.

Maurício esticou a mão em direção de Liana que a agarrou firmemente. Não trocaram arrepios ou choques, talvez ainda fosse cedo demais para as faíscas saírem.

— Muito prazer — sorriu ela, com os dentes perfeitos e brancos.

— O prazer é meu... — devolveu ele tentando dar o mesmo sorriso.

Liana, como uma dentista dos pés à cabeça, analisou a disposição dos dentes de Maurício e gostou do que viu. Era automático, ela não poderia fazer nada contra o seu instinto. Mais fácil ela lembrar da disposição dos incisivos da pessoa do que ela em si.

Os dois ficaram se encarando por alguns segundos a mais do que o normal, só desgrudaram os olhos quando Sérgio começou a gritar por Peteca que havia saído voando em direção ao nada.

— A cacatua pulou! — Gritou ele para Liana que já imaginou o quadro que seria em casa quando Marina soubesse.

Todas as crianças normais tinham um cachorro, gato ou até mesmo um peixinho. No caso mais extremo um porquinho da índia ou ramster. Mas a filha de Liana Chiarelli tinha uma cacatua. E juntando o fato de ser uma Chiarelli e filha da Liana, não iria aceitar a fuga de sua cacatua de estimação.

— Ah, Jesus! — Ela falou e saiu correndo em direção à ave.

Dobrou a esquina e viu a ave que pousou delicadamente na cabeça de Richard que apareceu logo atrás do muro.

Linha Reta DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora