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Maurício colocou a chave na porta da casa em que alugava e a girou assoviando calmamente. Abriu a porta e entrou suspirando. Estava cansado, e feliz por não estar com fome, estava chegando da casa dos pais de Elis, uma amiga do seu dindo que a sua família morava em uma fazenda na saída da cidade.
Luiz, seu dindo, adorava aquelas junções gigantes com a família de todos. E de tantas que fizeram, todos viraram grandes amigos. Inclusive a mãe de Elis era muito amiga da mãe de Maurício, não precisou Helena nem formular a frase para Agnes se prontificar de cuidar dele. E fazia a sua parte do acordo com afinco.
Agnes e Hélio, seu marido, eram veterinários e tinham uma ajuda extra em casa: a mãe de Agnes, Eulália. Um amor de senhora. Maurício recebia inúmeras ligações dela durante a semana, todas para que ele fosse até à fazenda para comer. D. Eulália não conseguia ficar sem fazer comida para todos os seus conhecidos.
Aquele dia não poderia ser diferente, no meio da tarde, depois de uma reunião que Maurício tinha vontade de sair correndo porta a fora, recebeu uma ligação dela, quase implorando para que fosse visita-la. Quem ouvia a ligação, imaginava que era uma pessoa abandonada e sozinha, e não que morava com a filha e o genro, numa casa cheia de animais, sendo tratada da melhor forma possível.
Maurício até agradeceu a ligação, realmente precisava comer algo mais substancial do que sanduíches prontos, besteiras que comprava no mercado de Sérgio e massa instantânea. Era mais prático e mais tempo para Maurício se dedicar a outras coisas, como os planejamentos e reuniões do outro dia.
Chegar à fazenda sempre era uma alegria. Maurício sempre gostou daquele ambiente, sua família tinha uma fazenda, onde seus avós moravam. Muito Maurício brincou e se machucou nas terras da família. E chegar na casa de Agnes, Hélio e D. Eulália, era como se ele conseguisse voltar àqueles tempos.
D. Eulália não o decepcionou com o jantar para um batalhão de pessoas. Ela era muito exagerada mesmo. Nem parecia que o banquete era apenas para quatro pessoas, e tudo feito caseiramente com um gostinho especial que só um fogão à lenha antigo conseguia deixar.
Saiu de lá cheio de potes com comida para a semana toda, D. Eulália fez um escândalo dizendo que ele estava muito magro e magreza não chamava a atenção de mulher nenhuma para casamento. Sim, D. Eulália havia colocado como meta casar Maurício com alguém da pequena cidade.
A única coisa que ele poderia fazer sobre aquilo era rir. Maurício já tinha percebido que a vida dele teria um único casamento: a escola. A única amante que ela tolerava era seu violão e o amor incondicional com a música. Mas não revelava isso para ninguém, nem mesmo a esperançosa D. Eulália e a boa intenção dela. Era bonitinho ver ela falando de todas as moças da cidade que seriam elegíveis para Maurício.
A única que ele lembrava dela ter comentado dera a tal de Liana Chiarelli. Irmã de Sérgio e uma antiga colega de escola de Elis. As inúmeras outras ele nem se recordava, apenas associava elas quando D. Eulália falava alguma coisa relacionada à escola. E só.
Mas a irmã mais nova dos Chiarelli era um assunto recorrente de D. Eulália, principalmente para comparar com outras candidatas. A senhora gostava de frisar que ela era um pouco mandona demais, tinha uma filha com um dos médicos de criança da cidade e tinha sua própria profissão. Qualidades estas que eram pontos negativos.
Era bom colocar um rosto em uma pessoa que ele ouvia falar sempre. Na sua imaginação Liana não era nenhum pouco do modo como era realmente, e aquilo chamou a atenção de Maurício de uma forma que até ele mesmo se espantou.
Talvez fosse a primeira impressão mesmo. Ela, vestida toda de branco, como pede a sua profissão e com uma cacatua enrolada nos cabelos. Realmente era uma cena que não sairia tão cedo da sua cabeça.
Maurício guardou os inúmeros potes com comida que ganhou de D. Eulália e foi para o banho. Deixou a água quente fazer sua magia no seu corpo cansado e dolorido de tensões e deitou na sua cama depois de se vestir. Ignorou as diversas caixas da sua mudança, aquelas mesmas que ele havia prometido para sua mãe que organizaria, só não tinha colocado data para tal arrumação. Era muito mais fácil deixar elas lá acumulando poeira.
Fechou os olhos e quando imaginou que conseguiria dormir, escutou seu telefone tocando ao seu lado.
— Oi, mãe. Tudo bem?
— Oi, filho! Tudo certo, acabamos de chegar em casa. Levamos o Lex para a natação, ele adorou! Chegou em casa e quis entrar de novo na piscina para nadar. Teu pai está lá com ele.
— Que ótimo, agora vocês vão parar de reclamar que ninguém usa a piscina. — Maurício riu, imaginando o sorriso gigante da mãe.
Conversaram sobre o dia deles, o modo como Lex estava mudando a vida dos dois e como isso estava fazendo bem ao casal. Comentaram sobre as dificuldades diárias que Maurício está enfrentando na nova escola, conselhos de como conseguir se aproximar dos professores e conseguir mudar alguns conceitos enraizados e ultrapassados.
— Eu sei que deveria estar aí te ajudando, a educação infantil mudou muito os métodos de ensino, mas no momento eu não posso sair daqui e deixar o Lex só com o teu pai.
— Não precisa te preocupar, mãe. — Maurício a tranquilizou. — Está tudo sob controle. É só deixar o tempo passar e os resultados começarem a aparecer. Vão ver que tudo que estou propondo é melhor para todos.
— Tu parece o teu pai falando, sendo a moderação em pessoa. E por falar em teu pai, vou lá tirar os dois da piscina antes que os dois fiquem doente. Boa noite, filho. Estou morrendo de saudade de ti e queria que estivesse aqui para me sentir completa.
— Boa noite, mãe. Sem drama, eu chegou aí no sábado pela manhã. Durmam bem. — Maurício se despediu e desligou o telefone.
Se virou na cama e percebeu que seu sono havia passado um pouco. Viu o seu violão encostado em uma das caixas e percebeu que estava se dedicando demais a sua esposa e não dando atenção suficiente a sua amante.
Pegou o violão, dedilhou as cordas e percebeu que estava desafinado. Começou o trabalho, sozinho em casa e pensando em uma certa dentista que morava na outra quadra e que mexeu com a sua cabeça.
A semana ainda estava no início, e percebeu ali que poderia ter uma chance de rever a dentista na sexta. Sérgio havia comentado que o bar de Liana e seu ex havia inaugurado no último final de semana. Maurício já tinha passado a sua fase de bares e bebedeiras noturnas. Só de pensar nisso já ficava com sintomas de ressaca e se arrepiava todo.
Mas talvez, conhecer o novo bar da cidade não seja uma coisa tão ruim assim... Além de ser uma ótima forma de se inserir na cultura e modos que a cidade apresentava. Um estudo de perto no que acontece na cidade além da escola.
Maurício iria fazer aquele sacrifício em nome da escola e formas de entender o que se passava por ali.
Assim ele pensava.
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Linha Reta DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON
RomanceDEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON PARA COMPRA E ALUGUEL "A menor distância entre dois pontos é em linha reta, mas nem sempre significa o caminho mais fácil..." NÃO É HOT! Po...