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Capítulo 6 DEGUSTAÇÃO DISPONÍVEL NA AMAZON

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 Maurício analisava a cena à sua frente. Sua mãe, sentada no sofá balançava o pé no ar ansiosa. Era uma bela mulher, baixinha em relação a ele e seu pai e sempre com algum salto nos pés para tirar aquela desvantagem do marido. Foram poucas as vezes que ele havia visto a mãe sem um salto, principalmente ao lado de seu pai.

Gerson estava entre os dois, mexendo no celular que Maurício presenteou no natal. Um modelo mais atual, com internet móvel e inúmeros aplicativos que ele já conseguia mexer com razoável destreza. Às vezes fazia ligação de vídeo com o filho e esquecia de apontar a câmera para o lugar certo.

— Luiz está desesperado mandando mensagem aqui nessa coisa. — comentou calmamente e repousando a mão em cima do joelho da esposa, uma tática adquirida depois de anos de convivência.

— E quando o Luiz não está desesperado? — Lena, ao sentir o toque do marido tentou relaxar.

— Ultimamente — Maurício comentou e puxou o seu celular do bolso para ver as mensagens do seu dindo — ele anda mais desesperado do que nunca. Meu celular está virando em fotos da Lívia e do Henrique.

Sua mãe suspirou pesadamente. Ela estava mais nervosa do que Maurício já tinha visto em toda a sua vida. E também não era para menos, não era todos os dias que o juizado de menores entrava em contato para dizer que a adoção que eles haviam pedido há uns meses atrás estava saindo.

Helena e Gerson Lavorini novamente iriam ser pais, depois de muitos anos o sonho havia se realizado pela segunda vez.

Ele era abençoado por ter nascido numa família tão perfeita e cheia de problemas com a Lavorini. Seu pai era o mais velho, junto com Roberto, cinco anos mais novo, Luiz, com 15 anos de diferença entre ele e Gerson, e mais conhecido como a ovelha cinza. Gerson, ou Gê, como ele era conhecido, junto com Roberto, ou Beto, mantinham a escola que seu pai havia fundado anos atrás. Luiz, por ser o mais novo, e rebelde, tinha escolhido a faculdade de medicina e corria léguas da escola.

Gerson era formado em história e foi professor de Helena. Já a conhecia desde antes, por ela ser uma das filhas de outro professor, mas ficou alguns anos estudando fora para se aperfeiçoar. Quando reencontrou a pequena Lena, seu coração foi arrebatado por uma força maior. Helena era um poço de tranquilidade e nem sabia onde tinha se metido ao começar a namorar com Gerson. Principalmente quando o assunto em questão era a sua sogra. Ela transformou a vida de Helena em quase um inferno de tantas cobranças e realçando os pontos negativos dela para o filho, por ela, seu primogênito não era digno de uma pessoa tão simplória e filha de um simples professor.

Helena e Gerson enfrentaram muitos percalços até o casamento. Inclusive uma fuga alguns meses antes para conseguirem suportar toda aquela pressão que recebiam da mãe dele. A única pessoa que abençoava a relação e fazia gosto da união era o pai de Gerson, já que os pais de Helena estava de mudança para outro lugar e queriam que a filha ficasse com qualquer opção que aparecesse na sua frente.

Seu Lavorini que fez todos os ajustes e liberou para o filho boa parte da sua herança para começarem uma vida longe da fazenda, perto da cidade, onde moravam. Gerson alugou um pequeno apartamento e levou Helena para finalmente os dois começarem uma vida em paz e longe de tudo que os fizesse mal. A única coisa que os dois levavam para casa era Luiz, sua prima Joana e Beto. Luiz era pequeno ainda, muitas das histórias ele nem lembrava mais.

Casaram em uma cerimônia simples, um dia antes dos pais de Helena realmente se mudarem. E com isso, novas cobranças para cima dela começaram a surgir.

Helena não era uma pessoa ruim ou que guardava rancor, compreendia que a sogra não era uma pessoa "normal", ninguém que travava o filho mais novo com tanta indiferença não poderia ser considerada sã. Ela era malvada de um ponto que a chocava, e muitas vezes, ela levou Luiz para a sua casa para que ele não apanhasse mais de livre demanda, por simplesmente respirar perto dela. E ela não saiu ilesa.