Nós Podemos Ter Tudo

8. Alex

Candice tinha ido buscar alguma coisa para o meu machucado que eu garanti não ser nada de mais quando Zoe me deu um susto que nos custou mais uma mancha de bebida.

- Zoe. - Foi tudo que eu consegui dizer. Não queria mais brigar com ela. A gente andava fazendo muito isso nos últimos dois dias.

E aí ela riu tão alto que todos olharam na nossa direção. Ela estava querendo quebrar o gelo, percebi, e falhando miseravelmente.

Foi bom quando finalmente a atmosfera ficou mais leve e ela me pediu um favor. Eu nunca cobrava, mas dessa vez eu precisava de algo em troca.

- E o que você vai querer em troca? - ela perguntou depois que resolvemos que eu a ensinaria a nadar no fim de semana. Até esqueci de perguntar o por quê.

- Você precisa me comprar um "suéter novo 'apropriado' para causar boa impressão". - respondi na lata.

Ela riu um pouco, mas concordou. E mais do que isso, quis selar o acordo com um aperto de mão nojento. E se isso não fosse o bastante, ela limpou a baba na minha roupa.

Eu ia deixar ela cair, mas não pude; a segurei no último segundo. Ela cheirava ao shampoo de lavanda que usava, chá de hibisco e suco de uva. Era o melhor cheiro que eu já tinha sentido. Disfarcei que ainda não queria soltá-la quando Zoe se afastou do meu abraço.

***

- Alex, eu sei que você e Zoe são, tipo, best friends forever e tal, mas pega leve tá? As pessoas falam - disse Candice enquanto colocava um band-aid no meu corte. Não gostei do tom ou das palavras que ela usou ao se referir à minha amizade com a Zoe.

- O que você quer dizer? - perguntei mesmo assim.

- Você é bonzinho demais pra ver maldade nessas, como posso dizer, interações com a Zoe. Mas eu não gosto de ouvir que você e ela ficam se agarrando por aí.

- Ai - reclamei quando ela tocou o machucado.

- Só pega leve - repetiu ela.

- Tá legal - concordei a contragosto. Parte de mim sabia que ela estava certa.