10. Alex

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Abracei Zoe muito forte, inspirando seu cheiro.

Ela usava uma camiseta com a foto de Fergus, o gato persa dela, com uma legenda que dizia: MEU NAMORADO É UM GATO. Ela adorava aquele trocadilho.

O motivo do abraço foi o suéter que ela comprou. Ela nem aceitou o meu dinheiro, disse que foi um presente. Abracei ela de novo.

- Tá legal, Alex, preciso respirar - disse ela sem ar.

Soltei Zoe não só porque eu a estava esmagando, mas também porque Candice não ia gostar dos olhares que estávamos recebendo.

Nós ficamos conversando, ou melhor, Zoe ficou me ouvindo falar sobre os tipos de relevo enquanto esperávamos o ônibus, e depois sobre vulcões ativos enquanto ele nos levava pra casa. Eu faltei ao treino de lacrosse para ter tempo de tomar banho, colocar a roupa pré-escolhida e pegar carona com meu pai às 18h até a casa da Candice.

Ela falara o dia todo nesse jantar e acabei entrando na onda da animação. Não sabia se tinha motivo para tal, mas também me sentia um pouco nervoso sobre qual seria o veredicto dos pais dela.

Me despedi de Zoe quando o chegou minha parada e fui em direção ao nosso apartamento e fiz conforme o planejado. Banho, suéter vinho "apropriado pra causar boas impressões" e a calça cáqui bege que ganhei do meu pai.

Minha mãe me borrifou quase o vidro e perfume apesar da minha tosse incessante e meu pai bagunçou meu cabelo antes penteado.

Cheguei pontualmente às 18h, como combinado e bati na porta. Meu pai me deu sorriso encorajador e foi embora dirigindo sem pressa. Quem abriu a porta do sobrado em que Candice morava foi a mãe dela. As duas tinham cabelo loiro.

- Alexander, olá. Pode entrar - falou a sra. Wright.

- Oi, boa noite - falei. - Só Alex está bom.

Ela me deixou entrar com um sorriso. A casa era bonita, de decoração rústica. A mesa já estava posta na sala de jantar. Uma grande mesa de madeira com cadeiras estofadas em vermelho e mostarda.

- Oi, baby. - Candice me beijou na bochecha.

Lhe dei um abraço rápido já que a mãe dela nos observava. Candy usava um vestido verde até os joelhos.

- Vem, vamos lá fora enquanto tudo fica pronto - disse ela.

Concordei com um aceno de cabeça e a segui até o quintal. Era uma área gramada com um laguinho artificial com alguns peixes. Na verdade, era bem legal.

Candice me puxou e sentamos num banco de madeira que ficava na frente do pequeno lago. A brisa estava quente e agradável, mas não chegava a me fazer suar debaixo do suéter. Minha namorada apoiou o queixo no meu ombro e ficamos conversando por um tempo e relembrando algumas coisas de quando começamos a namorar, como quando fomos no teatro e além da peça ter sido um fiasco, eu engasguei com uma pipoca e ela teve que fazer a manobra de Heimlich, ou quando eu, ela e Zoe nos perdemos numa trilha; mas podia jurar ter visto ela fazer cara feia à menção do nome de minha melhor amiga.

Nós levantamos do banco e começamos a andar pela grama em direção à porta que dava para a cozinha quando nós escorregamos na grama úmida. Candy caiu em cima de mim e meu suéter ficou sujo de terra e capim, mas nós rimos. Eu já ia me levantar quando vi as estrelas. O céu estava lindo naquela noite. Candice começou a apontar todas as constelações; e mesmo que eu já soubesse eu escutei, porque era mágico como ela acreditava que aquilo era mágico. Eu só via uma esfera de plasma grande e luminosa, cuja integridade era mantida pela gravidade e pressão de radiação.

- Que foi? - perguntou ela ao reparar que eu estava encarando. - Você ao menos está prestando atenção?

- Numa noite de céu estrelado eu ainda só consigo olhar pra você - falei e ela me beijou.

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