Sempre concordei com Garfield sobre segundas-feiras.
Eu sabia que não podia evitar Nate, mas não sabia o que dizer. Nunca tinha sido o tipo de garota que dava foras. E, apesar de ter sido um bom beijo depois de um bom encontro, eu não sentia o que sabia que sentiria quando estivesse apaixonada - o que já sentia por alguém que não deveria.
Então o primeiro dia da semana não me surpreendeu ao mandar o lindo garoto neozelandês pela porta de vidro do restaurante mexicano.
O cheiro de queijo e pimenta estava impregnado no ar, nas roupas das pessoas. E lá estava Nate, sentado em uma mesa olhando para o cardápio.
Fui até lá antes que perdesse a coragem.
- Oi - foi o que saiu da minha boca. - O que quer? - Apontei para o cardápio vermelho, verde e amarelo em sua mão quando ele levantou a cabeça com as palavras parecendo estar na ponta da língua.
- A comida não é bem minha maior preocupação agora.
Não sei se importa como chegamos na despensa, mas a boca de Nate tinha gosto de algo cítrico enquanto nos beijávamos com meu corpo apoiado em uma das prateleiras.
Precisei parar para respirar. Não consegui olhar pra cima durante um minuto inteiro. Lá fora não estava frio, mas tampouco calor, com pouco mais de uma semana para o fim de outubro. Dentro daquela sala pequena, a nossa respiração descompassada cortando o silêncio me fazia suar. Quer dizer, além da agarração de momentos atrás.
- O que isso quer dizer? - perguntou Nate calmamente. Parecia apenas curioso.
- Que droga de timing, droga - falei quase num sussurro. - Como um lindo suéter grosso de lã no verão.
Para meu crédito ele riu, e eu o olhei nos olhos. Magníficos olhos avelãs, mais escuros que os meus. Mas nenhuma borboleta levantou voo. Só planaram - se é que borboletas, mesmo metafóricas, fazem isso -, quase sem ter certeza do que fazer.
- Você gosta de alguém? - ele quis saber. Não parecia magoado. Talvez meio agitado. - Um vestido arejado para o calor?
Devolvi a risada quando ele devolveu minha metáfora. Eu teria adorado um suéter cor de creme durante o inverno. Mas não o teria comprado em julho. Se ao menos o visse antes do natal…
- Algo assim. Desculpe.
- É o Alex?
A falha na minha respiração foi resposta o suficiente.
- Tudo bem - falou Nate. - Eu não sou o suéter certo na hora errada. Porque se você gostasse muito do suéter, o teria comprado não importa quantos graus fizessem. - Os cantos da sua boca se repuxaram em um sorriso.
Desencostei da prateleira, desamassando a roupa e recuperando o avental pendurado na maçaneta.
- Espero que o vestido arejado seja o certo pra você - continuou Nate. - Mas o suéter teria ficado lindo em você - concluiu ele. Depois me beijou mais uma vez, mantendo o rosto pressionado sobre o meu por poucos segundos, incerto, e foi embora.
Eu voltei ao trabalho logo em seguida, fazendo as contas dos infortúnios do dia: meus pais com sua briga feia sobre panquecas queimadas. “Talvez eu vá tomar um café da manhã decente em outro lugar e nem volte”, gritara ele. “Espero que faça isso”, murmurara minha mãe em resposta. E ele havia escutado e segurado seu rosto com agressividade. Meus empurrões resultaram em um olhar de raiva e um bater da porta.
Aí prova surpresa de uma matéria que Alex não fazia comigo. Minha prima de seis meses teria ido melhor do que eu.
Agora Nate e o caso da vestimenta certa.
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Nós Podemos Ter Tudo
RomanceZoe era boa em manter promessas. Como quando sua mãe disse que ela deveria voltar até as 22h na primeira vez que foi a um show, e 21h59 ela estava girando a chave na porta. Ou quando sua irmã pediu que ela guardasse o que era o maior segredo dela n...