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Empurro as portas do hospital com o pé direito. Rapidamente todos do ambiente começaram a prestar atenção em mim, mas não dou a mínima. Maqueiros, médicos e enfermeiros se aproximam quando notam que estou com uma desconhecida em meus braços. Eles a tomam de meus braços e a colocam na maca, levando-a para uma sala na qual é restrita a minha entrada. Permaneço parado no mesmo lugar, até que um enfermeira chega e diz:

" Se acalme, venha cá sente um pouco. "

Obedeço, e vou com ela até um dos bancos da sala de espera do hospital, sento-me, e de repente uma lágrima escorre de meus olhos.

- Não fique assim meu jovem, ela vai ficar bem!
O que ela não sabe é que eu não estou chorando por causa de uma desconhecida, mas pelo acidente que ela se envolveu. Alice. Esse é o nome que me veio a cabeça, é como se eu fosse capaz de salvar qualquer pessoa do mundo, menos ela não. Queria ter o poder de voltar no tempo só pra impedi-la de sair naquele dia.

- Obrigado.- respondo formando um leve sorriso no rosto.

De repente chega uma outra enfermeira, ela está com um copo de água em uma mão e uma ficha em outra. A enfermeira me entrega o copo de água para que eu possa e beber e me tranquilizar, dou um leve gole na água e devolvo o copo, ela deixa a ficha com a primeira enfermeira e sai com o copo na mão.

- O hospital tem normas, e uma dessas normas é realizar registros de todos os pacientes que são atendidos pela nossa junta médica... - acrescenta ela- então é necessário que você informe os dados da sua namorada para que possamos prosseguir com o atendimento.
Ela não é minha namorada, mas se eu disser a verdade talvez eles parem o atendimento e deixando ela morrer. Então resolvo embarcar nessa mentira.

- O nome dela é Alice Braga.

A enfermeira ergue um sorriso de satisfação em sua face.

- Quantos anos ela tem?

Tento adivinhar quantos anos a desconhecida tem, para não levantar suspeitas digo a idade que Alice teria se tivesse viva.

- 24 anos. - respondo secamente.

- O que houve para ela ter chegado aqui neste estado?

- Ela foi nadar no lago, só que começou a demorar muito para regressar a superfície, então fui atrás dela.

- Como você explica o ferimento na cabeça dela?

- Ela pulou da pedra para ir mergulhar.

- Não consigo entender a ligação. - Estava de noite, ela não viu direito, senhora.

- Mas...

- Senhora, só quero relembra-la que enquanto estamos tendo essa conversa totalmente inútil, minha namorada está em uma sala cirúrgica esperando uma simples papelada. - digo cortando a bateria de perguntas que estavam em sua cabeça.

- Tudo bem. Porém, para finalizarmos isso só farei uma última pergunta, ok?

- Ok - respondo um pouco arisco.

- Qual o seu nome?

- James Frey.

- Isso é tudo. - diz ela levantando e indo.

Queria poder ir embora, mas já registrei meu nome como acompanhante, e também não quero deixar essa desconhecida aqui sozinha, mas também não quero saber a reação dela quando acordar e descobrir que eu dei o nome de uma mulher morta nela. Pela primeira vez não sei se faço o certo ou o errado. Alice sempre dizia que eu tinha que fazer o que fosse certo, mesmo se o certo viesse disfarçado de errado. Então resolvo ficar e passar a noite esperando notícias da falsa Alice.

ALICE E EUOnde histórias criam vida. Descubra agora