ALICE E EU

17

    Tan Torres.

                Odeio o ar poluente de New York! As pessoas estão sempre correndo pela Times Square, tentei pegar a 5° avenida, mas o caos de lá se iguala ao daqui. Fiquei em um lar adotivo em Seattle por 10 anos, então eu deveria estar acostumado com a movimentação de uma metrópole.
 
              Francamente, se eu não amasse tanto minha carreira, não sairia de Winchester. Na Virgínia encontrei o que tanto procurava para minha vida pessoal. Vou ter um bebê! Cada vez que este pensamento volta para as minhas lembranças, sinto uma forte ansiedade. Meu filho!

               Zelo muito pela minha parceria com o James, pois já pressuponho como se fosse um irmão. Nos lares adotivos não existe parceria. Você luta e sobrevive com as armas que tem. Aos poucos fui aprendendo a me defender e me blindar de algumas emoções. Aqueles lugares não dão esperanças para ninguém, e quando as suas armas não são tão boas quanto a do seu inimigo, quer dizer que está na hora de usar bem mais que sua inteligência. As vezes quando você está entre ir para a rua ou ter uma cama com goteiras, nós fazemos coisas que nossas mentes julgam, mas nossos corpos nos obrigam.

                  Depois de uma forte e excitante caminhada com meus pensamentos, chego ao motivo da minha viagem. Edifício Katherine N°284. Sigo em direção ao elevador, mas sou detido pelo porteiro do prédio.

                   — Desculpe, mas eu tenho que falar com o Zeed Warren.

                   — Desculpe-me senhor, no entanto não posso permitir a sua entrada antes de confirmar com o proprietário do apartamento.

                  Ele tenta ser firme, mas é totalmente inútil, pois já sei a sua natureza e ela é submissa e ao descobrir isso, será bem mais fácil conseguir o que eu quero.

                   — Veja bem, trabalho para agência de garotos de programas. Zeed Warren me contratou para que eu pudesse satisfazer seus desejos e fetiches mais íntimos. Você está atrapalhando o meu serviço! Quer ligar pra ele? Então Ligue, mas fique sabendo que será você o  será responsável pelo meu pagamento caso o Sr. Warren me dispense.
 
                    Com um passe de mágica estou no elevador. O botão número 5 brilha ao ser solicitado.

                    Como foi fácil passar pelo porteiro, espere que eu tenha a mesma facilidade com o Zeed.

                    O elevador se abre, assim revelando o corredor da morte. Inspiro o máximo de ar possível sem perder a elegância e saio do elevador rumo ao apartamento do Warren. Esse lugar é o clássico ambiente burguês, provavelmente isso tudo deve ser bancado por algum familiar. Paro em frente a porta onde reside este cidadão. Espero muito que Zeed não seja outro misólogo, não vou suportar outro tolo em meu caminho.
    
                      Deixo de desperdiçar meu tempo e toco a campainha.

                      De repente a porta se abre, um rapaz loiro, alto e de olhos verdes surge atrás dela.
   
                       — Zeed Warren? — pergunto.

                       — Sim. O que deseja? — pergunta ele, também. Seu tom é um pouco seco.

                       — Eu sou Kevin Martin. — estendo a mão para que ele possa apertar, mas ele não retribui, assim guardo-a em meu bolso — Primo de Alice Braga. Soube que vocês eram grandes amigos e eu também era muito ligado a ela. Queria saber se você sabe alguma coisa sobre o acidente. Sabe?

                       — Infelizmente, não. — diz ele fechando a porta, mas ponho o pé antes que pudesse ter a chance de fechar.
 
                      — James Frey. — digo olhando para seus penetrantes olhos esverdeados.