ALICE E EU

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              Hospitais são lugares intensos e hostis. Perdi as contas de quantas vezes já vim a esse lugar, porém posso dizer que; nunca esperaria vir aqui para trazer uma notícia tão importante quanto essa. É extremamente impossível adivinhar a reação dela, mas posso ter a chance de criar uma simples expectativa de ter uma irmã novamente. Obviamente que que Sarah jamais sairá do meu coração, pois por muito tempo ela foi a única amiga que tive, sempre vamos ter um laço, mesmo morta suas lembranças vão estar interminavelmente comigo. No entanto eu tenho um propósito para cumprir.
 
               45 minutos depois, a recepcionista do hospital me traz a seguinte notícia:

               — A Dra. Frey está de folga hoje, por isso não poderá recebe-lo.

             Agradeço com um aceno de cabeça e me retiro do ambiente seguindo rumo novamente ao carro.
  Pego meu aparelho celular e começo a pesquisar na Internet um pouco sobre minha mais nova irmã.

Wikipédia.

Nome: Samsung Lee Frey.
Data de nascimento: 09 de novembro de 1988.
Situação atual: viva
Sexo: feminino.
Idade: 30 anos.
Função: Médica residente.
Local de trabalho: Hospital Grã Torres.
Instituição de ensino: Oxford.
Origem: Los Angeles
Mora: Winchester, Virgínia.

   UM POUCO DA VIDA DA DRA. FREY:
 
             Samsung Lee Frey é filha de uma doméstica. Seu pai não foi em nenhum momento citado, por mais que ela carregue o seu sobre nome. Frequentou aos 18 anos a universidade de Oxford. Conclui medicina e foi a primeira de sua classe, hoje ela é a Dra. Frey e exerce sua especialização no hospital Grã Torres, Winchester, Virgínia.

               Em nenhum lugar mostra seu endereço, talvez seja por questões de segurança. Guardo o celular no bolso e preparo-me para dar partida, mas de repente avisto a Dra. Glória, a médica que atendeu 'Alice'. Saio do carro e vou em direção a ela, conseguindo alcançá-la, digo: 

               — Olá Dra. Glória, acho que a senhora não irá se lembrar de mim. Eu sou o homem que estava com a paciente Alice Braga, caso que a sua amiga, Dra. Frey foi responsável.
 
               — Sim, James Frey, né?
 
               — Isso.
 
               — Em que posso ajudar?
 
               — É que eu percebi que a senhora tem uma aproximação forte com a doutora e eu preciso ter uma conversa muito importante com ela...

                — Seja direto!

                — Gostaria de saber se você poderia me dar o endereço da casa dela?
 
                — Não. — diz ela e começa a andar.
Seguro em seu braço e digo:
 
               — Sou irmão dela.

Sua face muda e seus olhos se arregalaram.

               — Você já sabe de tudo?
 
              Desta vez sou eu quem ficou surpreso por ela saber disso. Samsung já sabe a verdade! Eu tenho uma irmã! A minha irmã!
 
               — Então você compreende o tamanho da importância. Preciso ver a minha irmã ela está em perigo. A minha mãe é maluco, mas não vou permitir que machuque a Samsung.
 
               — Tudo bem.

               Ela pega um pedaço de papel sem utilidade em seu bolso e desloca uma caneta do bolso de  seu jaleco. Assim, ela começa a anotar o endereço de sua amiga e me entrega.
 
                — Cuide da minha amiga! — diz ela.
   Pego o papel da sua mão e retorno para o o carro.

+++

                É realmente uma casa encantadora, a fachada é muito bonita.
 
                Posso até me recordar de quando Alice e eu fazíamos planos de nos casar. Era nosso sonha ter uma casa assim. Reclusa é a palavra ideal. Aquela era realmente a ilusão mais perfeita que um dia eu tive o desprazer de acordar.
 
                Respiro fundo e expiro devagar. Realizo o que era para ser feito há alguns minutos atrás. Toco a campainha. Em questão de segundos, a mais nova Frey abre a porta. Quando ele me olha sua face muda. Samsung sabe exatamente do assunto o qual eu vim retratar.
 
                — Precisamos, seriamente conversar. — digo.
                       
               — Sempre pensei que esse momento nunca iria se realizar. — retruca — Entre. — diz ela me convidando e se retirando da minha frente.
 
                Por dentro é até melhor que face externa de seu lar.
 
                 Ela aponta para o sofá e nós nos sentamos.
                       
                  — Quer alguma coisa para beber? — pergunta.
                      
                  — Não, obrigado. — respondo.
                       
                  — Então, vamos diretamente ao ponto. Não quero dinheiro de ninguém, só quero viver em paz. Sarah já havia chegado sem pulso na emergência, eu era a única pessoa que havia em plantão. — lágrimas começam a escorrer de seus olhos — De qualquer forma não daria tempo para que outro médico plantonista chega-se. Eu nunca vou esquecer dela, pois irei carregar constantemente o fardo de ter matado a minha irmã, certo, não tive laços profundos com ela, porém sem saber, caminhei com ela durante o pouco do tempo que ela tinha. Eu matei a minha irmã, desse fantasma nunca vou conseguir me livrar.

                  É claramente negativa a forma de como ela usou para abordar Sarah. Eu tive o enorme prazer de conviver com ela durante vinte e dois anos, e posso afirmar que ela jamais permitiria que alguém se sentisse mal por causa de que possa ter feito.
             
                  Levo minhas mãos até seu rosto e enxugo com meus polegares. Seguro suas mãos de uma maneira firme e acolhedora, e digo:

                  — Não sou o Noah nem minha mãe. Realmente não me importo com o dinheiro que nosso pai deixou.
  
                 Logicamente eu sei que tu fez seu melhor e que o que aconteceu com Sarah não foi culpa de ninguém. Samsung estou aqui porque querendo ou não, nós somos irmãos, temos um laço paterno. Nenhum de nós podemos destruir esse vínculo. Acabei de perder uma irmã, que particularmente era minha preferida, pois eu não tinha sequer o conhecimento de sua existência. — faço uma leve pausa e continuo — Porém, o mundo foi generoso em me dar você. Ganhei uma irmã que eu verdadeiramente tenho vontade de conhecer. Então, por favor deixe eu fazer o papel de irmão para você, pois o destino não deixou que eu cumprisse essa missão, até agora.

                 Ela me da um abraço forte. Ambos choramos juntos. Realmente, é maravilhoso ganhar uma irmã. Vejo muito do meu pai nela, seus olhos me lembram dele, assim como as atitudes e seu lado emotivo.
 
                  De repente a campainha toca, fazendo com que ela saísse de dos e indo em direção da porta para que possa abri-lá. Ao abrir dois policiais entram e um deles começa a falar:

                   — Srta. Frey?
 
                   — Sou eu. Em que posso ajudar?
 
                   — A senhorita está presa! Tem o direito de permanecer calada ou se não tudo que disser vai ser usado contra você nos tribunais. — diz ele algemando minha irmã. 

                    Levanto-me do sofá indo em direção a eles e pergunto:
 
                    — Qual o motivo dessa acusação?

                    — Ela está sendo acusada de assassinar Sarah Raymond Frey.
 
                   Minha mãe e Noah foram capazes de fazer mesmo isso. Desconheço cada dia mais essa mulher que me botou no mundo. Noah com certeza ficou ao seu lado. Sempre foi assim. O típico filhinho da mamãe.

                   O segundo policial agarrar em seu braço direito e a leva até o carro. Antes que o carro pudesse sair eu grito:

                     — Eu estou indo para lá, tudo vai dar certo!
  Vou para o meio da rua e vejo o rosto coberto de lágrimas de minha irmã ir embora dentro de uma viatura policial.