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             Estou em uma floresta. Como vim parar aqui? Meus pés estão se tremendo, a neve está os deixando desconfortáveis. Começo a andar a procura de algo só não sei o que é. Meu coração começa a bater mais rápido e desesperado.
 
             De repente sinto que tem alguém atrás de mim, então me viro, mas não há ninguém só galhos se mexendo por causa de um resquício de vento.
 
              Continuo a andar. Meus pés se afundam na neve fofa, confesso que isso dificulta mais o processo do percurso.
 
             Tenho que seguir em frente e encontrar, mas o que é? Por que simplesmente não posso parar e ir para outra direção?
 
              Chego ao topo de um morro, ainda há muita neve. Só que desta vez consigo avistar um pequeno chalé. Os telhados da pequena casa estão cobertos com neves, no entanto a chaminé está acesa, isso significa que provavelmente tem alguém residindo naquela moradia. Vou em direção ao pequeno chalé.

               No momento em que eu iria bater na porta, leio uma placa dizendo; "Entre sem bater. ".      
  
               Então, obedeço.
  
               Existem muitas coisas que não podemos explicar. Não consigo saber; o que estou fazendo aqui, como vim parar nessa floresta e o que eu procuro.
 
                A sala do ambiente é muito agradável. Poltronas altas e azuis, um tapete branco no chão, há duas taças de vinho tinto na mesa de centro. As poltronas estão viradas para lareira.
 
                Fecho a porta, bato o pé, tiro o casaco e me aproximo devagar.
  
                 — Fique onde está! — diz a voz.

                 Essa voz, eu conheço de algum lugar. É uma voz feminina.
  
                 Ela pega a taça de vinho sem sair da poltrona. Tive certeza de que é uma mulher quando vi suas mãos a pegar a taça.
  
                  — Quem é você? — pergunto.
  
                  — Não reconhece mais o som da minha doce voz?
  
                  — Por favor, diga logo!
  
                  Então, ela se levanta e vira.
 
                  Nunca poderia imaginar! Alice! Meu deus é a Alice de verdade.
  
                  Percebo que ela está usando o vestido de noiva da outra Alice. Há algo de estranho em sua roupa, uma mancha de sangue bem grande no corpete.
 
                  Ela vem em minha direção e me dá um beijo, porém não retribuo.
   
                   — O que foi? — pergunta.
   
                   — Não é possível. Isso aqui não é real. Alice, você está morta.
 
                   — Por que isso agora? Vamos aproveitar esse momento aqui! Eu te amo.
   
                  Ela tenta me beijar, mas esquivo-me.
   
                  — Você não me ama mais! Você me esqueceu! — seu tom de voz começa a aumentar.
   
                  — Durante muito tempo quis estar aqui com você, Alice. Juro que sempre esperei por você, mas não posso mandar no meu coração. Não posso negar o fato de que eu amo essa garota, mesmo sem saber seu verdadeiro nome ou algo de seu passado. — faço uma pausa e continuo — Eu esperei por você durante muito tempo, pois eu tinha certeza de que um dia iria lhe ver de novo. Juro que por muito tempo esperei por esse momento, mas nunca pude imaginar que não sentiria mais nada. Alice não é você que eu amo.
 
                 — Não! — grita ela.
   
                 De repente estou de volta em minha cama. Estou muito soado. Tudo não passou de um pesadelo. Alice (minha noiva) me abraça e assim começo meu dia.

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                  Estou  com muito medo. Essa é uma sensação horrível! Não onde estava com a cabeça quando permiti que Alice fosse ver minha mãe. Com certeza essa mulher fará algum mal a minha doce menina. O lado bom disto tudo é que posso voltar a ler o diário da falecida.

   26 de agosto de 2012.

               Querido diário, hoje fui ao velório do meu sogro. James estava arrasado com o ocorrido. Quem não estaria? Eu adorava o Dr. Frey, na intimidade Joseph, era uma excelente pessoa. James aderiu muito disto dele. É triste saber que ele se foi tão jovem. Ele me tratava como uma filha, e agora nunca mais vou vê-lo de novo, estou realmente chateada pela perda. James não falou nada desde que o caixão de seu pai entrou no túmulo. De longe pode notar sua dor. Sei que sou a única pessoa que pode fazê-lo se sentir melhor, mas não posso mentir pra ele. Nessa altura não quero ser a mentirosa, afinal ele precisa sentir esta dor para que possa seguir em frente. É evidente que não vai ser fácil lidar com essa perda, mas vou ajudá-lo a passar por isso e tenho fé que tudo isso não passará de um pesadelo.

   31 de agosto de 2012.

              Querido diário, antes do Dr. Joseph Frey morrer, me empregou no departamento de marketing. Ele era um grande homem, sentirei muito sua falta.
 
             Hoje houve a reunião do conselho, foi anunciado o novo presidente das indústrias Frey's. Me lembro quando eu disse para Joseph que queria ser uma repórter investigativa, mas ele disse que para eu conseguir chegar ao auge da minha carreira profissional, era necessário ter uma boa experiência. Então aceitei o emprego.

              Essa tarde o conselho se reuniu. Basicamente todos os acionistas pertencem a família Frey. Tenho certeza que os únicos que não pertencem a essa linhagem são; Mary, o noivo da Sarah, a avó James e eu.
Eles só estão aqui porque alguns são casados e acabaram virando Frey's.
 
              Enfim, o conselho se reuniu para nomear o novo o novo presidente das indústrias Frey's. Não achava que Mary seria tão inescrupulosa ao ponto de indicar o Jeff Taylor para a presidência.

              — Mais do que qualquer um estou sofrendo pelo ocorrido, porém não podemos deixar que essa tristeza e angústia destrua o patrimônio que o Joseph fez questão de erguer da miséria e transformar o nome Frey em um dos mais importantes do país. Eu tenho certeza que ninguém é mais qualificado para isso que o seu melhor amigo, Jeff Taylor. — ela faz uma pausa e continua — Ele sabe como funciona cada parafuso de cada empresa.
  
              Com certeza o Joseph nunca iria nomear o Dr. Taylor sabendo de tudo que aconteceu.
   
              — Desculpe-me Mary, mas eu acho que essa não seria o desejo do Dr. Frey... — digo de forma petulante.
 
              — Alice... Você sabe que eu adoro você, mas acho que sua opinião não conta aqui, afinal você só pertence ao setor de marketing, não é? Minha querida, tu não é uma Frey e muito menos membro do conselho, não era nem para estar nesta sala.
 
              Uma ira toma meu corpo. Quero levantar e estapear sua face, porém não posso deixar.
  
               — Sairia com todo prazer, mas... — faço uma leve pausa tirando uma autorização que James assinou e jogando em sua direção pela enorme mesa de reunião. — James me indicou para representá-lo hoje. Então, claramente minha presença é indispensável nesta sala.

                Enfim, acho que depois de hoje não sou mais a nora favorita da Sra. Frey. De qualquer forma, ela tinha trinta por cento das as ações, com mais as vinte de Noah e os dois por cento do Jeff, a vitória foi dela.
  
              Só fui hoje naquele covil de cobras, para defender os direitos do James. Por mais que eu o ame, não sei se posso aguentar tanta hipocrisia e desvio de caráter.

ALICE E EUOnde histórias criam vida. Descubra agora