*Yasmim*
Depois de uma noite perturbada e uma madrugada tranquila, eu avisto ao longe uma ilha, quanto mais nos aproximávamos mais ela crescia em tamanho, era enorme, se estendia por todo o horizonte.
-Acho que aqui é até onde posso ir – ouço a melodiosa voz da baleia azul em minha mente, não estávamos acima do nível da água, mas estávamos perto da superfície.
-Tudo bem – digo – obrigada por nos fazer companhia até aqui – complemento, ela então começa a virar de direção, eu sei que não está sorrindo, mas sinto como se estivesse.
-Ela vai embora? – Kami pergunta ao meu lado, afirmo com a cabeça – nunca entendi como você se comunica com ela.
-Eu não sei explicar também – digo e sorrio fraco – olha... – aponto para além dele, vejo três lágrimas caindo da superfície da água, azul claro, perto do litoral da ilha.
-Parece que encontramos o nosso café da manhã – Kami brinca, sorrio e começo a nadar em direção às lágrimas. Mas quando estava próxima o suficiente algo inédito acontece. Um ser passa em disparada na minha frente, azul, com uma cauda e cabelos escuros. Era do clã Anil assim como eu, o mesmo pega as lágrimas antes que eu possa pegá-las, logo aparecem mais dois de trás de enormes rochas. Kami se aproxima de mim cautelosamente.
-Onde está o resto da sua tribo? – o primeiro pergunta, alto, se impondo.
-Provavelmente mortos – Kamikaze responde rapidamente, uma garota se aproxima de nós, vejo suas mãos, tinha garras ali. Suas unhas eram enormes, suas veias estavam saltadas para fora, o tecido azul a cobria como escamas desde a cauda até seu rosto delineado.
-Se comportem – ela começa lentamente – e não vamos matá-los – a garota aponta para algo além de nós dois, a ilha, a praia, o litoral – vamos naquela direção, não digam nada, não tentem nada, a não ser que queiram que eu exploda a cabeça de vocês dois.
Entendi, caímos em uma armadilha. As lágrimas eram as iscas, eles já estavam nos esperando. Mas o que querem de nós? Não temos nada.
Nós cinco então nadamos até a praia, Kami não parecia estar nervoso com isso, sinceramente nem eu estava, até olhar o que havia sobre a areia do litoral.
Eram muitos, saindo de uma floresta depois da praia, as almas formavam um arco íris. Azul, branco, amarelo, preto, vermelho, aqui haviam membros de todos os clãs e até almas penadas vestidas de preto. Deveriam ser no mínimo oitenta só naquele lugar, nos encarando, sorrindo, não um bom sorriso. Sorrisos psicopatas. Daqueles cínicos que dão medo.
-Vocês só conseguiram dois?! – um garoto mais velho grita, ele era do clã vermelho, estava a frente do grupo – pensei que iríamos cercar toda uma tribo!
-A tribo deles já não existe mais – a garota com garras responde – são desertores, ou guerreiros.
O homem de vermelho sorri com aquela fala e se aproxima de nós dois, depois estende a mão para nós.
-Desculpa o incômodo – ele diz, aperto sua mão ainda um pouco nervosa – nós somos um grupo de guerreiros, lutamos pela nossa sobrevivência e estamos procurando novos membros – ele aperta a mão de Kami – o que os trazem a essa ilha?
-Estamos apenas vagando – respondo primeiro – não temos lugar específico a ir.
-Hum, precisam de um objetivo no jogo? Podemos lhes dar um – o homem fala, eu estava desconfiada demais para agir naturalmente com ele, então o mesmo continua – se juntem ao nosso grupo! Será um prazer tê-los aqui. Queremos pessoas fortes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De onde vêm as lágrimas?
AcciónDe onde vêm os mundos sobrepostos à beira de seus colapsos? De onde vem a dor? De onde vem a vida? De onde vem a morte? De onde vem a alegria? Você sabe? Me diga! São muitas perguntas e nenhuma resposta. São tantas lutas que já não me sinto viva. U...