O Admirador Secreto

Capítulo Cinco

-Queria entender toda essa dor de cabeça que estou sentindo. - Laura esfregava seu rosto.
-Você encheu a cara na bebida. - mordi mais um pedaço do pão.
-A única coisa que lembro foi de deixar você com o Isaac para buscar bebidas.
-Foi a pior coisa que você poderia ter feito.
-Aconteceu algo?
-Sim...
  Expliquei tudo que havia acontecido para a Laura e como era de se esperar, ficou chocada.
-Desculpa, Lyla, não sabia que poderia ter acontecido isso.
-Tudo bem, já foi resolvido.
-Agora me conte mais sobre o bonitão que te salvou. - ela sorriu de lado.
-O Kevin? - sorri quando sua imagem veio em minha cabeça. - estudei com ele no fundamental, mas nunca conversamos direito ou seja não lembrei dele. Kevin se tornou aqueles garotos de filmes clichê, mais novo era nerd e feio, quando cresce fica lindo e gostoso.
-Você ignorava ele no fundamental? Que feio, Lyla!
-Não ignorava, mas ele era um pouco estranho.
-Seu celular está vibrando, quem sabe não seja uma mensagem do Kevin? - ela estendeu o celular em minha direção.

-Não é mensagem do Kevin. - falei.
-É de quem?
  Pensei se realmente deveria compartilhar com a Laura sobre o Admirador Secreto, estou cansada de ficar guardando isso somente para mim, está mais que na hora de compartilhar um pouco dos meus problemas.
-Vou te contar algo, mas preciso que fique só entre nós duas.
-Minha boca é um túmulo. - ela passou os dedos pela boca, como se estivesse fechando um zíper.
-Desde que me mudei para cá, comecei a receber mensagens de uma pessoa, muito estranhas por sinal.
-Mas você não tem a mínima ideia de quem seja?
-Bom... Agora imagino que possa ser o Isaac.
-Isaac?
-Sim, essa pessoa me manda mensagens como se estivesse me vigiando o tempo todo, está em todos os lugares que estou, sempre me observando, se auto intitula como meu Admirador Secreto.
-Até onde sei, Admiradores Secretos são românticos.
-Sim, mas esse é assustador.
-Ainda não entendi o motivo de que possa ser o Isaac.
-Ontem ele disse algo, que foi muito parecida com o que o Admirador mandou nas mensagens. - só de falar essas coisas, meu corpo inteiro arrepiou.
-Já tentou bloquear o número?
-Sim, mas ele conseguiu continuar me mandando mensagens.
-Por que você não denunciou ainda?
-Não pensei nisso.
-Então vamos fazer isso agora.
  Fomos até a casa dos Martins para avisar minha mãe da nossa saída, mas fomos interrompidas pela Sra. Patrícia.
-Parece que a noite foi boa ontem. - ela nos encarava exibindo todos aqueles belos dentes em um sorriso.
-Nem tanto. - respondi.
-Essas flores dizem o contrário.
  Ela pegou um buquê de rosas que estava em cima da mesa de jantar e me entregou. Olhei para Laura completamente confusa. No meio de todas aquelas rosas havia um cartão.
"Espero que tenha gostado das rosas, comprei pensando especialmente em você. O vermelho delas me lembra suas bochechas.
Admirador Secreto."

-"O vermelho delas me lembra suas bochechas." - Laura leu em voz alta.
-Tão brega. - Noah me encarava sério.
-Brega é você que fala brega. - Laura o fuzilava com os olhos.
-Laura, deixa ele. - comecei a puxar seu braço.
-Meninas, ignorem o Noah, ele não sabe ser romântico. - Patrícia acariciava os cabelos dele.
  Peguei as rosas e coloquei em um vaso qualquer em minha casa, minha vontade era de jogá-las fora, mas minha mãe sequer deixou.

                            •••

Em frente ao posto policial estava tentando juntar coragem para fazer logo a denúncia, mas meus celular vibrou tirando minha atenção.

  Parei bruscamente em frente ao posto policial. Isso era uma ameaça?
-Precisamos ir na escola da Ana. - dei a volta caminhando para a direção da escola.
-Lyla? O Que você está fazendo? - Laura corria atrás de mim.
-Preciso verificar se ela está bem.
Mostrei as mensagens do admirador para a Laura.
-Isso deve ser mentira. - falou.
-Não posso arriscar, Laura. - encarei ela séria.
-Tudo bem. Você quem sabe.
  Na escola de Ana, pedi para vê-la, queria verificar se estava tudo bem e ela estava inteira sem nenhum arranhão, relaxei todo meu corpo aliviada.
-Está tudo bem, Lyla? - Aninha perguntou, enquanto verificava todo seu corpo.
-Está tudo ótimo.
-Você parece preocupada.
-Só estava com saudades. - sorri de lado, tentando disfarçar a preocupação.
  Ana é uma criança muito inteligente, consegue ver muito bem quando tem algo de errado acontecendo. Ela sabia perfeitamente que eu não estava bem. Avisei ao pessoal da escola que qualquer problema com a Ana poderiam me ligar e voltamos para casa.
-Lyla, você tem que tentar colocar um fim nisso. - Laura colocou a mão sob meu ombro como consolo. - está fcando cada vez mais preocupada.
-Se eu conseguisse, já teria colocado um fim em tudo a muito tempo.
-Estou ficando preocupada com você.
-Nem estou pensando em mim nesse momento e sim em todos que são próximos de mim.
  O resto do trajeto ficamos em silêncio, não um silêncio desconfortável, mas que me ajudou a colocar meus pensamentos um pouco no lugar. Laura se separou de mim e retornou para sua casa, me deixando sozinha.
-Lyla, você chegou! - minha mãe parecia muito preocupada.
-O que houve? - perguntei confusa.
-Parece que alguém está muito furioso com a família Martins.
-Não estou entendendo.
  Ela me levou até nossa casa, algumas pedras estavam no chão e as janelas quebradas.
-O que aconteceu aqui? - encarava os cacos de vidros estilhaçados no chão.
-Em uma das pedras, estava amarrado esse pedaço de papel.

  "Não tente me desafiar, não sabe do que sou capaz de fazer.
A.S."

  Minhas mãos começaram a tremer muito e nesse momento tudo começou a rodar, minha visão escureceu, senti apenas os braços de minha mãe me segurando para não cair.