Capítulo Quatorze

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Finalmente estava no conforto de minha cama. Acalmei a Sra. Patrícia e logo depois vim embora, Noah havia se trancado em seu quarto, aparentemente não planejava sair de lá tão cedo. Nunca passou pela minha cabeça que o Noah passava por todos esses problemas, ele sequer demonstrava que havia algo de errado, então relembrei do nosso momento na praça.
"Não consigo ver pessoas chorando na minha frente, não mais."
Essa frase ecoava na minha mente. Agora tudo fazia sentido, Noah fez sua família chorar e sofrer tanto por sua causa, que agora não suporta ver ninguém chorar.
Eu compreendo toda essas situação. No entanto, preciso saber o que anda se passando com o Noah, mas ele não quer me falar de forma alguma, na verdade, parece que ele não pode me falar. O que tanto ele está escondendo?
-Lyla, essas flores chegaram para você. - minha mãe segurava um belo buquê de girassóis.
-Que lindas!
Peguei o buquê de suas mãos e ela se retirou do quarto, me deixando sozinha. No buquê havia uma carta, a peguei e abri.

"Me perdoe por não ajudá-la com as ofensas da Mirela na festa. Não gosto de ver você sendo maltratada, prometo te dar uma vida melhor. Estou ansioso para encontrá-la.
A.S"

O Admirador Secreto esteve na festa da Sra. Patrícia o tempo todo me observando? Que assustador! O que ele quis dizer com: "Estou ansioso para encontra-la" ?
-Lyla. - Laura apareceu no meu quarto, afastando meus pensamentos.
-Por onde você andou? - ela usava um óculos escuro e parecia bem séria.
-Estou cansada de homens. - sua voz começou a ficar falha.
Ela retirou os óculos. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, seu semblante bem triste.
-Laura... - segurei suas mãos. - o que houve com você?
-Fui em um encontro, está lembrada? - assenti com a cabeça. - mas deu tudo errado.
-Me explique. - sentamos na cama para que ela pudesse explicar toda a situação.
-Fui me encontrar com um garoto que conheci em um aplicativo de paquera, estávamos conversando havia alguns meses, ele falava que estava bastante interessado em mim, também o quanto eu era bonita e que não aguentava mais esperar para poder me conhecer. - ela deu uma pausa e respirou fundo, sua voz ia falhando cada vez mais. - sabe, estava feliz em ver um garoto tão interessado em mim. Já sofri tanto, todos os garotos só ficam comigo por uma noite e no outro dia é tchau, nunca tive o prazer de conhecer o amor. Lyla... - ela desabou em lágrimas. - ele me usou.
-Laura... - abracei ela e a deixei continuar.
-No dia do nosso encontro, ele estava tão fofo, me tratando tão bem, nem parecia real. Depois que dormimos juntos e teve finalmente o que tanto queria, foi embora. Mandei mensagens, mas ele havia me bloqueado de todas as redes sociais. Então... Fui até a casa dele, uma cidadezinha próxima daqui.
-Foi sozinha? - perguntei. Ela assentiu com a cabeça. - Laura, isso é perigoso.
- Eu sei, mas queria tanto entender o que tinha acontecido, qual era o problema. Quando nos encontramos na cidadezinha dele, falou que não queria mais me ver, que eu não sou garota para namorar, sou garota apenas para satisfazer os desejos dos homens, que não sou tão bonita pessoalmente e que preciso emagrecer. O problema sou eu.
Uma raiva começou a surgir dentro de mim, queria tanto bater em quem magoou minha amiga. Como alguém tem coragem de tratar uma pessoa dessa forma?
-Ei! Laura. - levantei o rosto dela e me coloquei de pé. - para de chorar.
-Não consigo, amiga.
-O problema não é você, não! Definitivamente não! Você nunca será um problema. Ele é o problema! Laura, você é perfeita. - segurei seu rosto entre minhas mãos. - Ele quem é um idiota e não sabe o que está perdendo. Sequer é um homem de verdade, ele não é nem ser humano.
-Ele é um animal. - minha mãe estava escorada na porta.
-Ele não é digno nem de ser animal, os animais são fofos. Espera. - encarei de novo a porta. - a quanto tempo está escutando nossa conversa?
-Desde que a Laura chegou. - minha mãe balançou os ombros.
-Mãe! Ouvir conversa dos outros é feio.
-Isso não importa. - ela se aproximou da Laura e a abraçou. - Laurinha, a sua felicidade não depende de ninguém, você precisa aprender primeiro a ser feliz sozinha, não pense que sua vida só será perfeita quando encontrar alguém, porque ela não vai ser.
Laura enxugou suas lágrimas e respirou fundo outra vez, fechou os olhos e ficou por alguns segundos em silêncio.
-Obrigada. - ela sorriu. - sou muito feliz só por ter vocês na minha vida.
Nos abraçamos. Aconcheguei a Laura em minha cama, depois me retirei do quarto para não atrapalhar seu descanso. Fico muito triste em vê-la nessa situação, principalmente por ela ser tão forte que nem parece ligar para que os outros pensam, mas no fundo, bem lá no fundo, isso a incomoda.
Levei alguns lençóis e um travesseiro, arrumei tudo no sofá deixando confortável para que eu pudesse deitar. Estava tudo escuro e o tempo estava bem fechado, parece que essa noite vai chover.

•••

A chuva estava forte e os trovões também, os relâmpagos iluminavam a sala por poucos segundos. Não estava conseguindo dormir por conta do barulho, senti um forte vento entrar pela sala. Sentei no sofá e abri meus olhos esperando eles se acostumarem com a escuridão. Olhei para a janela, as cortinas balançavam, não me lembro de tê-la deixado aberta. Caminhei em direção a janela e a fechei, quando virei para retornar para o sofá, ali estava ele, não conseguia vê-lo bem, mas percebi a sua presença, então um enorme barulho do trovão me assustou, logo o relâmpago iluminou seu rosto que estava coberto por um capuz. Meu coração batia tão rápido, minha respiração acelerada e ele se aproximava. Seus passos iam de acordo com o barulho do relógio da sala.
Tic.
Seu pé dava um passo a frente.
Tac.
Outro passo.
E assim sucessivamente.
-Estava tão ansioso para encontrá-la, Lyla. Recebeu minhas flores?
-O que você quer de mim? - minhas mãos tremiam tanto.
-Eu quero você, Lyla.
Eu tentava gritar, mas não conseguia, minha única escolha era fugir. Tentei correr para o lado do meu quarto, porém ele foi mais rápido, seus braços envolveram minha cintura e me levantaram, foi quando finalmente consegui gritar.
-Me solta!
  Ele me mantinha firme em seus braços, comecei a debater na tentativa de ser solta, foi em vão.
-Me solta!
  Estava sendo levada para algum lugar, não conseguia imaginar para onde poderia ser, minha visão começou a ficar escura e não consegui ver mais nada que estava acontecendo. Sentia apenas medo.

O Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora