Capítulo Sete

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  Laura fez questão de pedir um uber para que eu e Kevin ficássemos sozinhos.
- Tem muito espaço no carro, não precisa gastar dinheiro com uber. - insisti.
-Já estou aguardando o carro. - ela cruzou os braços esperando em frente a lanchonete.
-Então vamos, Lyla. - Kevin colocou a mão nos meus ombros me guiando até o carro, fiquei tensa com seu toque. - obrigada por hoje, Laura. - ele se despediu com um aceno.
-Vou te matar! - apenas mexi os lábios para que só a Laura entendesse, ela apenas levantou os braços como se não pudesse fazer nada.
  Entramos novamente no carro e o silêncio reinou, comecei a procurar qualquer baboseira para poder falar.
-Kevin, a última vez você salvou meu número, mas acabei não salvando o seu. - peguei o celular da bolsa. - pode me passar?
  Ele tirou os olhos da rua por um tempo e me encarou sorrindo.
-Com maior prazer.
   Kevin começou a falar os número do seu celular e o salvei nos meus contatos.
-Você não mudou muito desde o fundamental. - ele encarava a rua novamente.
-Isso é bom? - perguntei.
-Sim, significa que ainda continua linda. - com certeza minha bochechas se tornaram dois tomates agora.
-Nem sei o que dizer.
-Continua tímida também. - ele soltou uma risada, que por sinal era boa de se ouvir.
-Desculpa, não sei como agir em certas ocasiões.
-Tudo bem, mas queria que tivéssemos sido mais amigos no fundamental.
  Me senti um pouco culpada com aquelas suas palavras, naquela época ninguém ficava próximo dele direito por ser um pouco estranho, mas fui uma das únicas que conversou com ele pouquíssimas vezes.
-Desculpa, realmente poderia ter sido mais próxima de você.
-Para de pedir desculpas. - mais uma vez ele sorria. - não a culpo por isso, sei muito bem que eu era muito estranho no fundamental.
-Depois você saiu da escola, para onde foi? - realmente estava curiosa para saber. Lembro que ele sofria muito bullying, depois de um tempo os pais o tiraram da escola.
-Fui mandado para a fazenda dos meus tios, não é uma cidade muito longe daqui, posso levá-la lá qualquer dia desses.
-Seria um ótimo programa. - a idéia de visitar uma fazendo me deixou animada.
-Aprendi muitas coisas lá e meus tios me colocavam para trabalhar na fazenda.
-Imagino que seja cansativo.
-Era divertido, sinto falta. - parece que  ele estava se lembrando de alguns momentos marcantes lá.
-Quais eram seus trabalhos? - me acomodei mais no banco do carro.
-Tirava leite das vacas, capinava alguns lotes, ajudava a carregar alguns materiais de construção também, estávamos dando uma reforma na casa dos meus tios na época. Fazia muitas coisas, isso me ajudou a perder peso e ganhar mais corpo. - e que corpo... pensei comigo mesma.
-Fico feliz que tenha ido para um lugar melhor, onde aprendeu novas coisas.
  Kevin estacionou o carro em frente a casa dos Martins. Abri a porta do carro e estava prestes a sair, mas a mão de Kevin segurou meu pulso.
-Realmente fui para um lugar melhor, mas não esqueci você em momento algum. - seus olhos estavam completamente cravados no meu rosto o analisando completamente. Apenas sorri e soltei meu pulso, depois ele partiu com seu carro. Corri para dentro de casa e encarei meu rosto no espelho, minhas bochechas queimavam, droga de bochechas! Sempre entregando o que sinto. Kevin sabia muito bem como me deixar envergonhada.
-O que houve? - minha mãe apontou para minha bochechas.
-Droga! - saí bufando, agora todos sabem quando a algo de errado comigo.
  Deitei em minha cama e fiquei pensando em tudo que aconteceu essa noite, foi tudo muito bom, mas nunca senti tanta vergonha em um dia. Meu celular vibrou.

  Parece que ele reconheceu que eu havia ficado com muita vergonha, apenas respondi que estava tudo bem e o desejei uma boa noite

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  Parece que ele reconheceu que eu havia ficado com muita vergonha, apenas respondi que estava tudo bem e o desejei uma boa noite. Vi a silhueta de minha mãe na porta, ela me observava.
-Parece que sua noite foi interessante. - sentou em minha cama.
-Mãe, como escondo isso? - apontei para as bochechas vermelhas.
-Não tem como. - sorriu. - essa é a única coisa que herdou do seu pai.
  Mamãe as vezes se lembrava de alguns momentos que teve com meu pai, parece que ela o amava muito.
-Isso não é bom. - resmunguei.
-Você fica linda com essas bochechinhas vermelhas. - mamãe as apertou.
-Mas todos sempre sabem o que estou sentindo, se estou com vergonha ou nervosa. - suspirei. - isso é ruim.
-Filha, você está realmente nervosa com suas bochechas ou está nervosa com outra coisa e está descontando nelas? - ela me conhece melhor que ninguém.
-Quero matar a Laura. - cruzei os braços nervosa. - ela me deixou sozinha com um garoto e eu fiquei com tanta vergonha, nem conseguia falar as coisas direito, acho que estraguei tudo.
-Não se preocupe com isso. - ela acariciava meus cabelos. - você com certeza se saiu muito bem.
  Mamãe sempre sabia me acalmar ou afastar meus pensamentos negativos, eu amava o quanto ela era positiva sempre.
-Agora vamos dormir, preciso da sua ajuda na casa dos Martins amanhã. - ela depositou um beijo em minha testa e se retirou do meu quarto.
  Fechei os olhos esperando que o sono viesse, mas ele demorou a chegar.

                               •••

  Estava na cozinha da casa dos Martins, ajudando minha mãe com o almoço. Meu corpo estava completamente dolorido, minha noite foi péssima, custei dormir.
-Trás as roupas sujas que estão no andar de cima e coloca para lavar, por favor.  - mamãe assumiu a panela que eu tomava conta.
  Subi as escadas e esvaziei todos os cestos de roupas sujas, como era de se esperar o cesto de Noah estava na porta do seu quarto. Depois do meu pequeno incidente, nunca mais consegui entrar em seu quarto novamente. Enquanto descia as escadas com o montoado de roupas nos braços, avistei Noah sentado no sofá sorrindo.
-Bom dia, Doutor Noah. - falei animada, relembrando nossa brincadeira.
-Quem é essa? - perguntou uma voz fina e irritante.
  Virei as roupas para o outro lado, assim podendo ver a quem pertencia aquela voz. Uma garota de cabelos longos estava sentada no outro sofá de frente para ele, seus olhos castanhos claro pareciam que iam me devorar a qualquer momento.
-Essa é a Lyla. - apresentou Noah. - Lyla, essa é a Mirela.
-A empregada? - perguntou ela.
-Sou a filha da empregada, mas ajudo nos afazeres. - sorri.
-Ótimo. Estou com sede, então me trás um copo d'água. - fiquei piscando por um tempo sem entender, que sem educação. - não entendeu? Quer que eu desenhe? - encarei Noah chocada, ele olhava para o chão sério, então é isso? Ele não vai falar nada? Sorri. Sou muito idiota, esperando que o Noah fizesse algo por mim.
-Vou buscar. - me retirei da sala.
  Separei algumas roupas e coloquei para bater na máquina de lavar. Retornei para a cozinha e peguei um copo com água, queria era colocar veneno dentro para matar aquela cobra de uma vez. Respirei fundo.
-Algum problema? - mamãe colocou a mão no meu ombro.
  Expliquei a situação pra ela e como sempre ela repetiu.
-Lembre-se: sempre sorrindo não importa o quanto te maltratem...
-Você está aqui para servir. - finalizei. Mamãe sempre repetia aquilo quando eu chegava em casa nervosa por conta de algum cliente no meu antigo emprego. Ela tinha uma paciência que  impressionava qualquer um, não importa o quanto suas patroas a maltratar ou gritar no seu ouvido, ela apenas vai sorrir, se desculpar e fazer tudo de novo.
-O mãe... - coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. - só quero acabar com essa sua vida horrível, você quem merece ser servida.
  Encarei as costas de Mirela que conversava toda animada com o Noah, coloquei o copo d'água na mesinha que ficava no meio dos sofás.
-Demorou... - resmungou.
-Tive que colocar as roupas para lavar primeiro. - mantive o sorriso.
-Já pode sair, vai. - ela balançava a mão sinalizando para me retirar.
  Afinal quem é essa garota? Não gostei nem um pouco dela. Estava voltando para os meus afazeres, mas alguém segurou meu braço puxando para um pequeno cômodo. Quando a luz se acendeu, vi que estávamos na despensa.
-Sra. Patrícia? - perguntei confusa.
-Shhhh! Silêncio! - pediu.
-Algum problema?
-O que aquela garota está fazendo aqui? - me perguntava o mesmo.
-Quem é ela?
-A ex-namorada do Noah. - bufou. - nunca gostei dela. - ela me encarou. - prefiro você. - corei.
  Ela colocou o ouvido na porta e me puxou para fazer o mesmo.
-A Senhora está ouvindo a conversa do seu filho?
-Por precaução. - ela piscou para mim.
-Entendi. - comecei a rir. - Desculpa, Sra. Patrícia, mas preciso retornar ao trabalho.
-Tudo bem, querida. - ela continuou com os ouvidos na porta.
  Voltei ao meu trabalho e tentei ignorar o máximo possível a voz irritante e estridente da Mirela, foi uma missão muito difícil.

O Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora