Capítulo Nove

141 15 4
                                    

Andando pelo corredor da faculdade, senti alguém segurar meu cotovelo, virei para encarar a pessoa. Isaac.
-Lyla. - ele estava com a cabeça baixa. - quero me desculpar pelo o ocorrido na festa.
Tentei puxar meu braço, mas ele o continuava segurando.
-Você me beijou a força, Isaac. - o encarava séria.
-Eu sei, mas estava bêbado. - seus olhos passaram a me encarar. - nunca faria aquilo sóbrio.
-Acredito que sóbrio poderia ter feito pior. - as palavras simplesmente saíram da minha boca, estava com tanta raiva do Isaac, acabei não conseguindo controlar o que estava falando.
-Posso fazer algo para me desculpar? - suas mãos se encontraram com as minhas, ele as segurava forte para que eu não saísse dali.
-Pode sim, garanhão. - Laura apoiou seu braço no meu ombro. - fica longe dela.
-Quem você acha que é? - conseguia ver nos olhos de Isaac que estava nervoso.
-Sou Laura Mello, a melhor amiga da Lyla, algum problema? - Laura o enfrentava sem medo algum, isso me deixava surpresa.
-A conversa é entre eu e a Lyla, não inclui garotas como você, que se joga para cima de qualquer um. - seus dentes estavam cerrados.
Um barulho forte ecoou por todo o corredor. Laura havia lhe dado um tapa.
-Isaac, eu não tenho medo de você. - ela se aproximou dele o encarando.
Isaac respirou fundo, soltou minha mão e se endireitou em frente a Laura.
-Fica esperta, Laura. - apontou o dedo na sua cara e saiu andando pelo corredor.
-Pode me ameaçar a vontade, estou morrendo de medo. - gritava pelo corredor.
-Chega! - puxei seu braço. - precisa se acalmar.
-Eu juro que se pego aquele Isaac, acabo com ele. - ela fechou os punhos.
-Esquece ele. - a levei para um lugar qualquer que fosse calmo.

Estava novamente na casa dos Martins ajudando minha mãe em algumas tarefas, tirava poeira das bebidas que havia no pequeno barzinho na sala. Escutei barulhos de salto se aproximando de mim.
-Lyla, ainda por aqui. - Mirela pegou uma mecha do meu cabelo e começou a brincar com ela.
-Eu trabalho aqui. - tirei sua mão do meu cabelo.
-Sabe, Lyla... - ela se aproximou mais. - não imagina o quanto gosto do Noah, estamos quase reatando nosso relacionamento e você está no meu caminho.
-Estão? - arqueei as sobrancelhas.
-Sim. - ela jogou os cabelos para trás. - ele não para de implorar querendo voltar para mim. 
Segurei a risada, essa garota está ficando doida, deve está alucinando.
-Mirela, preciso voltar ao trabalho. - me coloquei de costas para ela novamente.
-Apenas um aviso. - sua respiração estava pesada. - fique longe do Noah.
-Ele não é propriedade sua, Mirela. - limpava as bebidas com um sorriso sarcástico nos lábios.
-Isso é o que vamos ver. - ela saiu batendo os saltos fortemente no chão.
Mirela poderia me ameaçar o quanto quisesse, ela não me assustava, típico de garota mimada, acha que pode ter tudo. Respirei fundo.

•••

  As vezes tudo que eu queria era largar tudo e ir embora, apenas eu e minha mãe, quero dar o melhor para ela. Não aguentava mais ser maltratada por pessoas riquinhas e mesquinhas. Estava sentada no refeitório da faculdade com uma batata-frita na boca e encarando o nada. No dia anterior não havia feito nada de interessante, apenas ajudei minha mãe a organizar a casa dos Martins, amanhã terá uma grande festa lá.
-Parece pensativa. - Laura sentou ao meu lado.
-Estou apenas organizando meus pensamentos.
  Encarei a entrada do refeitório e três garotas entravam, estavam bem vestidas, seus cabelos voavam, pareciam modelos, como se estivessem desfilando pelo corredor. Todos encaravam elas, com certeza são as mais popular.
-Quem são elas? - perguntei.
-Tiffany Barcelos, Sofia Rossi. - todas são de famílias ricas e conhecidas da nossa cidade. - agora a ruiva. - apontou para a garota do meio. - Dafne Parks.
-Da família Parks? - perguntei surpresa.
  A família Parks produzia jóias, muito valiosas e super caras, famosa por todo lugar, além de possuírem muitas terras em nossa cidade. Não me impressionava a Dafne usar todas aquelas jóias.
-Elas são a mais popular por aqui. - fiquei confusa.
-Voltamos ao ensino médio? - comecei a rir.
-Por incrível que pareça, aqui ainda existe toda essa questão de popularidade.
-E você? - perguntei.
-Eu o que?
-Como é a sua popularidade?
-Eu era popular, mas devido a alguns problemas, decidi me afastar de tudo.
-Quais problemas?
-Nada demais.
É impressionante como todos aqui escondiam algum segredo.
-Olá, meninas. - Dafne apoiava as mãos na mesa. - hoje a noite estarei dando uma super festa na minha casa, vai ser incrível, está aberto para todos, até para os de classe baixa, estou adotando um espirito de caridade ultimamente. - ela me encarava.
-Não preciso de caridade. - revirei os olhos.
-Espero vocês lá, tchauzinho. - ela se retirou jogando seus cabelos quase na nossa cara.
  Parece que realmente voltei ao ensino médio.

Percebi que a Sra. Patrícia estava muito animada com a festa em sua casa amanhã.
-Lyla. - catarolou meu nome. - tenho um pedido para você.
  Noah estava sentado no sofá lendo um livro, parecia bastante concentrado.
-Claro, Sra. Patrícia. - parei de arrumar a mesa do almoço para encara-la.
-Quero que seja a acompanhante do Noah na festa. - engasguei.
-Mãe! - Noah se levantou do sofá.
-Pedi para você arrumar uma acompanhante, mas até agora nada, só fica lendo esse livro o dia todo e enrolando. - ela apontava para o livro. - então eu decidi arrumar uma para você e não tem ninguém melhor que a Lyla.
-Vou com a Mirela. - colocou o livro sob a mesa.
-Mas a Lyla também é perfeita. - Sra. Patrícia pareceu ficar triste. - Mirela é uma metida de cabeça oca. - concordo plenamente.
-Mãe, para de se envolver na minha vida. - Noah começou a subir as escadas.
-A Lyla vai ser uma ótima acom... - ele a interrompeu.
-Ela sequer sabe pegar nas talheres direito, não passa de uma pobretona.
Aquelas palavras atravessaram meu peito, havia me machucado profundamente, antes ele estava me tratando tão bem e agora do nada acontece isso. Sai correndo dali, não vou ficar parada sendo ofendida. Noah me iludiu, pediu desculpas e eu o desculpei achando que nada disso ia se repetir. Ele e a Mirela se merecem.
  Entrei no meu quarto e enterrei minha cabeça nos travesseiros, me afogando nas lágrimas.

O Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora