Capítulo Dezessete

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-Bom dia, alunos! - o professor Júlio adentrou a sala. - decidi que vou passar um trabalho para vocês e será em dupla.
  Laura cutucou meus ombros e lançou um sorriso, com certeza íamos fazer juntas.
-Portanto, eu vou escolher as duplas. - todos soltaram um suspiro, pareciam decepcionados. - pensem pelo lado bom, vocês vão fazer novas amizades.
-Desde quando um professor de faculdade se preocupa se vamos ou não fazer amizades? - Laura sussurrou no meu ouvido, apenas balancei os ombros sem entender nada.
  O professor tirou um papel de sua pasta e começou a ler os nomes das duplas.
-Lyla e Henrique. - quem era esse? Encarei a Laura confusa.
-Não sei quem é. - ela também estava confusa.
  O professor explicou como seria o trabalho e no final da aula se retirou da sala. Estava juntando meus materiais, quando alguém parou em frente a minha carteira.
-Licença, você é a Lyla? - olhei para cima e me deparei com um homem.
-Sim.
-Prazer, sou o Henrique. - ele estendeu a mão, me coloquei de pé e o cumprimentei.
-Então você é minha dupla. - Henrique parecia ser bastante simpático, seu sorriso era bonito e inocente.
-Isso mesmo. - ele soltou minha mão delicadamente.
-Então podemos nos encontrar na minha casa para planejar como podemos fazer nosso trabalho. - sugeri.
-Pode ser. - ele me entregou um pedaço de papel. - mande mensagem para meu número com o endereço, o dia e o horário, por favor.
  Peguei o papel de sua mão e mais uma vez ele exibiu seu sorriso para mim, virou as costas e se retirou.
-Lyla, que pedaço de mal caminho era aquele? - Laura apareceu do meu lado.
- Minha dupla para o trabalho. - peguei minha mochila e coloquei nas costas. - vamos embora. 
  Estávamos saindo da sala e encontrei o Kevin encostado na parede em frente a porta.
-Lyla. - ele sorriu quando me viu.
-Oi, Kevin. - aproximei dele.
-Acho que agora é uma ótima hora para me retirar. - Laura saiu andando sem olhar para trás, como sempre ela tem que me deixar a sós com o Kevin.
-Eu estava pensando em te convidar para um encontro. - seus olhos estavam fixos em mim.
-Um en-encontro? - gaguejei envergonhada.
-Sim, podemos ir almoçar em um restaurante e depois quero te levar para um lugar.
-Vai me sequestrar? - brinquei.
-Não. - ele riu. - então aceita?
-Claro. - minhas bochechas estavam queimando.
  Fomos até o carro do Kevin, ele abriu a porta para mim e entrei. Ele girou a chave do carro o fazendo funcionar, seu perfume tomava conta de todo o automóvel, adorava seu cheiro. Em um pequeno movimento, Kevin pegou seus óculos escuros e colocou em seu rosto, admito que ficou ainda mais belo. Tomei a liberdade de ligar o som e uma música começou a tocar, comecei a bater palmas no ritmo da música.
-Por que você não olha mim - Kevin começou a cantar lançando alguns olhares em minha direção. - me diz o que é que eu tenho de mal - seu corpo balançava de um lado para o outro enquanto suas mãos permaneciam no volante. - por que você não olha pra mim - ele fez beicinho fingindo está triste. - Por trás dessa lente tem um cara legal. - Kevin abaixou seus óculos revelando seus olhos e piscou para mim.
  Ele estava cantando para mim? Aquilo era uma indireta? Comecei a rir. Lembrei de ontem quando ele me abraçou e da forma como sempre foi atencioso comigo, agora tem esse encontro. Será que o Kevin está apaixonado por mim? Ontem o abraço fez meu coração acelerar e confesso que me senti tão bem em seus braços. Eu estaria apaixonada pelo Kevin? São tantas perguntas.
-Está tudo bem? - Kevin perguntou afastando meus pensamentos.
-Está. - sorri. Não está nada bem, acho que estou me apaixonando por você. Tenta não surtar, Lyla.
-Você parecia está pensando em algo.
-Ah! Eu estava pensando em um trabalho que tenho para fazer.
-Entendi. - ele manteve seu olhar focado na rua.
  Kevin escolheu um restaurante perfeito, nos fundos havia uma área totalmente aberta, com mesas e cadeiras, um jardim e a bela vista do rio da cidade.
-Adoro comer ao ar livre. - falei.
-Fico feliz que acertei na escolha do restaurante. - ele colocou a mão em minha cintura guiando até nossa mesa. - qualquer dia podemos fazer um piquenique também. - Kevin puxou a cadeira e me sentei na mesma.
-Sério? - perguntei animada. - nunca participei de um piquenique.
-Meu Deus, Lyla! Não sabe o que está perdendo. - ele se sentou em minha frente.
-Não sei mesmo. - sorri com os lábios.
-Você está linda hoje. - ele me encarava.
-Obrigada. - coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha na tentativa de disfarçar a vergonha.
-Na verdade todo dia você está linda. - sorriu.
Gosto da forma como o Kevin sempre me elogia, deixando bem claro que estou linda sempre, isso faz tão bem para minha autoestima.
-Se ficar me tratando assim sempre, vou ficar mal acostumada. - peguei o cardápio e escolhi o meu pedido.
-Isso não é nada comparado ao que você realmente merece. - Kevin também fez o mesmo, pegou o outro cardápio que estava sob a mesa e começou a escolher seu pedido.
  O almoço foi maravilhoso, Kevin ficou me provocando o tempo todo com certas frases e gestos, estava vermelha como um pimentão.
  O carro foi estacionado em frente ao portão da mansão dos Martins, Kevin desceu do carro e logo em seguida abriu a porta para que eu saísse.
-Muito obrigado por ter aceitado ir a um encontro comigo. - Kevin se colocou em minha frente e exibia seu sorriso.
-Foi ótimo. Obrigada pelo convite. - abaixei a cabeça e sorri.
  Senti o dedo de Kevin encostar meu queixo e levantar minha cabeça, assim o fazendo encarar.
-Não sei se já está claro para você, Lyla. - ele respirou fundo. - mas acho que estou apai...
-Lyla! - ouvi uma voz me chamar e logo interrompendo a fala de Kevin. Virei minha cabeça para o lado, deparei com quem menos esperava, o Noah.
-Oi. - me afastei um pouco do Kevin.
-Podemos conversar agora? - Noah se aproximou.
  Percebi que os dois ficaram se encarando por um tempo, então decidi por um fim nisso. Tenho que conversar com o Noah, isso vai acontecer cedo ou tarde, vou acabar logo com esse problema, se não ele não vai parar de me perseguir.
-Sim, podemos. - falei. - Kevin, obrigada por hoje, mas agora tenho que ir. - depositei um beijo em sua bochecha, ele pareceu surpreso com minha atitude.
-Tudo bem. - respondeu.
  Kevin entrou em seu carro e deu partida, assim ficando apenas eu e o Noah.
-Pode falar. - o encarei.
-Eu quero te pedir desculpas.
-De novo? Não cansa de pedir desculpas? - falei o mais rápido.
-Por favor, escute o que tenho a dizer. - ele juntou as mãos, como se estivesse implorando.
-Estou escutando.
-Quero me desculpar por tudo que te fiz, por ter te ofendido, por não ter te defendido quando a Mirela te atacava com palavras horríveis, por todas as coisas ruins que fiz com você. Me perdoe por ser um idiota, mas não quero estragar nossa amizade, gosto da sua companhia e de conversar com você.
  Ele parecia tão sincero nas suas palavras, que não consegui me segurar.
-Eu te perdôo. - Noah me encarava surpreso. - mas não podemos ficar tão próximos como antes, agora você namora a Mirela e se ela não gosta de mim, prefiro manter distância.
-Compreendo. - ele abaixou a cabeça. -mas fico feliz em saber que me perdoa, obrigado. - Noah me abraçou de surpresa.
  O que é isso? Que sentimento é esse? Meu coração está acelerado? Deve ser de felicidade por ter feito as pazes, é, deve ser apenas isso. Depois de nos afastarmos, fui em direção a minha casa.
-Mãe, cheguei! - fechei a porta atrás de mim.
  Caminhei para a cozinha e lá encontrei minha mãe sentada na mesa, sua expressão era de preocupação e ao seu lado havia um homem muito bem vestido. O clima estava bastante pesado nesse cômodo.
-Algum problema? - perguntei.
-Oi filha. - mamãe se levantou e mostrou um leve sorriso com os lábios.
-Quem é ele? - apontei para o homem sentado na mesa, ele também se levantou em seguida e me estendeu a mão.
-Muito prazer, sou o Pablo Mancini. - estendi a mão e o cumprimentei. - você cresceu tanto.
-Me desculpe, mas não te conheço. - sorri envergonhada por não saber quem ele era.
-Filha, esse é o seu pai. - aquela frase que saiu da boca de minha mãe, fez eu entrar em choque, soltei minha mão da dele rapidamente.
O que ele está fazendo aqui? Nos abandonar não foi o suficiente? Deve ter vindo fazer mamãe sofrer mais. Eu definitivamente não queria ver aquele homem na minha frente, eu sentia repulsa desse ser. O odiava com todas as forças que havia em meu corpo.

O Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora