Capítulo Doze

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  Adentramos a mansão dos Martins, sentia o olhar de todos sobre nós. Kevin segurava minha cintura e desfilavamos pela sala.
-Acho que todos estão impressionados com a sua beleza. - ele sussurrou no meu ouvido, senti minhas bochechas queimarem.
  Avistei a Sra. Patrícia se aproximar com um enorme sorriso no rosto.
-LYLA! - ela falou em alto e bom som. - você está belíssima.
-Obrigada, Sra. Patrícia. - sorri tímida.
-E esse é? - ela aponta para o Kevin com um sorriso malicioso.
-Kevin. Ele é meu amigo, nos conhecemos desde o fundamental.
-Somente amigos? - a voz de Patrícia havia mudado como se estivesse desapontada.
-Isso depende apenas da Lyla. - Kevin me puxou mais para si, o encarei assustada. - estou brincando. - começou a rir, respirei de alívio.
-Cuide bem da minha querida Lyla. - Patrícia depositou alguns tapinhas em seu ombro.
-Pode deixar. - Kevin sorria para Patrícia.
  A Sra. Patrícia também elogiou bastante minha mãe e depois se retirou, voltando a ficar ao lado de seu marido. Sentamos em uma mesa e tudo que os garçons passavam oferecendo parecia uma delícia, portanto me desesperei um pouco com a quantidade de talheres na mesa.
-Parece quem alguém está perdida. - Kevin começou a rir da minha cara.
-Ei! Para de rir. - bati meu ombro contra o dele.
  Uma música lenta começou a tocar na pista de dança, um homem se aproximou da nossa mesa.
-Licença. - ele pegou a mão da minha mãe delicadamente. - gostaria de dançar comigo?
Mamãe me encarou desesperada e eu só falava "aceita" sem emitir nenhum som. Quando eles se afastaram, o Kevin também me chamou para dançar. Ele entrelaçou minha cintura me puxando mais para si e coloquei minhas mãos em seu pescoço, começamos a nos mover de um lado para o outro, nossos olhares se encontravam e ele esbanjava um belo sorriso para mim.
-Você está muito bonita, Lyla. - seu dedo passou delicadamente pela minha bochecha e apanhou uma mecha de cabelo a colocando atrás da minha orelha.
-Quantas vezes vai me elogiar hoje? - sorri, estava morrendo de vergonha.
-Quantas vezes for preciso. - meu coração começou a pular tanto dentro do meu peito que pensei que ia vomitâ-lo a qualquer momento.
-Preciso ir ao banheiro e depois vou beber algo, minha boca está seca.
Seu sorriso se desfez totalmente, suas mãos soltaram minha cintura, parece que estraguei todo o clima, mas não sinto que esse é o momento e meu estômago está dando tantas voltas.
-Me perdoe. - falei.
  Fui ao banheiro rápido e olhei meu rosto no espelho, mesmo estando em baixo de tanta maquiagem minhas bochechas ferviam, o vermelho delas destacava perfeitamente em minha face. Calma. Inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira. Encarei novamente o espelho.
-Você vai voltar para aquela festa e agir como uma pessoa normal, fingir que está tudo bem, vai até a mesa de bebidas pegar um pouco de suco e retornar para mesa tranquila. - apontava para o meu reflexo no espelho.
  Caminhei em direção a mesa de bebidas e comecei a me servir com um pouco de suco.
-Olha quem está aqui.
  Virei em direção a voz para descobrir a quem pertencia.
-Dafne. - suspirei.
  Ela usava um vestido que combinava com seu cabelo e realçava a cor da sua pele. Estava muito bonita, devo admitir.
-Não sabia que a classe baixa também participa desse tipo de festa.
-Surpresa? - terminei de encher meu copo de suco.
-Totalmente! - ela começou a encarar meu copo. - você só pode está de brincadeira comigo.
-O que?
-Vai beber suco? - Dafne apontava para meu copo indignada.
-Sim, estou tentando relaxar.
-Querida, você está indo pelo caminho errado.
Dafne pegou o copo da minha mão, apanhou uma garrafa de vodka e virou na minha bebida.
-O que você está fazendo? - perguntei tentando pegar o copo de volta.
-Toma! - ela me entregou o copo. - agora você vai relaxar.
-Lyla... - Noah estava parado na nossa frente, olhei para o lado e Mirela estava agarrada ao seu braço.
-Você não deveria está servindo, empregadinha? - Mirela olhava para mim furiosa, depois encarou a Dafne e sorriu. - Senhorita Parks, espero que esteja aproveitando a festa.
-Empregadinha? - Dafne parecia confusa.
-Ela é a filha da empregada. - Mirela jogou seus cabelos para trás, soltou o braço do Noah e se aproximou de mim. - você não deveria está trabalhando?
-Mirela, afasta-se dela. - Noah falou sério.
-Tem certeza disso, Noah? - ela o encarava com um sorriso assustador, ele não mexeu sequer um músculo. - foi o que pensei.
-Eu sou convidada. - falei de cabeça baixa.
-Volte para o lugar onde você pertence, empregadinha. - Mirela batia seu dedo indicador contra meu peito.
  Senti as lágrimas lutando para descerem, minha garganta queimava, não aguentava mais essa humilhação. Mirela falava um monte de coisa no meu ouvido, mas só levantei meu rosto novamente quando senti o copo sendo tomado da minha mão e a Mirela gritar logo em seguida.
-Ops! Parece que o copo escorregou da minha mão, juro que não era minha intenção. - Dafne colocou o copo sob a mesa de bebidas e apertou a bochecha da Mirela. - sorry, querida.
  Mirela estava totalmente encharcada, senti a raiva no seu olhar, mas ela não ousaria falar nada com a Dafne, desafiar a família Parks?  Com certeza essa não era uma boa idéia.
-Está tudo bem. - Mirela sorriu forçada.
Dafne se virou e saiu andando a ignorando totalmente, encarei o Noah e ele parecia bastante surpreso com o ocorrido, nossos olhares se encontraram, mas decidi sair de perto da Mirela o mais rápido possível.
-Por que fez aquilo? - perguntei a Dafne enquanto seguia ela. - você literalmente jogou a bebida nela.
-Aquela garota já estava me irritando.
-Dafne. - ela virou para me encarar. - você não parece ser tão má assim.
-Ora, eu não te ajudei porquê estava com dó de você, querida. - ela sorriu de maneira irônica. - é apenas meu espírito de caridade, esqueceu?
-Mesmo assim obrigada por me ajudar.
-Não precisa me agradecer.
  Dafne virou as costas novamente e saiu andando, olhei para a direção da Mirela e ela parecia criança fazendo birra, estava surtando, comecei a rir.
-Parece que aconteceu algo muito bom. - alguém sussurrou no meu ouvido, virei rapidamente.
-Kevin! Você me assustou.
-O que houve? Você estava demorando e depois escutei um grito muito estridente aí decidi vir até aqui para ver o que estava acontecendo.
-Não aconteceu nada.
-Então estava rindo, por quê?
-Encontrei uma amiga da faculdade e ela me contou uma piada muito engraçada, por isso estava rindo.
-Entendi... - ele parecia um pouco desconfiado mesmo assim. - o que deseja fazer agora?
-Sinceramente, desejo ir embora, já chega de festa por hoje. - procurei minha mãe pela sala e encontrei ela sorrindo e conversando com o homem que havia convidado ela para dançar, decidi não incomodá-la.
-Tudo bem. - ele sorriu apenas com os lábios.
  Eu devo um pedido de desculpas ao Kevin, estraguei essa noite.
-Me desculpa, acabei estragando tudo, não quis dançar, não passei muito tempo com você, mas me sinto muito cansada.
-Lyla. - ele colocou sua mão em minha bochecha e começou a acariciar ela. - não se preocupe, você não estragou nada.
  Me despedi do Kevin em frente a Mansão dos Martins e retornei para minha casa. Queria pular por todos os cômodos, Mirela teve finalmente o que mereceu, não gosto de desejar coisas ruins para ninguém, mas estava cansada de ser humilhada por ela. Fiquei surpresa por ser a Dafne quem me salvou de toda a situação, sinto que no fundo ela é uma pessoa boa. Deitei minha cabeça no travesseiro e não demorou muito para  o sono chegar.

O Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora