Capítulo Dezoito

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-Como você tem coragem de aparecer aqui? Não foi o suficiente abandonar minha mãe grávida? Veio fazer ela sofrer mais? - eu tremia, mas não de medo, tremia de raiva.

-Abandonar sua mãe? - ele se aproximou de mim, porém cada passo que ele dava para frente, eu dava um para trás, não o queria por perto. 

-Agora vai se fazer de desentendido? - sua expressão estava confusa, mas não vou cair nesse teatro.

-Deixe-me explicar. - ele pediu.

-Sente-se, filha. - mamãe apontou para a cadeira.

-Vai mesmo ouvir o que esse idiota tem a dizer depois de tudo?

-Devemos escutar o que os outros tem a dizer, Lyla. Não podemos olhar somente para o nosso lado e tirar as conclusões. - por isso mamãe sofria tanto, tudo havia uma explicação para ela.

  Sentei na cadeira. Se ele deseja se explicar, vou permitir, tudo por minha mãe. Sei que ela nunca deixou de amar esse idiota e tenho medo dele fazê-la sofrer tudo de novo.

-Já que quer se explicar. Me responda, por que abandonou minha mãe logo quando descobriu da gravidez?

-Nunca abandonei sua mãe, quando ela me contou da gravidez fiquei muito feliz, queria muito ter a criança. - ele encarou minha mãe por alguns segundos. - sempre falava com sua mãe o quanto desejava ser pai.

-Verdade, quando estávamos namorando, ele sempre falava que queria se casar comigo e ter filhos. - revirei os olhos.

-Depois que descobri sobre a gravidez, contamos aos meus pais, porém minha mãe não pareceu ter ficado muito feliz com a notícia. - Pablo bebeu um gole da água que estava no copo ao seu lado.

-Na verdade sua mãe nunca gostou do nosso relacionamento, muito menos de mim. - mamãe sorriu de lado.

-Então por que sumiu? - perguntei.

-Meus pais me mandaram para Paris a negócios da empresa de meu pai, me despedi da Júlia e a prometi que retornaria. - minha mãe concordava com o que ele falava, se lembrando dos momentos. - E retornei, estava pronto para encontrá-la novamente, mas minha mãe me entregou uma carta escrita pela Júlia falando que nosso relacionamento havia chegado ao fim a muito tempo e que abortaria a criança.

-Eu nunca escrevi nenhuma carta. - minha mãe ficou surpresa.

  Pablo se levantou da cadeira e foi em direção a sala, abriu o zíper de sua bolsa pasta e retirou uma carta, logo em seguida entregou minha mãe.

-A letra é exatamente como a sua. - falou.

  Peguei a carta e analisei, a letra realmente era igual a da minha mãe. O papel era antigo, havia data e possuia a assinatura idêntica a da mamãe.

-Fui até a casa de Júlia para tentar conversar, mas não encontrei ninguém, fui três dias seguidos, depois precisei retornar para Paris novamente a trabalho. - Pablo voltou a se explicar.

-Não entendo. Eu fui na sua casa quando você estava em Paris, perguntei sua mãe quando retornaria, pois viajaria para roça de minha família e ficaria algumas semanas fora, pedi a Dona Cecília para explicá-lo sobre a minha ausência quando chegasse. Nunca escrevi essa carta. - ela respirou fundo. - Quando retornei para cidade, fui em sua casa novamente e a Dona Cecília me informou que você não voltaria mais, havia decidido morar em Paris. Visitei sua casa mais de uma vez, precisava de explicações vindo de você, mas chegou um momento que seus pais pararam de me receber.

-Decidi morar em Paris apenas quando pensei que você havia me abandonado. - ele colocou seu rosto entre suas mãos. - minha mãe quem armou isso tudo, certeza.

O Admirador SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora