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Andressa

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Eu queria ser forte o suficiente para dizer não, mas meu corpo já estava rendido. Dizer que não seria como torturar a mim mesma. Então eu cedi da maneira mais desarmada possível, como quem esperava por aquele momento há tempos. As flores foram largadas, como se fora um segundo plano, em meio a combustão do momento tão aguardado.

Com ela era eu que me sentia uma como uma rosa delicada tentando não despetalar dentro de seus braços. O sofá, ainda que apertado, parecia o cenário perfeito para deixar nossos corpos o mais junto, que a as lei de Newton sobre a ocupação de dois corpos no mesmo espaço, permitisse.

Aqueles toques eram diferentes, não eram como na última vez, o universo conspirava como que estivéssemos ali, sem covardia, sem medo, sem vergonha. Não eram apenas nossos corpos que estávamos despindo, era também nossas almas e deixando evidente o que de fato sentíamos.

Seus beijos suaves encontravam meus lábios e me sucumbiam em uma inercia inefável. Nada parecia fazer tanto sentido como minha vontade incontrolável de percorrer cada centímetro de seu corpo e me embriagar com seu gosto, mesclando nossos suor em uma volúpia de satisfação, desejo e encanto.

O sofá já não era suficiente para a pressa que tínhamos de ter uma a outra. Caímos juntas no tapete de lã no meio da sala e sorrimos, pois somente naquele momento notamos o quão voraz era o sentimento que estava dentro de nós.

— Se eu soubesse que seu beijo era tão bom, eu teria experimentado antes, há muito tempo. — falei desafiando-a com um sorriso maroto nos lábios e voltando a beijá-la.

— Não se culpe pelo tempo que perdeu no passado, se culpe com o tempo que está perdendo agora com essas falácias. Beije-me agora, pois é torturante sentir seus lábios longe de mim. — Antes que sua voz proferisse a última sílaba de sua frase, minha boca já estava colada na sua, e nossos corpos envoltos um ao outro.

A simbiose de excitação era eminente por toda atmosfera. Abandono seus lábios em nome de um bem maior e então desço um pouco mais para abocanhar seus seios, que pareciam se ajustar sob medida à minha língua. Seus gemidos eram como a orquestra mais sinfônica que meus ouvidos já escutaram até aquele momento. Minhas mãos, como se já conhecessem bem o caminho, seguiram percorrendo por todo seu corpo, até chegar de uma vez por todas na fonte de toda a minha insanidade e motivo das ausências de minha paz. Seu sexo umedecido evidenciavam o quanto ela também me queria, me desejava. Eu adentrei seu corpo como se fora um santuário do qual nada mais importava, nem as horas passando, nem a correria lá fora. Não existia hora para regressar. Eu tinha todo o tempo do mundo e queria gastar ao lado dela, só ao lado dela.

— Eu queria poder congelar o tempo agora, só para te viver esse momento para todo o sempre.

— Você não precisa congelar o tempo para guardá-lo, basta que nunca esqueça e ele ficará para sempre dentro de nós. — ao ouvir, ela me retribuiu com um olhar tão profundo que eu quase consegui vislumbrar sua alma.

O jogo foi invertido, e girando os nossos corpos sobre o tapete, ela me beija trocando caricias e afagos. Sua língua me descobre como se meu corpo fosse um mapa. Ela tateia cada curva, cada estria, cada celulite, cada imperfeição, e sinto como se isso não diminuísse em nada o desejo, a excitação e a vontade advinda do momento. Era libertador sentir tanto amor. Meu corpo arrepiava sentindo cada toque que agia como se minha matéria fosse entrar em erosão a qualquer instante. Ela então finalizou o ato, me fazendo sentir como um último golpe de minerva, uma sensação inefável de orgasmo me invadir.

Longos minutos de silêncio perduraram ali, e então quebrei com a piada mais sem graça que consegui, enquanto nossos corpos ainda se mantinham abraçados e despidos. — E agora, o que vai fazer? Fugir e fingir outra amnésia? — ela sorriu como se tivesse lembrado de algo.

— Eu pensei em ficar e te pedir em namoro. Podemos seguir meu roteiro, por favor? Me dá um desconto, eu até te trouxe flores, poxa. — ela disse pegando o buquê perdido em meio ao cenário e me entregando.

— Rosas? Você sabe bem que as minhas preferidas são girassóis. — falei bancando a durona que notoriamente eu não era.

— Girassóis não são flores usuais para pedir perdão. — ela disse revirando os olhos em tom sarcástico. — Vai implicar até com as flores? Agora você me paga... — ela disse girando nossos corpos mais uma vez e ficando sobre mim, fazendo-me cocegas. Rimos juntas por longos minutos, até que seus olhos pararam nos meus e então nos encaramos sem que uma palavra sequer fosse mencionada. E eu me senti intimidade naquele momento. A timidez sempre dava indícios vezes e outras.

Ela então quebrou o silêncio com um pedido que fez meu coração quase saltar fora da caixa torácica: — Eu te amo de um modo tão singular que foi quase imperceptível, quando eu vi, já sentia, já queria, já amava. Então eu te peço, sejas minha? Pois ser sua é tudo que sou. E com uma sensação de felicidade que tomava meu peito da maneira mais completa e imensurável do mundo, falei um sim em forma de beijo.

Amor sem medidas [ ROMANCE LÉSBICO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora