🎲 - - - - - CAPÍTULO DOZE - - - - - 🎲

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❎ - - - - - RECOMEÇANDO - - - - - ❎

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- - - - - RECOMEÇANDO - - - - -

⏩ CÁSSIO MCKINNEY

Os dias se passaram voando, e com isso, as tão desejadas férias de julho. Eu continuava me encontrando com Grego. Vez ou outra ele me chamava para sair, como se fosse início de namoro mesmo, aqueles encontros românticos, jantar, cinema, mas até agora, nesse tempo todo, não havíamos nos relacionado, sexualmente falando, nem mesmo nos beijado. Grego buscava ser mais atencioso. Estava conversando mais, buscando saber mais dos meus gostos. Coisa que antes ele não se preocupava, já que ele sempre queria partir direto para os “finalmentes”, se é que me entende.

Era muito bom saber que ele havia mudado. E como mudou! Até mesmo na aparência. Tirou aquela barba cheia de antes, deixando ela apenas aparada, o que o deixou mais atraente ainda. Fez um corte moderno nos cabelos e agora anda bem mais estiloso. Anda se preocupando muito com a aparência ultimamente. Por um lado, fiquei chateado. Ele já chamava a atenção antes, tanto de homens como mulheres, e agora, chamava mais ainda. Sempre que saíamos, para um restaurante ou qualquer coisa parecida, um garçom sempre vinha lhe entregar um café, dizendo ser a pedido de um homem ou uma mulher. Isso me irritava profundamente. Mas Grego sempre me dava os cafés que ganhava, por muita das vezes eu recusava, apenas por orgulho. E ele fazia um charminho, me olhava com carinho e me induzia delicadamente a aceitar o bendito café. Ele fazia questão de mostrar todo o seu interesse por mim na frente dos outros. E isso só me deixava cada vez mais no chão. Eu estava muito mais apaixonado do que antes. Porém, espero realmente não quebrar a cara novamente e ele mudar para o que era antes. Deus me livre!! Eu não suportaria outra decepção.

Mas parece que dessa vez era para valer. Ele estava estudando Engenharia e ao que parece se saía muito bem nas matérias. Eu não fazia ideia que ele era tão bom em matemática. Fiquei sabendo também que ele fanático por Rock, mesmo que antes ele vivesse ouvindo funk quando comandava o morro. Mas ele me disse que ouvia por obrigação, já que fazia parte da cultura do Brasil. Eu ri, não acreditando nisso. Eu jamais ia adivinhar que ele amasse rock. E me disse que ouvia especialmente Sistem Of The Down e Slipknot. Era realmente inacreditável.

Também descobri em meio as nossas conversas que Grego era fascinado por insetos quando criança - antes de tudo acontecer com ele, imagino eu. E que sempre criava aranhas ou baratas para criar, colocava nomes e tudo. Eu ria e fazia cara de nojo. Pois eu dizia que quando era criança, odiava brincar na rua. E confessava o quanto era esnobe, pois eu era fresco e odiava me sujar ou me misturar com as outras crianças. Vergonha do meu passado. Grego ria, e disse que já imaginava que eu fosse assim. Fingia ficar bravo, mas não durava muito, já que ele conseguia facilmente me fazer rir. Tudo estava ficando perfeito.

Porém, eu não contei o detalhe de que encontrei com o pai dele. Eu sentia que se contasse, tudo iria desandar, e ele se irritaria. Grego buscava me contar seu passado, buscando somente as partes boas e engraçadas. Eu sentia o quanto ele se esforçava para me contar suas histórias de vida. Mas nunca tocou no nome dos pais deles, família ou tudo que sofreu. Acho que ele ainda não estava pronto para isso e eu decidi não forçar a barra. Iria esperar ele se sentir à vontade.

Guilherme continuava se consultando comigo na clínica, uma vez por semana. E a cada vez eu ficava mais horrorizado com tudo que ele já havia feito com a família e principalmente com o Grego. Não consigo nem descrever tudo que meu marido já passou, e me dói só de pensar.

Isso tudo explica suas cicatrizes pelo corpo. São marcas dolorosas do seu passado.

E tenho certeza que ele sofria com isso, mas quando estava comigo, sempre estava sorrindo e falando piadas. Eu o admirava. Eu sinceramente não teria todo esse gás para subir na vida novamente se tivesse passado por tudo que ele passou. Eu tive uma boa educação e pais que me amam e me aceitam do jeito que eu sou. Se estivesse na pele do Grego, provavelmente eu teria buscado o suicídio. É pesado falar isso, mas confesso que seria exatamente isso que eu teria buscado.

E aqui estávamos nós novamente. Essa noite, Grego escolheu um lugar lindo, ao ar livre e próximo de um belo mar que havia ali. Sentamos em uma das mesas vagas, um estilo bem simples, porém magnífico. A imagem da grande lua cheia dava a impressão de que estava sendo engolida pelo mar. Perto de nós tinha um Food Truce onde pedimos dois hot-dogs, refrigerante e bebida alcoólica. Grego estava maravilhoso, e tão diferente. Usava uma camisa larga, florida, com uma calça branca e All Star vermelho com branco. Seus cabelos estavam bagunçados propositadamente, o que o deixava totalmente charmoso e atraente. Seu sorriso me hipnotizava, seu olhar gentil e carinhoso me derrubava. Eu já não aguentava mais. Queria tanto beijá-lo! Não quero esquecer o sabor do seu beijo. E fazia quase um ano inteiro que não nos tocávamos. E Grego parecia tão despreocupado com isso que eu estava me sentindo um lixo por está pensando em sexo quando ele queria mostrar toda a sua mudança.

Mas eu notei, sempre notava. E a cada dia eu ficava mais apaixonado ainda por ele. Eu notava cada detalhe, cada palavra, cada sorriso, cada olhar, cada atitude. Eu notava e agora queria vê-lo comigo entre quatro paredes. Queria tocá-lo, beijá-lo e dizer o quanto eu o amava. Droga, eu vou enlouquecer!!!

— Está tudo bem, Cássio? — Sua voz era tão tranquila agora, como se não houvesse mais nenhum problema que o atingisse. Eu suspirei, sorrindo.

— Está. Está tudo perfeito. — Falo, bebendo um pouco de cerveja para disfarçar minha tensão. Grego sorriu, me olhando com delicadeza. Ele vai me matar se continuar me seduzindo e não fazendo nada para matar meu desejo!

Antes era sempre ele que tomava iniciativa. Será que ele agora quer que eu tome a iniciativa?

Ah, não! Sou péssimo com isso. Não tenho essa facilidade de chamar alguém na intenção. Muito menos seduzir. Nunca precisei fazer isso. Porque na real eram os outros que tomavam iniciativa. E agora?!

Okay, ele está me enlouquecendo com toda essa tranquilidade dele.

— Você parece nervoso. — Grego comentou, tomando calmamente um pouco de sua cerveja. Até nisso ele parecia mil vezes mais sensual. Ou seria a falta de sexo na minha vida que estava me enlouquecendo? Deve ser isso. Só pode ser.

— Hm... Deve ser o calor que está me matando. — Falo, pois eu realmente suava, não sei se de calor ou nervoso.

— Jura? Está um clima tão agradável hoje. — Rebateu. Meus ombros caíram com isso. Você não está ajudando Grego!!

— Outro tipo de calor. — Rebato, inisuoso. Ele sorriu, relaxado e enchendo novamente o seu copo.

— Pode ser o estresse do dia a dia. — Ele estava jogando comigo. Eu notei isso. Desgraçado! Ele queria ouvir de mim, ele estava esperando eu falar. Mas que...!!!

— Ou pode ser o barulho do trânsito que está me incomodando. Que tal irmos para um lugar mais calmo? — Sugiro. Ele soltou um sorriso de canto, deixando o copo sobre a mesa, me olhando atentamente, cruzando os braços.

— Que lugar seria esse? — Sério?!

— Grego. Só vamos embora daqui, por favor. — Praticamente imploro, sentindo o oxigênio entrar com dificuldade em meus pulmões. Ele sorriu, brincalhão.

— Você que manda. — Pagamos a conta e entramos no carro.

O DONO DO MORRO - Uma Nova Era - [ROMANCE GAY] Onde histórias criam vida. Descubra agora