Prólogo

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Dia do trote nas Universidades, um ritual de passagem para alguns, os calouros e de vingança para aqueles que sofreram com isso no semestre, ou ano anterior. Não é algo que me agrade para ser sincero, porém Clarisse quis participar, é o último ano dela aqui na faculdade e ela disse que queria aproveitar ao máximo tudo o que a universidade poderia nos proporcionar e então mesmo não gostando muito estou aqui com ela e alguns amigos dela.

Conheci ela no primeiro dia de aula, fui o bixo dela, ela me arrastou para rua me fez pedir dinheiro, me pintou inteiro, demos muitas risadas, acho que foi ai nesse dia que começamos a nos aproximar e pouco tempo depois já estávamos namorando, e saindo de mãos dadas por tudo que é lado, isso já vai fazer dois anos, vivemos o momento, mas me preocupo como vai ser depois quando ela terminar, ela não é daqui, sua família é de outro estado e é constituída apenas pela mãe, tenho certeza que ela não a deixaria sozinha lá, mas será que nosso namoro se sustentara a distância.

Ela é linda, loira, olhos claros, uma mistura de Barbie com Sandy, delicada, que à primeira vista pode parecer frágil, mas não é, não deve ter sido fácil, no começo, escolher e estudar num meio onde a maioria são homens, num universo machista.

Estava com mais alguns colegas dela, eles também estavam nessa vibe de aproveitar tudo ao máximo, o que me fez questionar se quando fosse a minha vez eu também estaria assim. Andávamos despretensiosamente em meio as pessoas, alguns rostos conhecidos, outros novos, notava-se pelo jeito perdido, os olhares curiosos, observadores de tudo.

E no meio deles havia um rosto, que ao longe se notava, fosse pela sua altura, ou pelo seu brilho próprio, um homem alto, ombros e sorriso largo, loiro, pele bronzeada de sol, conversava animadamente com outras pessoas. Como se sentindo que o observava, ele virou o rosto em minha direção, trocamos olhares, ele sorriu, me senti envergonhado por ter sido pego no flagra, mas ao mesmo tempo me senti bem, feliz por telo visto, sabe quando o seu santo bate com a outra pessoa, mesmo que nunca tenha conversado, você sente uma energia boa emanando dela, bom é isso o que eu sinto por ele.

Sou tirado dos meus pensamentos por Clarisse, que puxa minha mão, daqui a pouco as aulas vão começar, basicamente é mais uma aula de reconhecimento do campus e do curso, para os calouros, e para nós de apresentação causo tenha algum novo professor, vê se tem algum novo aluno na nossa turma, um repetente ou alguém adiantando a matéria, ela e alguns colegas foram escolhido para apresentar e falar sobre o curso para o primeiro período, me despeço, afinal o trote só iria começar depois do último sinal, indicando o final das aulas.

Fui para minha aula pensado naquele rapaz, no loiro desconhecido, será que ele seria meu bixo, nossos caminhos cruzariam novamente, ou não.

*** 

Um ano depois

Nossos caminhos se cruzam, eu e Clarisse terminamos, correção ela terminou, sem me dá um pingo de explicação, aparentemente ela sumiu do mapa, não atende o telefone, nem responde minhas cartas.

Numa noite em um barzinho, enquanto bebia para afogar minhas magoas, o vi, não parecia está em estado melhor do que o meu. Não o vi mais naquele dia, não sei se safou do trote, ou outra coisa, trocávamos olhares e cumprimentos cordiais pelos corredores, enquanto trocávamos de sala ou na cantina, não tínhamos amigos em comum, nem nada só o curso.

Porém nesse dia, ou melhor noite, ele estava diferente, o seu jeito sempre altivo, de bem com a vida e sem preocupação, deu lugar a um homem, com olhar triste, e seu sorriso sempre característico, saiu de cena, lagrimas saiam dos olhos e rolavam pela face, era sofrido e sinceramente dava pena de velo daquele jeito, nunca tinha o visto por essas bandas, mas agora não era hora para questionamento, ou devaneios, fui até onde ele estava sentado e ofereci meu ombro amigo, um abraço, pois era o que ele aparentemente estava precisando nesse momento.

Não sabia o que estava acontecendo, o abracei, pois não sabia mais o que fazer, bem, acho que ninguém sabe que reação ter quando vê um marmanjo se derramando em lágrimas, ele tremia, apertei mais o braço em volta dele, resolvi tira-lo desse lugar, talvez uma caminhada ao ar livre o ajuda-se a acalmar, eu só não sabia naquele momento que por causa do meu simples gesto acabaríamos nos aproximando, e ganharia muito mais que um amigo, ganharia um amor, fazendo nossos caminhos se unirem para sempre.

O amor nasce nos pequenos gestos, nas atitudes inesperadas, e mesmo no conflito ele vem, não importa se queremos ou se estamos preparados para aquilo, ele simplesmente vem.

Depois de um tempo caminhando ele finalmente sorriu, não um sorriso largo de sempre, um mais tímido. Perguntei se ele estava melhor, apenas balançou a cabeça afirmativamente, me apresentei

- Ivo – Estendi minha mão para ele.

- Ricardo, prazer em conhecer.

Ele apertou minha mão cumprimentando e seguimos em silencio. Cada um perdido em seu próprio pensamento, em suas confusões. E naquele momento era isso que precisávamos, uma companhia, um ombro, alguém para que pudéssemos não sentir sozinhos.



Notas:

Oi queridos, espero que tenham gostado, não se esqueça da estrelinha, críticas são sempre bem vindas

Beijão , até o próximo capítulo.

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