Leiam as notas finais, é muito importante*
O sol estava alto no horizonte, o dia parecia mais vivo, apesar do turbilhão que foi o dia anterior, eu não sei o que tem nas manhãs que deixam essa marca, é tão lindo o dia e a energia que ele trás consigo, um novo recomeço, uma nova oportunidade de fazer coisas diferentes. Apesar de está um pouco dolorido por causa de ontem, me sinto feliz e realizado, e com o coração quentinho por ter os dois homens da minha vida ao meu lado, é uma emoção que não sei explicar, só sentir, desejei tanto isso, por tanto tempo. Que agora parece fácil demais.
Saio dos meus pensamentos deixando a vista da sacada para trás e sigo com minha xícara de café de um lado enquanto com a outra mão acaricio a cabeça do meu filho para ele acordar, era muito cedo quando nos levantamos ficamos com dó, então cuidadosamente só arrumamos ele de uma forma mais confortável. Entretanto, já estava na hora.
- Gustavo, filho, acorda! - Vejo ele se mexer enquanto resmunga só mais 5 minutos, e não faço nada além de rir. Penso um pouco, como ele não tem aula mesmo, resolvo deixa-ló dormindo no sofá, afinal, ele é jovem e merece aproveitar. Então com esse pensamento sigo até a cozinha e preparo o resto do café da manhã.
Cado já deve está voltando da sua corrida matinal e como a Maria não pode vim hoje, faria o possível para almoçar em casa e fazer companhia para o Gus, e quem sabe trazer ele para passar a tarde comigo na empresa.
- Ivo. - Rick chama um pouco alto.
- Aqui, na cozinha. - falo num tom mais baixo que ele, mas ainda assim, audível não estava afim de acordar um certo dorminho, só de pensar nisso um sorriso brota em meus lábios.
- Oi amor, o que temos para o café? - Me questiona enquanto vem por trás de mim, e funga o meu pescoço. Ele sabe que é o meu ponto fraco.
- Bom, não sou um exímio cozinheiro como você, por isso só me ative ao básico.
- Qualquer coisa vindo de você é perfeito. - Diz enquanto deixa um beijo, seguido de uma mordida no ombro.
- Sei... - Digo fazendo aquela cara que todos fazem não acreditando, mas entrando na brincadeira. - Agora vai tomar um banho, e sem fazer barulho para não acordar o nosso filho.
- Ok, pai babão. - Disse ele sorrindo, e se foi, e com isso resolvo arrumar a mesa do nosso café, afinal é uma tradição.
Quando termino de colocar a ultima coisa ele chega. Seu perfume se faz presente muito antes dele, os cabelos estão presos num coque, nãos os lavou, está como quase sempre nas suas roupas brancas e fluidas, sua cor preferido, como um hippie da área de humanas, quem o vê vestido assim nem imagina que é uma fera em calculo. E muito menos que é um professor universitário de renome, a gente julga muito pela aparência.
Sair do armário anos atras, escolher viver e lutar por esse amor nos anos 2000, não foi fácil, não é algo que tratávamos como público, foi algo que tivemos que ter mais cuidado, ele me guiando nesse mundo novo, digamos assim, pelo menos para mim, coisas simples como dar as mãos ao sair em publico, jamais, o que no começo me faziam falta, hoje já me acostumei, quando estamos fora do país, nos damos esse luxo, essa oportunidade de nós demonstrarmos afeto.
Nosso amor não é escondido, somente discreto, se nos perguntarem vamos afirma, porém na área que atuamos, de construção civil onde prevalecem os homens, o pensamento é muito retrogrado, para não dizer machista, e ver dois homens como nós, que não personificamos nada além do que somos, nossa masculinidade ajudou a impor o respeito necessário que precisávamos para persevera até aqui.
E o porquê de está tendo esse devaneio aqui pela manhã, eu não sei, talvez o fato que aconteceu ontem, como aqueles senhores não sabem que a empresa tem três sócios por mais que um não seja tão atuante, me admira o fato de que provavelmente quem os deu a informação não pesquisou direito, ou omitiu este fato, e se foi isso mesmo, por causa de quê? Por qual razão, serão eles homofóbicos?

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De repente PAI
RomanceUm casal vê sua vida mudar de ponta cabeça quando um deles descobre que é pai de um adolescente de 15 anos. Ivo e Ricardo o casal perfeito, bem sucedido, quase um comercial de margarina ambulante, sempre sonharam em ser pais, só não imaginavam que...