Já era a quinta vez que ele tocava no telefone.
Tinha um número na mão e um motivo na mente, mas ainda hesitava sempre que pensava nisso. Uma semana tinha se passado desde que vira Olivia na cafeteria. Não tinha falado com ela desde então.
Gostava de pensar que a culpa disso era estar ocupado com negócios da banda. Os quatro membros passaram os últimos dias tentando divulgar o trabalho de Queen. De fato, ter o nome de Roger e Brian ajudava na divulgação e atraia pessoas que já estavam familiarizadas com a Smile, mas era inegável que as mudanças eram bruscas o suficiente para fazer o público esquecer que se tratava da mesma banda. Na verdade, Roger pensou, não. Não eram a mesma banda. Não queriam ser e jamais seriam a Smile. Queen era única. Teriam seu próprio estilo musical, suas particularidades, seus encantos individuais e coletivos. Seriam incomparáveis, tinha certeza.
Além do trabalho de publicitários, precisavam também realizar o óbvio trabalho de serem músicos. Tiveram ensaios quase todos os dias desde a oficialização da banda, a maioria dos quais terminavam em bebedeiras sob o pretexto de comemoração. E, embora fosse apenas uma desculpa para ficarem embriagados, eles tinham mesmo motivos para comemorar: o som que estavam criando juntos era incrível.
John Deacon tinha se encaixado perfeitamente no grupo, como uma última peça perdida de um quebra-cabeça complexo que, no final, formava uma verdadeira obra de arte. Apesar de ser o mais jovem, sua habilidade para tocar baixo parecia algo natural e tinha um charme único que não poderia ser replicado nem por musicistas mais experientes. Sabiam que, em local algum do mundo, existiria um baixista mais apropriado para completar a banda. Freddie Mercury era igualmente inigualável. Sua voz adaptava-se perfeitamente a qualquer música que eles tocassem, desde melodias suaves a tons mais pesados. Sua personalidade em palco era completamente diferente daquela que ele exibia no cotidiano. Quando estava cantando, era transportado e transformado pela música e dava lugar a um artista jamais visto e que, certamente, ficaria marcado na memória de qualquer pessoa que os assistisse.
No geral, eram incríveis. E sabiam disso.
Ainda assim, apesar de todas as ocupações e da correria, Roger sabia que, no fundo, o real motivo para não ter ligado para Olivia era a falta de coragem. Tinha saído de sua última conversa com a sensação de que, finalmente, estaria começando a conquistar sua confiança. Por ora, era o suficiente. Ter Walker em sua vida, de qualquer forma que fosse, era importante demais para ele. Não estava pronto para estragar qualquer índice de amizade — ou algo mais — que poderia ter com a mulher graças a avanços românticos fora de hora. Queen precisava de Olivia. Roger precisava de Olivia.
O pensamento de perdê-la era aterrorizante o suficiente para paralisá-lo — no sentido figurado e literal. Por isso, a única coisa que ele conseguia fazer era encarar o telefone. Tinham marcado um show num bar próximo à universidade e Roger havia prometido a Olivia entradas para essa exata ocasião. Era um local simples, porém conhecido entre os estudantes. Talvez não fosse algo tão grandioso, mas seria o primeiro. O primeiro do que todos esperavam que fossem muitos. E Olivia precisava estar lá para ver.
— Você sabe que ele não vai ligar sozinho?
Roger deu um pulo. Estava tão perdido em seus pensamentos sobre como convidar Olivia sem ter um ataque cardíaco que esquecera completamente que havia convidado Brian para passar o tempo em sua casa.
— O quê? — Respondeu, com pouca paciência na voz.
— Qual é, Roger... Você está sentado encarando o telefone há sete minutos. Liga para ela logo.
— Sinceramente Brian, não faço ideia do que você está falando.
— Então você não planeja convidar Olivia para o show amanhã? — O homem parecia estar achando graça daquela situação — Roger Taylor, o que aconteceu com você?
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Play The Game
FanfictionNão havia nada que Roger Taylor quisesse mais do que aquilo que ele não consegue ter. Por isso, sentia-se intrigado e desafiado quando aquela garota misteriosa não caiu automaticamente seu charme. Com o tempo, ambos descobririam que dois podem jogar...