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24 de janeiro, 1970

Roger Taylor soltou um audível suspiro e esfregou os olhos antes de olhar para o relógio ao lado de sua cama.

8:23 AM

Merda.

Havia marcado de se encontrar com Olivia Walker às 9h, numa pequena, porém aconchegante, cafeteria na esquina de sua casa. Graças à proximidade do local, 37min seria tempo suficiente para tomar um banho rápido, escovar os dentes e chegar até a hora marcada. Mas era Olivia. Ele queria estar o seu melhor para ela. Ela merecia que ele estivesse o melhor para ela.

Rapidamente, jogou seus lençóis no canto da cama e meio caminhou, meio tropeçou até o banheiro. Tomou seu banho normalmente e apressou-se para fora do chuveiro com a intenção de arrumar seu cabelo, que, apesar de ele não gostar de admitir, foi a parte mais demorada da sua preparação. Colocou um perfume caro, vestiu calças jeans escura e uma camisa social de seda preta. Deixou os três primeiros botões abertos de forma que parte do seu peitoral estava visível. Deu uma última olhada no espelho e piscou um olho para si mesmo, admirando seu trabalho árduo.

Respirou fundo antes de abrir a porta de casa, tentando acalmar-se. Tinha saído com Olivia quase todos os dias durante as três últimas semanas, mas ainda sentia aquela sensação de borboletas no estômago sempre que pensava no sorriso que ela abria quando o via entrando no cômodo.

Ele estava perdidamente apaixonado por aquele sorriso.

E, se fosse sincero consigo mesmo, pela dona dele também.

Chegou na cafeteria e não ficou surpreso por encontrar Olivia já dentro, desenhando uma paisagem despretensiosamente em um caderninho. Usava um vestido azul claro que realçava seus olhos e faziam como que ela parecesse um anjo: um ser frágil e delicado que merecia todo o amor do mundo. Roger sabia que ela não tinha nada de frágil em si, mas ficaria mais do que feliz em oferecer o amor do qual ele sabia que ela era merecedora. Quando ela o viu, fechou o caderno, guardando-o em sua bolsa, e ergueu uma sobrancelha, indicando com um gesto a cadeira em frente à sua.

— Que gentileza sua nos agraciar com sua presença, senhor Taylor.

Ele sorriu e deu um selinho nela antes de se sentar. Era quase esquisito pensar no nível de casualidade que o relacionamento deles tinham chegado. Nos últimos meses, evoluíram de dois estranhos num bar para pessoas que trocam sorrisos tolos e beijos despretensiosos de forma totalmente natural. Roger estava feliz com isso. Na verdade, estava feliz com toda a evolução da sua vida ultimamente, e conseguia muito bem atribuir esses acontecimentos à deusa em forma humana que se encontrava à sua frente.

— Como é aquele ditado? "Uma rainha nunca está atrasada..."?

— Acho que nunca vou deixar de ficar impressionada com sua autoestima inabalável.

— Como minha autoestima poderia se abalar sendo que, entre todos os homens do mundo, Olivia Jane Walker escolheu a mim para tomar café da manhã num sábado lindo e ensolarado?

Olivia riu e segurou a mão de Roger por cima da mesa enquanto usava a outra para chamar um atendente. Fizeram seus pedidos — café preto e um croissant para Roger, capuccino e panqueca para Olivia — enquanto suas mãos continuavam brincando em cima da mesa, dançando uma dança secreta que nem eles mesmos entendiam, mas não faziam questão de tentar entender.

Tinha sido assim durante todo esse tempo após a festa de ano novo. Quase um mês inteiro de carícias e declarações feitas por meio de olhares. Declarações que, ainda que não fossem feitas em formas de palavras, eram as mais sinceras de toda a vida de Roger.

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