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Roger estava agitado naquela manhã.

Cinco dias tinham se passado desde o incidente no bar, quatro desde que conversara com Freddie. No geral, sua vida estava boa. Conversou com Olivia algumas vezes por telefone nesse período. Tinha finalmente criado a coragem para possivelmente transformar isso num hábito. Conseguiu com a mulher seus horários acadêmicos e turnos no trabalho para certificar-se de que, quando ele ligasse, ela atenderia.

E ela atendia.

Era possível, contudo, que fosse mais fácil se ela não atendesse. O relacionamento dos dois tinha chegado ao ponto em que Roger estava, sinceramente, desesperado. Era a primeira vez que se sentia assim em relação a uma mulher. Normalmente, quando alguém que ele desejasse não o queria de volta, ele simplesmente seguia em frente e encontrava uma outra pessoa para substituí-la. Isso não acontecia normalmente, é claro. Na maioria estrondosa das vezes, as mulheres se interessavam por Roger antes mesmo que ele se interessasse por elas. Não conseguia evitar, apenas acontecia naturalmente. Mas, com Olivia, tinha sido diferente. Não entendia o que havia na garota que o fazia com ele precisasse dela do jeito que precisava.

Num breve momento, pensou na lei gravitacional de Newton. Convivendo tanto com Brian, um orgulhoso estudante assíduo de astrofísica, era quase impossível não lembrar de algumas teorias sobre o universo de vez em quando. Talvez Olivia fosse como a gravidade. A personificação de uma força que atraía Roger para si de forma inevitável, que o prendia e o puxava. quase impossível de se escapar. Tudo bem, Roger não tinha a menor intenção de atingir sua velocidade de escape.

Preparando-se para mais um dia, ficou animado ao lembrar do telefonema que recebera de John Deacon na noite anterior. O amigo, que normalmente era quieto e reservado, ligara para Roger com uma felicidade quase palpável em sua voz. Dizia que precisava de uma reunião da banda com urgência. Marcaram, então, de se encontrar na garagem de Brian, onde eles normalmente ensaiavam, logo pela manhã. Taylor não conseguia esconder sua euforia. Naturalmente, estava esperando ótimas notícias. O baixista não faria algo assim se não tivesse nada importante para dizer.

Enquanto colocava sua jaqueta, pensou em como contaria as boas novidades a Olivia. Quando foi que ela se tornou uma das prioridades de Roger?

Ao dirigir, não conteve sua ansiedade e quase causou um ou outro acidente durante o trajeto. Agradeceu em sua mente por morar relativamente perto de Brian quando chegou, poucos minutos após ter saído de casa. Ao entrar na garagem, todos os três outros membros já estavam aguardando, o que era surpreendente, visto que Roger na verdade tinha chegado quase meia hora antes do horário combinando. Não os culpava, estava tão animado quanto eles.

— Deacy! — Disse Roger, jogando as chaves do seu carro em algum canto — O que é?

— Calma, pessoal. É só uma reunião, já tivemos várias assim e vocês não reagiram desse jeito — Respondeu John, que tentava manter a voz calma apesar de seu corpo inteiro estar notavelmente tremendo. Roger jurou ser capaz de ouvir o coração do homem batendo.

— Sim, querido, porque nenhuma delas foi marcada por você — Freddie falou.

— E o que há de tão especial em mim?

— John Deacon, tudo de você é especial — Disse Freddie, com uma teatralidade exagerada em seu corpo e voz, que fez John revirar os olhos apesar do largo sorriso que tinha no rosto.

— O que ele está tentando dizer, John — Interviu Brian, sempre sendo o pai do grupo —, é que você parecia bem animado quando nos ligou. Isso não é tão típico de você.

— Melhor eu ir direto ao ponto, então.

— Por favor! — Roger exclamou. Parecia prestes a explodir se continuasse naquela tensão por mais algum segundo.

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