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A primeira coisa que Roger fez ao entrar no apartamento de Olivia foi tropeçar.

Não por estar bêbado — até onde ele soubesse, os olhos da mulher não continham nenhum teor alcoólico —, tinha sim bebido, mas não o suficiente para perder a consciência do que estava acontecendo, e, certamente, não o suficiente para não ter controle do seu andar. Chegou à conclusão lógica, que também era a conclusão que ele odiava, de que estava assim por puro nervosismo. Isso parecia um ótimo motivo para gargalhar. Roger Taylor, o conquistador em série que já tinha feito isso centenas de vezes, nervoso por estar na casa de uma mulher?

Não conseguiu evitar e deu uma breve risada pensando em seu estado deplorável. Isso chamou a atenção de Olivia, que se virou para o homem após fechar a porta atrás de si.

— Algo engraçado?

— Toda essa situação é bem engraçada.

Olivia ergueu uma sobrancelha, com um olhar desafiador.

— Poderia elaborar?

Roger caminhou até o sofá e sentou-se de forma completamente desleixada, o que fez Olivia revirar os olhos. Será que ele pensava que iria conquistá-la se fazendo de desinteressado? Não, ela não morderia essa isca.

— Bom, você me convidou para sua casa, não foi? - Ele disse, um tom de voz completamente pretensioso - Não que isso tudo tenha sido um jogo, mas, se fosse, eu diria que eu ganhei.

Olivia quis, mais do que nunca, arrancar aquele sorriso convencido da cara dele. O que tinha acontecido com o Roger que há apenas uma hora estava tratando Olivia com o carinho e respeito que ela tinha conquistado? Seu instinto nunca tinha lhe falhado, e, se ela viu em Roger a possibilidade de evolução, provavelmente estaria certa. Mas, agora, tinha começado a se arrepender dessa decisão. Andou com passos fortes até ficar em frente a ele no sofá. Colocou as duas mãos na cintura, e olhou para o homem, com o seu ar superior por ela estar em pé enquanto ele estava sentado.

— Escute, Roger, eu vou ignorar esse comentário por você estar tão nervoso que está suando —O homem levou um dedo à sua testa e sentiu algumas gotas de suor que ele não tinha notado antes. Lá fora deveria estar, no máximo, 10°C. Ele com certeza não estava com frio. — Mas, se você falar mais uma merda, pode ter certeza que você estará fora.

Roger nunca tinha visto Olivia tão intimidante quanto naquele momento, e ele sabia muito bem que ela o intimidava demais. O que ele estava pensando? Tinha conseguido chegar tão longe e iria arruinar isso por seu sentimento de superioridade? Ou, pior ainda, por não saber como agir nessa situação? Quando Olivia saiu para a cozinha, ele sentiu-se um tolo. Ela já era importante demais para ele perdê-la assim, tão rapidamente. Levantou-se num salto e se apressou para acompanhar a mulher.

— Olivia, me desculpe! — Quando ele falou, sua voz parecia genuinamente arrependida, mas, ainda assim, sabia que teria que se esforçar mais. — Sério, me desculpe. Você sabe que eu não peço desculpas.

Olivia riu, e Roger se odiou um pouco mais.

— Isso é o melhor que você pode fazer? "Você sabe que eu não peço desculpas"? O que espera que eu responda?

— Nada — Roger interrompeu, antes que Olivia o massacrasse um pouco mais. — Eu só espero que você saiba que é verdade. O problema é que eu... Eu...

— "Não sei como me comportar ao redor de mulheres"?

Estou começando a me apaixonar por você, pensou.

— É — Disse.

Olivia suspirou e apoiou seu corpo no balcão da cozinha. Sua expressão estava indecifrável, Roger não conseguiu descobrir se ela estava com raiva, pena ou decepcionada. Não sabia qual dessas possibilidades era pior.

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