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A melhor noite da vida de Roger Taylor começou com uma viagem de táxi silenciosa.

Durante a maior parte do trajeto, o homem manteve seus olhos em Olivia, observando-a com atenção. A mulher, por outro lado, encarava as luzes da cidade no lado oposto do banco de trás do carro. Ainda que seu rosto estivesse parcialmente encoberto pelo seu cabelo loiro ondulado, Roger conseguiu notar traços de um leve sorriso nos seus lábios. Apesar de rejeitar os flertes do baterista — ele não a culpava, sabiam que eles poderiam ser bem cafonas —, sabia que ela esperava por isso tanto quanto ele.

Ok, talvez não tanto quanto ele. Roger ansiava por esse momento desde que a vira pela primeira vez.

As únicas palavras trocadas no percurso foram para a escolha do local. Roger tinha sugerido um bar um pouco mais sofisticado no centro de Londres. Queria mesmo levá-la para um restaurante, onde os dois poderiam conversar com mais tranquilidade e onde ele poderia ter certeza que aquilo era realmente um encontro. Mas, no fundo, ainda tinha medo de estragar suas chances com Olivia fazendo algo fora de hora. Era esse mesmo medo que agora o silenciava. Desejava muito estar conversando com a mulher, sobre qualquer assunto que surgisse — e ele já havia percebido muito bem que o assunto sempre surgia. A voz de Olivia era como uma melodia doce que ele poderia ouvir para o resto da vida. Mas agora, ela estava quieta. Estava quieta porque Roger Taylor, que sempre tinha algo para dizer, encontrava-se sem palavras.

Engraçado como o amor é.

Chegaram no bar e Roger apressou-se para fora do carro antes mesmo que ele parasse completamente. Olivia ficou assustada com a forma repentina como o homem tinha pulado do veículo, mas deu uma gargalhada verdadeira quando percebeu que seu esforço era apenas para chegar até a porta dela e abri-la.

— Tenha cuidado, Roger. Seria muito trabalhoso para mim se você tropeçasse e sofresse um acidente no meio da rua — Olivia saiu do carro antes de completar — E, mais importante, você não quer parecer desesperado na frente da garota que quer conquistar.

— Ah, Olivia — Roger suspirou e sorriu —, infelizmente a garota que eu quero conquistar já sabe muito bem o quão desesperado eu estou.

Olivia permitiu-se sorrir. Enquanto Taylor fechava a porta atrás dela e pagava o táxi, ela parou para pensar no que estava acontecendo. Tinha cedido a um pedido de Roger — pedido esse que ele já fizera há tempos — e não se envergonhada disso. Olivia era uma mulher decidida, que tomava suas próprias atitudes quando bem entendesse, estar nessa situação não fazia dela menos do que isso. Nunca negara que Roger era atraente, dizer algo assim seria uma grande mentira e ela tinha ciência disso, mas sabia que o homem precisaria se esforçar para ganhar a atenção dela, que nunca tinha caído por truques baratos e flertes insignificantes. Mas agora, depois de perceber a evolução da amizade deles e, principalmente, a evolução de Roger enquanto pessoa nas últimas semanas, Olivia sabia que finalmente podia confiar nele. Foi por isso que ela se permitiu. Foi por isso que ela decidiu que aquela seria uma noite de permissões.

Quando o carro se afastou, Roger estendeu o braço para que Olivia se agarrasse nele.

— Estou mesmo vendo Roger Taylor ser um cavalheiro? — Ela disse, debochando.

— Tem muitas coisas em mim que você ainda não viu — Quando Olivia entrelaçou seus braços, ele aproximou-se da mulher e sussurrou em seu ouvido — Mas, se você quiser, eu posso mostrar todas elas — Disse, piscando um olho.

— Eu realmente achei que as cantadas iriam demorar um pouco mais hoje, mas acho que a culpa é minha.

— Não me subestime, Olivia.

— Não, Roger — Falou Olivia, colocando um dedo na bochecha do homem para virar seu rosto em direção a ela, forçando-o a olhar em seus olhos. Era um gesto extremamente sensual, ainda mais quando ela mordeu seu lábio inferior, e Roger precisou se controlar muito para não a beijar ali mesmo —, é você quem não deve me subestimar.

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