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Roger acordou sem saber onde estava.

Abriu os olhos e deixou que eles se acostumassem à claridade do local antes que seu cérebro pudesse raciocinar. Então, lentamente, suas memórias da noite anterior chegaram e ele finalmente conseguiu localizar-se no tempo e no espaço.

Apartamento de Olivia. 9AM. Ressaca. Muita ressaca.

Começou a se levantar antes que uma tontura súbita o impedisse. Sentou-se de volta na beira da cama e esperou sua visão voltar ao normal. Seu estômago se revirava e sua cabeça o passava a impressão de que ele poderia explodir a qualquer momento. Mesmo assim, sentiu um certo conforto por estar nessa situação no apartamento de Walker. Se estivesse sozinho em sua própria casa, sabia que se arrependeria de qualquer decisão que tomasse. Provavelmente voltaria a beber e se afundaria na sensação de culpa. Ter alguém para cuidar dele era bom, ainda que ele tivesse dificuldade em admitir que precisava de cuidados de vez em quando.

Alguns segundos depois, sentiu-se confortável para se levantar novamente e andou em direção a um espelho no canto do quarto. Outras pessoas talvez não tivessem a aparência na lista de preocupações numa situação como essa, mas Roger não poderia perder uma oportunidade de jogar seu feitiço. Seu olho não estava tão roxo quanto ele achou que estaria e seu cabelo bagunçado adicionava um charme natural que ele gostava bastante. Concluiu que já estivera pior. O único problema era seu hálito, pelo visto não teria como escovar seus dentes ali. Pela primeira vez na vida, ficou feliz em pensar que Olivia provavelmente não tinha a intenção de beijá-lo.

Quando abriu a porta para o corredor, suas narinas foram invadidas pelo cheiro de bacon. Caminhou com passos lentos até a cozinha e viu Olivia preparando café da manhã. Estava de costas para Roger e não o viu, então o mesmo aproveitou essa oportunidade para apenas olhar para a mulher. Ao refletir sobre como aquele relacionamento tinha começado, Roger jamais imaginaria que estaria numa situação como essa em tão pouco tempo. Ele era confiante o suficiente para saber que, eventualmente, ganharia o coração da mulher. Afinal, era um especialista nisso e se orgulhava desse título. Só não esperava que isso acontecesse com tanta naturalidade. Não achava que a personalidade de Olivia seria tão oposta e, ao mesmo tempo, tão complementar à sua. Não achava que ela conseguiria ganhar sua confiança ao ponto dele se abrir do modo que já havia feito. Não achava que encontraria nela a pessoa incrível que encontrara.

E, principalmente e acima de tudo, não achava que Olivia iria conquistá-lo antes que ele a conquistasse. Para Roger, não era mais um jogo.

Depois de um tempo, a mulher virou-se e arregalou os olhos quando encontrou Taylor parado em frente ao balcão da cozinha. Antes que o mesmo tivesse a oportunidade de dizer algo, ela falou primeiro.

— Os ovos estão na geladeira.

— O quê? — Talvez fosse embaraçoso pensar dessa forma, mas Roger esperava que, após os eventos da noite anterior, Olivia começasse a amolecer seu jeito. Eles tinham dançado juntos! Roger Taylor não dança.

— Eu acredito que você esteja familiarizado com o conceito de homens cozinhando.

Roger não conseguiu conter o sorriso. Apesar de tudo, sabia que era por essa Olivia que ele tinha se interessado. Não gostaria que ela mudasse, mesmo que isso dificultasse as coisas para seu lado.

Seguiu até a geladeira e pegou três ovos. Achou uma frigideira largada em algum canto e preparou sua refeição enquanto Olivia fazia um suco. Não estava tão acostumado assim com o ato de cozinhar, mas, sendo universitário, precisava saber como preparar alguma refeição básica. Ficou feliz por esse breve conhecimento, não queria fazer-se de tolo por não saber fritar um ovo após o comentário da mulher.

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