12

419 45 36
                                    

— Mas que porra você fez?!

Freddie só não estava gritando porque ele não era o tipo de pessoa que gritava, não em argumentos, pelo menos.

Era uma manhã fria de segunda, Roger tinha convocado a banda para uma reunião de emergência na garagem de Brian. Os quatro já estavam começando a se acostumar a isso: um chamando os outros para ensaios e reuniões de última hora. Não reclamavam pois interpretavam isso como um sinal de que Queen estava dando certo. O único problema era que, dessa vez, o chamado desesperado de Roger Taylor não tinha nada a ver com a banda.

Não, era algo bem mais pessoal.

Desde que deixara o apartamento de Olivia às pressas no sábado de manhã, Roger não conseguia parar de pensar no que tinha feito. Na maior parte, sentia-se arrependido de tê-la abandonado daquela forma, sem nenhuma explicação. Ele estava acostumado a esse tipo de comportamento, sempre era o que saía primeiro dos seus incontáveis casos de uma noite, mas, dessa vez, era bem diferente. Não queria que ela fosse apenas isso: uma transa — ou, no caso deles, duas — que não se desenvolveria para mais nada, um encontro breve e esquecível. Roger sabia que Olivia poderia várias coisas, mas certamente não era esquecível.

— Não me faça repetir, Fred — Disse, claramente envergonhado dos seus atos.

— Espera aí! — John se pronunciou, finalmente tirando o baixo do seu colo e acomodando-o numa cadeira ao seu lado. — Você disse que nós precisávamos de um ensaio urgente. Ele vai acontecer ou você só nos chamou aqui para se lamentar pelos seus erros?

— Ai — Roger falou, colocando a mão no peito como se tivesse sido atingido por uma bala e fazendo uma cara de dor. — Até você, Deacy?

Brian, que até então apenas observava a cena com um olhar atento e perspicaz, resolveu se expressar.

— Estamos criando bem o nosso filho, não acham? — Sorriu com ironia enquanto colocava um braço ao redor de Deacon e descansava sua cabeça no seu ombro.

Roger começou a se irritar. Não estava sendo levado a sério nem pelos seus amigos mais próximos. Pensou que deveria simplesmente entender os claros sinais que estava recebendo e apenas aceitar que tinha feito uma merda completamente irremediável.

— Quando foi que isso se transformou numa sessão de zombaria de Roger Taylor? — Perguntou, cruzando os braços. Quando ficava com raiva, sua voz ficava mais aguda do que o normal, o que com certeza não o ajudava no seu caso, então ele precisava achar outras maneiras de se impor. Geralmente, fazia isso ficando em pé e de braços cruzados, mas duvidava que sua postura estivesse tendo algum efeito naquele momento. Com o canto do olho, percebeu John reprimir uma risada.

— Desculpa, Roger — Deacon falou. — Mas eu realmente precisava estudar hoje e só cancelei porque achei que seria algo importante.

— Isso é importante! — Nesse momento, ele estava quase gritando, a súplica em sua voz ficava nítida.

Brian suspirou.

— Ele está certo — Roger sorriu. — Não é importante ao ponto de convocar uma reunião de emergência — Roger parou de sorrir —, mas eu entendo o seu desespero. E, afinal, somos uma família, temos que cuidar um dos outros.

— Brian May, eu poderia te beijar agora!

— Por favor, reserve seus beijos para a Olivia — Brian disse, e logo após complementou com um tom de voz quase inaudível — Isso é, se você ainda tiver a oportunidade de beijá-la.

John, por estar ao seu lado, foi o único que escutou seu comentário, caindo em gargalhadas logo em seguida. Roger sentiu seu sangue ferver ao perceber que era motivo de chacota entre os amigos.

Play The GameOnde histórias criam vida. Descubra agora