11

493 45 47
                                    

— Me fale sobre você.

Olivia ergueu uma sobrancelha. Estava deitada no peito de Roger, a mão direita dele acariciando seu braço enquanto a esquerda entrelaçava seus dedos com os dela em cima do seu abdome, estavam assim há cerca de dez minutos, apenas encarando as constelações visíveis pela janela de Olivia. Ela ergueu a cabeça de leve para que pudesse encará-lo, procurando algum traço de ironia no rosto dele. Não havia nenhum, apenas um discreto sorriso quando ele olhou de volta nos seus olhos.

— Por quê?

— Porque eu sinto que você sabe tudo que se há para saber sobre mim, mas eu não sei nem cinco por centro sobre você.

Era realmente assim que ele se sentia. No período em que desenvolveram seu relacionamento, Roger permitiu-se ficar vulnerável em mais momentos do que tinha se permitido durante toda a sua vida. Olivia conseguira arrancar dele verdades que ele preferia esconder, e, ainda assim, ele tinha a impressão de que a mulher era um mistério total. Sabia que ela estudava arquitetura e amava música, mas ainda ficara chocado ao descobrir que ela tocava piano. Fora isso, não conhecia muito quem ela era de verdade. Ainda assim, isso não era o suficiente para fazer com que ele não se interessasse. O campo magnético de Olivia era forte demais.

A mulher suspirou e encostou sua cabeça de volta no peito de Roger, usando sua mão livre para ajeitar seu cabelo atrás da orelha.

— E por que isso é um problema?

Porque eu gostaria de conhecer a mulher por quem estou apaixonado.

— Porque eu me importo com você — Era a meia verdade mais próxima da verdade absoluta que ele conseguiria chegar. Não estava pronto para admitir como se sentia, mesmo que às vezes tivesse a impressão de que isso estava óbvio.

Roger deu um beijo no topo da cabeça de Olivia e apertou o abraço em que estavam envolvidos. Queria passar a ela a impressão de segurança. Ele estava ali para protegê-la — ainda que ele soubesse muito bem que ela não precisava de proteção. Deve ter funcionado, pois, depois de alguns segundos, Olivia cedeu.

— O que você quer saber?

— Qualquer coisa. E também tudo.

Olivia riu e deu um soco de brincadeira no tórax do homem. Agora eles faziam carinhos e brincadeiras. Talvez fosse demais para o pobre coração de Roger aguentar.

— Eu não vou ditar a biografia da minha vida, Roger — Ela falou, mesmo não podendo ver, Roger sabia que ela estava revirando os olhos. — Pergunte algo específico e eu verei se merece uma resposta ou não.

— Depois do que aconteceu hoje, eu acho que mereço várias coisas — Ele viu a oportunidade e aproveitou. Velhos hábitos são difíceis de se livrar.

— Não fique muito convencido ainda, eu posso o expulsar daqui a qualquer momento — Disse, mas não havia maldade em sua voz, apenas um tom leve e descontraído.

— Peço minhas sinceras desculpas, Vossa Majestade.

— Roger, você precisa parar de me chamar disso.

— Eu pararei quando deixar de ser verdade, minha rainha.

Olivia realmente achava a denominação de "rainha" extremamente brega. Sim, era uma boa referência ao nome da banda, e ela merecia isso depois de ter contribuído de uma forma ou de outra para sua formação, mas não conseguia evitar ficar sem graça quando esse apelido era mencionado. No fundo, ela sabia que só aturava porque saía da boca de Roger — se fosse de qualquer outra pessoa era bem possível que ela vomitasse —, mas ela provavelmente não admitiria isso. Olivia também tinha o direito de ter seus orgulhos de vez em quando.

Play The GameOnde histórias criam vida. Descubra agora