Tarde

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Está tarde demais.
Minha mente me aprisiona,
Me mói e machuca.
Então, me deixa de lado
e vai embora.

Assim que recobro a consciência,
Sinto um vazio ecoado.
Olhos cansados de pensar.
Mente exausta de não enxergar.
Madrugadas não tem nada.
Só medo e silêncio.

Espero por algo, nem sei pelo quê.

As lágrimas caem.

Penso...
Penso em nada e tudo.
No que sei e não sei.
Em tudo que não sou.

Morro em silêncio,
Embora o som de meu desmoronar
Seja alto.

Irônico silenciar
Enquanto se desmorona.
Poupar barulhos,
Ainda que não vão te ouvir.

Adormeço,
e logo acordo,
Farta de existir.

Me enveneno com meus pensamentos.
Engulo um copo d'água,
Ignoro meus lamentos.
São todos vãos momentos,
Frutos de pobres sentimentos.

Que sentimentos?
Aqui só há sensações.
Falsas e fúnebres.
Sou oca por dentro,
Feito um boneco de barro.

Aceito o óbito de minha consciência. 

Me levanto da cama,
Num ato de condescendência.
Sorrio ampla e cheia.
Cheia de ocos vãos em meu ser.

A imagem da madrugada
Se dissolve e some da consciência.
O que houve ontem?

Não houve nada.
Era mui tarde.
Foi apenas sono,
Não foi nada.

Sorrio, persistente - 
Para destruir este vazio.
Meus olhos continuam a afundar-se.
Afundam em meus pensamentos.

Mas agora é cedo.

Logo será tarde.
Tarde é a hora
Feita pra pensar coisas
Que esqueço pela manhã.

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