Vertigens e espectros

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Da janela do carro,
Pelas minhas lentes míopes,
Tudo é espectro e vertigem.
Espectro de luz e vertigem de cor.
As paredes das casas,
As flores coloridas,
O asfalto preto e amarelo,
O céu esmaecido e iridescente,
As luzes oscilantes dos postes,
As pessoas sortidas nas ruas.

Vejo pais e seus filhos sonhando juntos,
Amigas animadas compartilhando segredos.
Irmãos dividindo os passos na calçada,
Os senhores andando arrastados, respirando calmamente.

Vejo as crianças correndo a sorrir,
Os jovens vagando na onda de sua juventude,
Os estudantes com seus cadernos e seus olhares consternados.

Vejo tudo em espectro,
Sombras simplórias de gente complexa.
Vejo tudo em vertigem,
Imagens embaçadas da vida real e inédita.

Confundindo o ser deles com o meu pensar.
Misturando os meus pensamentos com suas imagens,
Involuntariamente submetendo-os ao meu próprio olhar.

É orgulho querer enxergar a verdade
Por meio de meus olhos egoístas?


Revisado em 15/01/2021

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