Trancando a porta e a conferindo, dando play na música e de frente para o imenso espelho se admirando. As palavras ecoavam, pensamentos dela mesma em outras vozes, vendo uma coroa de flores com detalhes de ouro em sua cabeça, um imenso diamante em seu pescoço.
Cabelos mais negros do que a noite caídos sobre a seda com sangue azul, um corpo divino, uma silhueta invejável, um poema nunca lido. Uma rainha não muito popular, uma poeta incompreendida, merecendo ser adorada, com duas esmeraldas em seus olhos que hipnotizam todos ao seu redor, mas não os transformam em estátuas de pedra.
Eram 23:00 horas de um domingo, Diana Osodrac foi para o banho para parar com as dores de cabeça que não cessavam, e finalmente dormir para ir a sua aula na faculdade de Enfermagem. A toalha molhada caía no chão e dava lugar ao seu vestido vermelho preferido, já estava com suas unhas stiletto, cabelo estilo rainha dos anos 80, um batom vermelho sangue, com a pele corada e um olhar diferente.
–Eu fico muito bem de vermelho — e deixou um beijo molhado no espelho.
Pegou um táxi e foi para a boate mais próxima, apresentando-se apenas como Ane, dançando sobre a luzes que piscavam freneticamente, esquecendo suas próprias leis.
–Um drink, por favor, o mais forte que tiver — pediu com um olhar sedutor.
Diana já tinha ficado amiga do barman, assim como outras pessoas durante a festa. Rindo e contando histórias que jamais viveu, mas ao mesmo tempo tinha vivido, sendo quem queria ser, esquecendo da guerra que havia em sua mente. Esquecendo de Diana Osodrac.
Um homem esguio, de cabelos prateados se aproximou e disse:
–Será que posso pagar uma bebida para essa bela donzela?
–Não, obrigada, já bebi muito.
–Mas a noite mal começou — a voz do homem era encantadora.
–Tudo bem, prazer Ane — disse dando um beijo no rosto do homem.
–Por favor, dois drinks daquela bebida vermelha — disse o homem de cabelos prateados.
Diana estremeceu e se levantou.
–Desculpe, mas eu preciso ir — saiu em direção à porta de saída rapidamente sem dar tempo de o homem entender.
04:00 horas de segunda feira, Diana chega em seu apartamento.
Ao fechar a porta e tranca-lá viu uma cena que ocorreu horas antes.
Josué, Lucas já alcoolizados e drogados começam uma briga por dívidas com drogas, algo que já era frequente e os vizinho já vinham denunciado diversas vezes, mas a polícia nunca achava nada. Lucas sempre pedindo um prazo maior e sempre pedindo mais drogas, Josué dando mais e mais corda para seu amigo enforcar-se, os juros iam crescendo cada vez mais, o que significava mais dinheiro. Porém dessa vez, Lucas não teve a sorte grande em contar com a amizade, ao pedir mais cocaína, Josué negou e começou a pressiona-lo sobre a dívida com o mesmo tom ignorante de sempre. Então Lucas, cansado de ser tão humilhado tenta responder a altura, o que leva a uma briga com socos até quebrarem garrafas e acabarem se matando ou algo parecido.
Mas no momento os dois apenas estavam dormindo pela sala, um no sofá e o outro no carpete, Diana colocou um par de luvas e pegou uma seringa que estavam na cozinha, correu para o quarto de Josué para encontrar mais drogas.
–Esse desgraçado tem que ter mais, se eu fosse ele onde esconderia?
Revirou o quarto todo, até empurrar o colchão sujo para fora da cama e achar um saco com o tesouro que procurava. Diluiu com vodka uma grande quantidade de cocaína e injetou na veia dos dois que dormiam como estátuas. O velho apartamento, com infiltrações cheirava a mofo e a bagunça feita por Josué ajudou na construção do cenário de uma briga, começou a dançar e tirar tudo do lugar, jogando tudo ao chão, com um olhar maligno e com um sorriso que antes não tinha, então quebrou duas garrafas de vidro e perfurou a garganta de ambos.
–Boa noite, papai. Tive uma noite agitada, vou tomar banho e dormir, não vou para faculdade, mas prepararei seu café da manhã.
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MEDO DO ÍMPAR
Mystery / ThrillerEm um passado não muito distante, tanto quanto as mágoas que a cercavam, Diana já planeja a volta para suas origens e resolver o que atormentava-a. Fazendo aquilo que achava certo, planejando uma volta mirabolante como a rainha do tabuleiro de xadre...