Alice e Ana estavam incrédulas, viam o rosto de Diana assumir uma expressão triste, com um olhar melancólico. A voz de Diana saiu como a de uma criança querendo que sua mãe comprasse chocolates no mercado.
-Porque mamãe?
-Diana... – Ana olha para a filha como quem chega ao inferno e fica de frente para o diabo – eu, eu...
-Meu Deus, onde você esteve este tempo todo? – enquanto Alice falava as lágrimas rolavam soltas – Eu pensei que...
Enquanto as duas tentavam achar lógica para o que estava acontecendo, o rosto de Diana assume novamente as características anteriores. Era tão notável a mudança, que as duas entenderam que se tratava de outra pessoa.
-Vocês acharam que a abandoariam naquele inferno e ficaria por isso? – Diana passa a unha do dedo indicador no rosto de Ana, deixando uma marca vermelha – Poxa, agora voltamos como rainha do inferno de vocês.
-Eu tentei te encontrar, mas... – tentou falar Alice.
-"Mas eu estava muito preocupada com minha vida perfeita, na minha casa de bonecas" – completou Diana –Pois bem, eu vim acertar as nossas contas – dito isso, desfere um tapa no rosto de Alice.
-Nããão – grita Ana – Diana, olhe para mim. Eu fiz o que tinha que ter feito...
-E eu também mamãe. E não me chame de Diana, ela está em sono profundo. Agora apenas eu estou no controle.
-Diana, olhe para mim! Eu sei que você está aí filha...
-Cale a boca! – grita enquanto arremessa na parede, o vaso de vidro com tulipas vermelhas que estava na mesa de centro – Não sou sua filha, sou Ane Osodrac. Uma versão sua, Ana Cardoso, Diana é muito brega às vezes, mas vocês são muito idiotas de nem perceber um sobrenome ao contrário. Não sei quem é pior.-O que você vai fazer com essa arma? – perguntou Alice com o olhar apavorado.
-Logo vocês saberão.
-Agora que você está aqui, podemos ficar juntas novamente – diz Ana – vamos recuperar o tempo perdido, nunca é tarde.
-Isso era tudo o que Diana sempre quis, e se ela estivesse aqui estaria aos prantos e perdoando-as. Vocês não sabem como a vida foi difícil, quando os meninos da faculdade tentavam chegar perto dela, eu já sabia que era apenas para transar, eu colocava os idiotas para correrem. Quando o nojento do amigo de seu pai tentava abusar dela, eu estava lá pra dar um jeito. Ela só queria alguém para conversar e não ficar só, pois esse era seu grande medo. A ideia de viver sozinha para sempre a deixava doida, morrer e ninguém sentir sua falta, de não ser ninguém para ninguém. – as palavras saíram suaves – E onde estavam vocês?
A música começa a tocar e possui o corpo da mulher de vestes brancas contrastando com o batom vermelho. A mesma então solta seus cabelos pretos, e enquanto dança, acende um cigarro Vogue e confere o cartucho de sua arma.
-Não, não. Me perdoe, Diana! Pra mim também não foi fácil, seu pai fez minha vida um inferno tanto quanto a sua, acredite. Mas olhe ao seu redor, olhe para mim, consegui superar tudo e agora podemos te ajudar também.
-Já disse que meu nome é Ane, vadia. Tenho hora marcada no salão hoje, vamos acabar logo com isso.Fortes bastidas na porta são ouvidas quebrando o clima apocalíptico, fazendo os olhares se voltam para ela. Olhares de esperança e olhares de raiva.
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MEDO DO ÍMPAR
Mystery / ThrillerEm um passado não muito distante, tanto quanto as mágoas que a cercavam, Diana já planeja a volta para suas origens e resolver o que atormentava-a. Fazendo aquilo que achava certo, planejando uma volta mirabolante como a rainha do tabuleiro de xadre...