(" ") A casa estava silenciosa, mas gritos ecoavam em outro plano. Ações agressivas e no ritmo perfeito, como já antes ensaiadas...
Zuleide chegava para mais um dia de trabalho, sempre com os cabelos bem presos, e suas roupas bem passadas, leve maquiagem em seu rosto deixando-a mais nova e deixando passar por despercebido as rugas em seu rosto.
O telefone tocou e bastou apenas um neurônio para saber quem era.
–Alô — disse Zuleide já sabendo com quem falava.
–Oi, é a Marcia...
–Vai chegar atrasada de novo, é isso?
–Não, nem vou hoje — disse a senhora com jeito ríspido — Apenas de o recado, por favor.
–Marcia, sua mãe está doente, você não pode perder o emprego, mesmo que...
Ane chega repentinamente e toma o telefone das mãos de Zuleide bruscamente.
–Eu preciso do telefone... prepare uma sopa para dona Ana, ela está se sentindo mal.
–Mas o que ela tem? Está gripada? — perguntava preocupada a doméstica.
–Apenas faça, por favor — logo já teclando os número para telefonar.
Pedro dirigia o mais rápido que podia em direção à casa da família Cardoso, enquanto Alice tentava explicar em meio a tensão que havia no momento.
–Eu não sei, ela não me explicou direito — Alice respirava fundo — Ane apenas me disse que minha mãe estava passando mal e me queria por perto.
–Se acalme, meu amor. Não deve ser nada de mais, sabe como sua mãe é exagerada em tudo.
–Minha mãe estava cega até ontem e você tem a coragem de dizer que é drama?
–Não estou dizendo isso... enfim.
Os 5 minutos restantes antes de chegar na casa foram de silêncio, até Pedro quebra-lo informando de forma simples e direta:
–Vou te deixar no começo da rua e voltar correndo para a faculdade, tenho uma prova muito importante e você sabe como andam as coisas.
–Que seja — Alice já destravava o cinto de segurança e colocando a mão na porta.
–Alice? Te amo.
A casa de dois andares era branca, tinha um jardim bem cuidado com flores e grama em cores vivas, suas janelas e portas estavas fechadas, mas Alice estava tão atônita que nem deu importância, apenas batia com força e apertava a companhia simultaneamente.
A mulher de roupas brancas, boca vermelha abre a porta e Alice entra correndo procurando por sua mãe. O silêncio fazia com que sua voz ecoasse e a deixava mais tensa, até que chega na sala, ouve a porta da frente se fechando com força e suas palavras saem trêmulas.
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MEDO DO ÍMPAR
Mystery / ThrillerEm um passado não muito distante, tanto quanto as mágoas que a cercavam, Diana já planeja a volta para suas origens e resolver o que atormentava-a. Fazendo aquilo que achava certo, planejando uma volta mirabolante como a rainha do tabuleiro de xadre...