As batidas na porta, fazem seu sangue ferver. Havia orquestrado tudo e a ideia de um imprevisto fez sua cabeça estourar em milhões de problemas e soluções. Uma espécie de Big Bang, com explosões, criando o cosmos em expansão.
A enfermeira esperou para que quem quer que fosse, desistisse já que as portas e janelas estavam trancadas.
Para sua frustração, as batidas não cessaram e agora começava a chamar pelo nome de Alice.
Reconhecendo a voz, seu olhar ficou mais negro que o de costume e foi em direção à imensa porta de 1,50x2,10, enquanto encara Ana e Alice.–Se gritarem já sabem né — e deu uma olhada maldosa para o corpo de Zuleide ainda intacto no chão.
As duas assentiram e se entre olharam com o olhar de apreensão, era nítido quem batia a porta.
Com a arma atrás das costas, a enfermeira vai até a porta sem se preocupar em amordaçar suas reféns, ao abri-la encara com um olhar de desaprovação, o homem loiro e de corpo atlético parado em sua frente.
Trocaram poucas palavra e era impossível de entender, Alice olhava para o homem que entrava no recinto, com as costas para forte luz do sol, fazendo apenas ficar evidente sua silhueta.
Talvez pela tensão do momento, Alice não pensou pensou em si, nem mesmo no filho que começava a gerar em seu ventre, apenas gritou:–Fuja, Pedro! — a cena ocorreu em câmera lenta, e as palavras saíram sufocadas. Em sua mente a cena seguinte era Pedro, o amor de sua vida, caindo no chão vertendo sangue.
Foi tudo muito rápido e inesperado, Ana só conseguiu dizer em seus pensamentos "Meu Deus" e ao olhar para a mulher com uma pistola na mão, já sabia que o pior aconteceria naquele filme de terror.
Ana Cardoso já havia passado por muita coisa terríveis, e por isso sabia reconhecer muito bem o roteiro de um filme de terror.
Só conseguiu voltar a viver e superar o inferno que viveu, após começar a estudar psicologia, que aliás sempre fora seu sonho, e entender como funciona a mente humana. Sendo assim, já sabia que no estado em que sua filha se encontrava, seria capaz de tudo.Seus pensamentos são interrompidos por um movimento brusco, Alice levanta rapidamente mas ao ver a arma sendo apontada em sua direção, anda em leves passos.
–Nada disso precisa acontecer — diz Alice com um tom rude — ele não tem nada haver com isso, nem meu filho!
–Ajoelhe-se, vadia – diz isso andando em direção à Alice que recua dois passos — Agora! — grita andando mais rápido.
–Ane... por favor — gagueja Pedro
–Chega disso! Você veio atrás de sua vingança, atrás de mim, — diz Ana levantando-se — deixe-os ir.
Com Alice ajoelhada à sua frente, sendo alvo de sua arma, apenas a esbofeteia e vai em direção à porta para fecha-la.
Pedro corre até Alice para ampara-la que chora com o rosto colado ao chão. É então que vê o corpo da empregada Zuleide em meio a poça de sangue, antes que pudesse raciocinar, o mesmo é puxado trás com a força de dez homens. Tropeçando nos próprios pés, Pedro recua com as mãos na boca, abafando o som de pavor.–Coloque-a no sofá — a enfermeira ordena enquanto retoca seu batom.
Os olhares de Ana e Alice ficaram paralisados, sem entender o que estava acontecendo. Pedro, ergue Alice e coloca-a com cuidado no sofá sem fazer contato visual e tenta ignorar as palavras dela.
–Pedro? O que está acontecendo? O que... que...
–Quem conta? Eu ou você, Número 4?
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MEDO DO ÍMPAR
Mystery / ThrillerEm um passado não muito distante, tanto quanto as mágoas que a cercavam, Diana já planeja a volta para suas origens e resolver o que atormentava-a. Fazendo aquilo que achava certo, planejando uma volta mirabolante como a rainha do tabuleiro de xadre...