APENAS NÓS

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A sala era grande e espaçosa, com uma decoração estilo escandinavo. No sofá cinza estava Ana Cardoso amordaçada e com as mãos amarradas. De frente para escada que levava ao segundo andar, encontrava-se Zuleide Montes com a cabeça mergulhada em uma poça de sangue.
Alice não teve tempo de raciocinar, e cai ao chão com uma coronhada na nuca de uma pistola calibre 22.

Minutos depois Alice acorda com um copo de água sendo jogado em seu rosto. Encontrava-se nas mesmas condições que sua mãe, mas em uma poltrona estofada e com pernas de madeira do lado do sofá.

Além dos rostos cheios de lágrimas, algo a mais havia em comum nas três mulheres. A mulher com a boca vermelha de batom e mãos trêmulas olhava fixamente para as duas sem dizer uma palavra, então coloca a arma na mesa de centro feita de tronco de árvore e levanta-se dizendo:
-Irei tirar a mordaça das duas, se forem burras o suficiente quanto aquela ali –aponta para o corpo de Zuleide imóvel –  é o fim das duas.
Alice comprimindo os olhos e sentindo a dor causada pela pancada na nuca é a primeira falar com a voz falhada:
-O que você quer, Ane? É dinheiro? Você pode levar tudo. Tem um cofre no...
-... no quarto da mamãe com jóias valiosas – completa Diana –  e blá, blá, blá.
Diana levanta-se da poltrona, pega sua arma e começa a andar em círculos ao redor das duas.
-Hora da verdade, somos apenas nós agora.

Pedro estava sentado nas escadarias da faculdade quando percebe que Alice não havia mais lhe mandado mensagem alguma, tenta ligar algumas vezes no telefone da casa mas sempre dava ocupado. Então, decide passar na floricultura mais perto para comprar flores e levá-las para Alice como pedido de desculpas, afinal tinha sido indelicado quando falou sobre sua mãe.

Ao estacionar o carro na rua, uma senhora de rosto familiar começa passa no outro lado da rua, e enfim a reconhece e chama-a:
-Marcia!?
A senhora baixinha tenta disfarçar, mas Pedro atravessa a rua correndo indo em sua direção.

-Pedro, eu tive um problema e não pude ir hoje – já foi logo se explicando – não consegui avisar, mas...
-Sabe se Zuleide foi trabalhar?
-Não sei, ela não respondeu minhas mensagens hoje.
Pedro sentiu um arrepio percorrer seu corpo e volta para o carro sem dizer nada.

-Número um: meu nome não é Ane. É Diana. Número dois: vocês são duas vadias estupidas – gargalhou em um tom assustador – ok, é Ane também. Mas mamãe me deu esse nome, porém agora estou em uma versão melhorada, uma plástica aqui, outra ali e hoje essa deusa que os julga.

Ao início das primeira palavras, um mundo paralelo se abriu. Os pés tocaram o chão e as memórias voltavam com o toque da espada.
O anjo da morte a sua frente, agora negando riscar os sete "P's".

-Eu as condeno.

MEDO DO ÍMPAROnde histórias criam vida. Descubra agora