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Já haviam se passado seis meses, Jungkook continuava internado.

Todos tentavam seguir suas vidas, Taehyung visitava o amigo toda semana, pedia para que ele voltasse e contava tudo o que tinha acontecido naqueles dias com a esperança de que ele fosse o responder todo sorridente; Yeri o visitava junto com Taehyung na maioria das vezes e levava suas flores favoritas ou cartas sobre quanta falta ele fazia; a família de Jungkook o visitava duas ou três vezes por semana, a mãe do jovem sempre chorava por saudade do filho mais novo, seu pai tentava consolá-la prometendo que tudo ficaria bem, mas no fundo estava tão mal quanto a mesma; Seokjin geralmente o visitava à cada duas semanas, mesmo que não fossem próximos o mais velho sabia quanto Jimin o amava; falando no Park... Ele foi o único que não conseguiu seguir a vida.

Não havia um dia sequer que Jimin não estivesse naquele hospital, no começo ele chorava e se culpava na frente do mais novo, mas depois de um tempo ele apenas parecia sem vida. Não é como se ele ainda tivesse uma —pelo menos era isso que se passava na sua cabeça—, ele perdeu o único garoto que o amava independente da circunstância, do seu passado e da sua personalidade. Ele o amou como ninguém, Jimin jurava que aquela era sua alma gêmea, então, como viver sem a sua outra metade? Principalmente depois de conhecê-la.

Park Jimin não era mais Park Jimin, ele não era ninguém. Desistiu de tentar fingir que tudo estava bem e passou a mostrar como estava seu coração: vazio. Ele passava a tarde no hospital segurando a mão de Jungkook, contava histórias sobre sua vida em Busan, coisa que não teve tempo de fazer quando ele estava acordado, falava sobre os planos que tinha para seu futuro juntos, contava sobre Taehyung, sobre Seokjin, sobre todos, dizia as notícias mais recentes de Seul, lembrava do tempo que eles passaram juntos e, por fim de todas as tardes, se declarava e dizia como sentia sua falta.

Ao voltar para casa, ele comia alguma coisa depois de um banho quente, escutava sobre o dia de Jin, sorria e ia dormir para repetir tudo no outro dia.

Ele se sentia perdido, isso não era drama, era dor. Uma dor que parecia inacabável.

— Jimin, eu falei com sua mãe hoje. – Jin falou.

— Como ela está? – Perguntou, com um tom de alguém que não estava muito interessado em saber sobre aquilo.

— Depois de conversarmos muito, nós decidimos que é melhor você voltar para Busan.

— Aham... Espera, o que?

— Isso, voltar para Busan.

— Jin, eu não posso voltar para Busan.

— Eu não aguento mais te ver assim, sofrendo todos os dias, sem querer falar com ninguém além de mim e Taehyung, passando tardes no hospital falando com um rapaz que talvez nem te escute, sem procurar por um trabalho, sem um rumo. É duro te dizer isso tudo, mas você está morrendo e eu não vou ficar parado pra te ver fazer isso sendo que posso te fazer melhorar.

— Um garoto que não me escuta? Jin, é o garoto que eu amo! O garoto que eu esperei por tanto tempo! O garoto com quem eu quero viver pelo resto da minha vida! Eu não estou morrendo, eu fico vivo perto dele.

— Mas ele não vai mais voltar! – Jin gritou.

— Você não sabe disso! – Ele gritou de volta.

— Sua passagem já foi comprada, depois de amanhã você vai voltar para Busan. – Jin falou com um tom rígido, como se aquilo não fosse um pedido e sim uma ordem.

— Eu não tenho mais doze anos, eu posso muito bem decidir o que fazer da minha vida, e eu decido que não vou para lugar algum. – Jimin se levantou da mesa e foi em direção ao seu quarto.

— Ei Jimin. –Seokjin chamou, antes que o mais novo fechasse a porta. — Você acha que Jungkook iria querer isso?

— O que? – A voz de Park falhou e ele deu um passo para fora do quarto.

— Te ver sofrendo, preso à ele, sem seguir sua vida, parecendo infeliz. Do pouco que eu conheci esse garoto, eu sei que o que ele mais queria era te ver feliz, ele não iria querer te prender assim, tente pensar nisso.

— Você está tentando me enganar.

— Não, eu estou sendo sincero. Eu sei que ele jamais iria querer te ver vazio ou triste, ele só quer a sua felicidade. Por favor, volte para Busan e siga a sua vida, seus pais sentem sua falta. – Dessa vez não era uma ordem e sim uma súplica de um amigo preocupado.

— Eu... vou pensar. – E voltou para o quarto fechando a porta.

****

— Oi. – Jimin sorriu, sentando na cadeira ao lado de Jungkook. — Hoje eu não vim contar nenhuma história... Só vim me despedir. Eu vou voltar para Busan. Não é como se eu estivesse te abandonando, por favor não pense isso, eu te amo mais do que tudo, mas Jin me disse que você iria querer me ver sendo feliz ao invés de continuar aqui, então eu achei melhor seguir o conselho dele. Sabe Jungkook, meu aniversário é semana que vem e você tinha me dito que nós iríamos passar esse juntos, mas não cumpriu sua promessa outra vez. – Ele riu. — Mas tudo bem, nunca foi culpa sua, sempre de outras pessoas. Você é tão especial para mim, me fez conhecer a felicidade genuína, o amor de verdade, me ajudou a me livrar do meu passado, eu nunca vou ser capaz de esquecer isso. Sabe, você é incrível. Sério, o garoto mais incrível que eu já vi. Você é bom em tudo que faz, encanta todos com o seu jeito, tem o sorriso mais amável do mundo... Eu não desisti de você e nunca vou, mas estou te deixando ir por um momento. Se você acordar, por favor venha me encontrar, eu queria tanto te ver sorrindo outra vez. Eu te amo, ok? Tente ficar bom logo. – Jimin depositou um beijo na testa do mais novo e jurou sentir ele apertando sua mão, mas provavelmente era só fruto da tristeza em partir, e por fim colocou uma carta na cabeceira da cômoda que estava ali e foi embora.

Dessa vez, não pretendia voltar mais.

「busan boy」 [ji+kook]Onde histórias criam vida. Descubra agora