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   Jeongin guardou seu celular no bolso interno do blazer de seu uniforme. Os inspetores não podiam nem sonhar que o jovem usava o celular todos os dias nas propriedades da escola – cosia essa, que era proibida, mas que tipo de adolescente de 17 anos não quebra regras de vez em quando?

   O ponto é que Jeongin estava encucado. Queria provocar o garoto da sala 2B, mas não sabia como. Sentia que de aparecesse mandando mensagens pra ele do nada, seria bloqueado sem nem ter segundas chances.

   Então, naquele intervalo de quinta-feira, Yang Jeongin decidiu ir em um local nunca antes visitado – a biblioteca do colégio.

   Era muito longe do resto das salas, da cantina e do pátio, por isso estava quase sempre vazia – menos na época de provas, nesses dias Minnie evitava seres humanos ficando em alguma sombra na parte de trás do colégio.

   A propósito, naqueles dias que se passaram, o jovem da sala 2A havia ocupado seus intervalos mostrando fotos de sua próxima presa para algumas pessoas e perguntando sobre ele. Os comentários eram sempre parecidos.

   "Ele é estranho."

   "Ouvi dizer que foi expulso do antigo colégio."

   "Disseram que ele arrumou briga e bateu tanto no outro cara que ele ficou em coma."

   "Não é como se eu acreditasse em tudo mas, você sabe, melhor prevenir do que remediar."

   Jeongin tinha suas dúvidas de que o garoto (cujo nome descobriu ser Seungmin) realmente tinha feito tudo aquilo – ele parecia fofo demais pra fazer maldades. Não era como In, que tinha boca suja e adorava responder, causar discórdia.

   Ele tinha muito mais para ser um garoto incompreendido do que um garoto mal.

   Finalmente chegou na porta da biblioteca. Olhou para dentro pela janela de vidro na superfície de madeira, podendo ver apenas alguns pares de almas vivas. Entre elas, o ajudante da biblioteca e estudante do terceiro ano, Han Jisung.

Ele era popular entre garotos e garotas por ser fofo e de papo fácil, mas Jeongin apostaria toda a sua mesada de que o garoto nem imaginava que era crushado por tantos. Porém, na lista de "tópicos-à-serem-usados-como-chantagem" que Jeongin havia feito de todos do colégio, constava que o garoto Han havia sido pego por um professor lendo livros de alto conteúdo sexual no meio da aula de geografia.

Um livro de fetiches, conteúdo homossexual e, por incrível que pareça, locado da biblioteca do colégio.

Que ironia, não?

Deixando de lado os pensamentos sobre o filho da bibliotecária do colégio, e depois de respirar fundo seu último ar de liberdade antes de se perder no espaço-tempo de ácaros e pó, o jovem abriu a porta e adentrou o local que com certeza faria sua rinite atacar. Se direcionou a mesa de informações e abriu o sorriso mais amigável que pôde para o garoto de traços felinos atrás do balcão.

Era como um gatinho fofo de pelo alaranjado, escondido em um enorme moletom lilás. O nariz vermelhinho e os óculos deslizando pelo seu nariz, os cabelos tingidos de laranja claro pareciam tão macios que o mais novo se segurava para não passar os dedos ali – sempre amou gatos, afinal, mas a alergia que eles lhe davam nem sempre valia a pena.

— Posso ajudar? — perguntou, franzindo as sobrancelhas. Nunca tinha visto o mais novo naquele lugar em sua vida inteirinha.

— Então, hyung, pode sim — começou, sorrindo e apoiando os cotovelos no balcão, para poder falar baixinho com mais facilidade. — Eu estou procurando um garoto de cabelos ruivos tingidos, uma cara de nenê mas que tem uns boatos muito estranhos sobre ele. Sabe onde posso encontrá-lo?

— Jeongin, parece até que você está falando com um mafioso — o mais velho revirou os olhos, carimbando um par de livros e dando um deles para o mais novo. — Seungmin está no corredor da última estante, na mesinha que da pro jardim. Diz pra ele que o livro que tinha na lista de espera chegou.

— Fácil assim? — Jeongin se perguntou em voz alta.

— Vai por mim, falar com ele é mais difícil.

não era para ter sido assim;; textingOnde histórias criam vida. Descubra agora