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   Estavam quase chegando no mercado depois de um percurso inteiro silencioso. Jeongin olhava para a mão de Seungmin a cada três passos, se perguntando se deveria segura-la ou se deveria apenas seguir sua vida como se aquele beijo nunca tivesse acontecido.

   Quer dizer, Jeongin não acreditava até um par de horas atrás que seria aceito tão facilmente, e ainda menos que seria correspondido. Estava com medo de dar qualquer iniciativa e ser rejeitado.

   Apenas te beijei porque você estava desesperado, Seungmin diria, depois ele riria maleficamente e confessaria que tudo aquilo foi um plano para iludir o aniversariante por ter sido uma pessoa tão ruim para tantos outros antes. Jeongin já se imaginava jogado no chão e gritando "nããããooo" enquanto olhava para o céu e se perguntava o porque de tanta dor.

   — Jeongin? — Seungmin chamou, impaciente, talvez pela quinta vez, estalando os dedos na frente dos olhos do rapaz. — Aonde fica o mercado, doido?

   — Eh — por um instante, ele perdeu o fio da meada, a noção de espaço e o senso de direção, precisando olhar em volta de si e teria tido um piripaque se não tivesse avistado o mercadinho logo ali, do outro lado da rua. — É ali, ó — apontou.

   Seungmin olhou para os dois lados da rua e segurou na mão de Jeongin, para então correr puxando o mais novo consigo até o outro lado, a tempo de um carro passar bem rápido por suas costas. Jeongin achou que ia morrer ou desmaiar ali mesmo.

   — Você tá doido, macho?! Queria me matar no meu aniversário??

   — Shh você grita demais — concluiu, puxando a mão de Jeongin com a sua para dentro do bolso de sua jaqueta. — Estamos bem, não estamos?

   — Podíamos ter morrido!

   — Aí seria lucro.

   Jeongin lhe deu um soco no braço.

   — Nunca mais diga isso, palhaço.

— Você é muito agressivo, Jesus — passou a mão no lugar do soco com uma cara insatisfeita. — Mas eu perdoo, só porque é seu aniversário.

Jeongin revirou os olhos, e acabou percebendo que sua mão estava junto com a de Seungmin. Seu rosto ficou todo vermelho, e ele se perguntou quando e como que ela chegara lá, mas fingiu que não estava abatido.

— O que precisamos comprar, mesmo? — perguntou, disfarçando o nervosismo e mexendo na barra de seu moletom rosa bebe.

— Gelatina ágar-ágar, glucose de milho e emulsificante — repetiu. — Essas são as coisas bizarras que precisamos pra fazer marshmallows.

— Meu, isso já não é mais uma receita caseira, virou art attack — ironizou, porque só agora tinha prestado atenção que precisavam dessas coisas. — A gente tá indo no mercadinho da esquina, Seungmin, não pro laboratório da NASA.

O mais velho caiu na gargalhada e soltou a mão de Jeongin, apenas para poder passar seu braço pelo ombro dele. O clima estava frio e nublado, mas o corpo do Yang parecia pegar fogo.

— Pois é, não vendem essas coisas em mercado, só em loja de confeitaria. Eu já trouxe os ingredientes pro marshmallow de casa, não sou trouxa, sei o quanto é difícil achar.

— É o que?! — arregalou os olhos, respirando fundo para não bater no mais velho. — E o que a gente veio fazer aqui, então?

— Temos que comprar as bolachas e o chocolate meio amargo, ué.

— Meu, mas você pensa em tudo?

— Penso, inclusive o mercado foi uma desculpa pra passar um tempo sozinho com você — aí não teve outra, o coração de Jeongin quase saiu pela boca. — Você fica bem fofo vermelhinho e tímido pela situação.

   — Para de falar assim ou eu vou gritar!

   — Não grita não, vai — pediu de novo. Os dois entraram no mercado e decidiram ignorar qualquer olhar que caísse sobre eles, afinal, Jeongin nunca tentou esconder sua orientação sexual, e Seungmin tinha desistido de se importar com o resto da sociedade há muito tempo.

   Eles ficaram em silêncio de novo, e isso deixou Jeongin preso com seus próprios pensamentos.  Sentiu a pulseirinha de miçanga no seu pulso e se lembrou do que ele havia dito por mensagem.

"Vamos ver se você merece descobrir", era provavelmente disso que ele estava falando, né? Mas por que?

Os olhos de Jeongin passearam, então, pela mão de Seungmin do braço que estava circundando-o pelo ombro. Ele sabia que Seungmin tinha muitas pulseiras de miçanga, mas nunca tinha prestado atenção nelas e agora estava curioso.

   Pegou a mão dele, esquerda, do braço que estava em seus ombros, e entrelaçou os dedos com sua canhota. Com a outra mão, levantou a manga do casaco de Seungmin, que não tentou contrariar – já pegava uma cesta de compras e lia as placas para saber em quais corredores tinha que ir.

   O Yang ficou distraído ali, contanto as pulseiras pelo braço de Seungmin, e só ali já tinham umas doze. Algumas eram finas e coloridas, outras eram grossas e pretas, algumas removíveis e outras só sairiam se ele decidisse corta-las fora.

   Decidiu colocar todos os nós para o mesmo lado do braço, e começou a ajeitar as pulseiras, estranhamente entretido. Viu um par de conchas com linhas de cores arenosas, uma pulseira de bolinhas amadeiradas que pareciam ser de algum templo budista, uma fininha com as cores da bandeira assexual e varias miçangas de triângulos, e mais uma com as cores do arco-íris.

   Sorria, mexendo nelas, e uma chamou sua atenção: linha preta, com varias miçanguinhas vermelhas, a não ser por uma roxa no meio da pulseira. Olhou para seu presente amarrado em seu braço direito e sorriu ainda mais.

   — Elas se completam — murmurou, sem perceber, mas Seungmin escutou e abriu um sorriso.

   — São como Ying e Yang — respondeu, no ouvido do mais novo, que estremeceu por um instante. — Diferentes que se completam, que nem eu e você.

   Jeongin o olhou, com as bochechas vermelhas e um sorriso bobo no rosto.

   — Meu, para, eu quero muito te beijar agora e se você ficar agindo assim eu não vou conseguir me segurar.

   Os dois entraram em um corredor sem ninguém, e isso foi uma deixa para Seungmin deixar um selar demorado nos lábios de Jeongin.

   — Não precisa se segurar tanto assim.

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Perdão, eu demorei
Mas aqui está rs <3
Lov vcs

não era para ter sido assim;; textingOnde histórias criam vida. Descubra agora