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   — Sai de perto dessa porta, Daehwi! — Jeongin gritou da cama para o amigo, que ria extremamente alto destrancando a porta do quarto do Jeongin.

   — Aí Jorginho me poupe! — se irritou, revirando os olhos pro amigo. — Você acha mesmo que o Seungmin não tem a menor ideia de que é você??

— Mas ele nunca disse nada-

— Jeongin, pelo amor de Deus — negou com a cabeça. — Você é mais óbvio do que o céu é azul.

— A-

— "Ah" nada, palhaço — o garoto abriu a porta rindo da cara de banana que o aniversariante estava fazendo. — Você vai conversar com esse menino, vai dar um beijo nele e só depois você vai sair.

— Eu não quero beijar o Seungmin!

— Quer sim! — Hyunjin gritou da sala, fazendo todo mundo rir mais e o garoto mais novo esconder o rosto no meio dos travesseiros.

— Eu não acredito que vocês estão me fazendo pagar tanto mico no meu aniversário! — bufou, ainda com a cara no travesseiro. — Sério mano, tantos anos pra ser sofrido desse jeito e vocês decidem justo no ano que vem o menino que eu gosto, mas não é possível!

— Ué, achei que você não tinha mais crush em mim — Jeongin escutou a voz de Seungmin perto de si e sentiu que seu rosto estava ficando completamente vermelho. Não era possível.

   — Aí Seungmin me erra, não to pra gracinha — disse estressado na defensiva. Escutou o barulho da porta fechar e depois seu colchão afundar do seu lado. O coração do In estava batendo extremamente rápido, mas fingiu não estar abalado. — Você não está bravo?

   — Por que eu estaria?

   In tirou seu rosto vermelho dos travesseiros e encarou Seungmin, agora com cabelos castanhos escuros mas ainda com alguns reflexos meio avermelhados. E soube que Nancy estava certo, ele estava gato pra caralho.

   Escondeu o rosto de novo nos travesseiros e bufou.

   — Sei la, você meio que me odeia, não está decepcionado ou bravo por ser eu?

   — Jeongin, qual é — começou, rindo do mais novo e passando a mão em seu ombro. — Era óbvio que eu já sabia que era você.

   — Mentiroso!

   — É sério — riu, cutucando o pescoço do mais novo para fazê-lo ter alguma reação.

   — Mas como você sabia, então? — segurou a mão do mais velho para que parasse e virou para ele, prestando atenção.

   — Quer saber mesmo como eu descobri?

   — É, ué, foi isso que eu perguntei.

   — Okay, vamos só dizer que eu sempre tive uma pequena ideia de que era você — confessou, se jogando na cama ao lado do aniversariante, que recuou um pouco.

   — Como?

   — Humm — murmurou, olhando para cima, e começando a listar enquanto levantava os dedos de sua mão. — Você sempre falou muito da Nancy nas mensagens, na mesma época que "por acaso" ela acabava sempre conversando muito contigo na vida real. Você também sempre jogou verde sobre estar afim de mim e ser um garoto, e da ultima vez que eu parei pra checar, não tinha tanta gente lgbt assim na nossa escola.

   — Nossa eu realmente não estava escondendo nada.

   — Nop — o Min riu. — Mas acho que o que entregou de verdade foi, nessa semana, quando você encontrou o Soobin e pediu desculpas para ele. Você não me viu, mas eu estava ali perto quando você mandou todo aquele discurso sobre "acordar pra realidade", que foi muito parecido com as mensagens que eu tinha te mandado um dia antes.

— Mas eu não sabia que você estava escutando.

— Eu sei, e foi por isso que eu parei de agir cuzão com você, porque eu achei que você aprendeu bem sua lição.

O In riu, negando com a cabeça e se virando na cama para encarar o teto, assim como Seungmin já fazia.

— Mano, você me matou do coração. Sabe o que é vender sua alma pro demônio por cansar da exaustão que a ansiedade dá? Foi tipo por isso que eu passei.

O mais velho riu e se virou para sua mochila no pé da cama, pegou o livro que havia acabado de ler.

— Eu sei que eu te assustei, por isso eu trouxe algumas coisas pra me reconciliar — mostrou a língua, entregando o livro. — Tipo isso aqui.

— Nossa, você lê rápido demais.

— Eu sei — riu, dando de ombros. — Ainda mais quando o livro é muito bom.

— Acho melhor você estar certo, em?

— Pode confiar.

Os dois já haviam se sentado, de pernas cruzadas um para o outro, enquanto Jeongin se concentrou em observar a capa bonita do livro. Seungmin puxou sua mão esquerda para o seu colo e a posicionou em sua coxa, tirando o pacotinho de papel do bolso. Desdobrou a ponta e tirou de lá uma pulseirinha: miçangas roxas enroladas em linha preta trançada, a não ser por uma única vermelha no meio da pulseira, que era um pouco maior do que as outras.

Posicionou a pulseira sobre o braço do mais novo.

— Agora, eu vou fazer três nózinho e, pra cada nó, você tem que fazer um desejo, okay?

— Em voz alta?

— Não, só na sua cabeça tá bom.

— Eu não sei o que pedir...

— Só siga seu coração — Seungmin sorriu, olhando nos olhos de Jeongin que ficou com o rosto inteirinho vermelho. — Pensou?

Concordou com a cabeça, mesmo sendo mentira. Não sabia o que pedir com alguém como Seungmin tão próximo de si.

O primeiro nó foi feito e Jeongin pediu pela primeira coisa que veio na sua cabeça – a legalização do casamento LGBT na Coreia do Sul.

O segundo nó se foi e Jeongin desejou que Seungmin fosse mais devagar, para dar tempo de pensar em algum desejo.

— Você está indo rápido demais! — exclamou, quase puxando o pulso de volta para si.

— Desculpa, esqueci que era sua primeira vez...

— Aff que impaciente — Jeongin murmurou, fechando os olhos e pensando em algum desejo bem bobinho, como que Seungmin lhe desse um selinho, porque era o que realmente queria naquele momento.

— Posso fechar?

— Pode, vai.

E então, Seungmin deu o último nózinho, e deu também um selinho nos lábios de Jeongin, que abriu os olhos na hora ficando estático. As bochechas do aniversariante ficaram totalmente vermelhas e mesmo que o toque tenha durado só uns dois segundos, foi mais do que o suficiente para quase matar o coitado do coração.

Seungmin se levantou, como se nada tivesse acontecido e pegou sua mochila do chão.

— Você- você acabou de-?

— De te beijar? Não, foi só uma ilusão — deu uma piscadinha para o mais novo, que soltou um som estranho, agoniado, e tampou sua boca com suas mãos. — Que som foi esse?

Jeongin quis responder mas parecia que sua língua tinha virado gelatina, como se tivesse beijado pela primeira vez e como se aquele selinho simples fosse muito mais. Não sabia porque estava assim, era a primeira vez que se sentia molenga daquele jeito por causa de uma pessoa real, por alguém que não fosse, sei lá, Kim Namjoon.

Como estava avoado, não prestava atenção em nada que Seungmin dizia, mesmo que o mais velho passasse a mão na frente de seu rosto, ou que chamasse seu nome, apenas acordou novamente quando sentiu os lábios rachadinhos contra os seus novamente.

Dessa vez deu um pulo para trás e fez o som estranho de novo, mas sentiu que o mais velho segurava seus pulsos para que não ficasse longe demais.

— Você fez de novo!

— Sim, eu fiz — sorriu, um sorriso que acabou com o coração de In. — Agora para com suas paranóias e vamos fazer alguns S'Mores.

não era para ter sido assim;; textingOnde histórias criam vida. Descubra agora