Olhei pela janela às cinco e dez, da manhã. Estava frio. Eu ia morrer de frio só com o vestido, mas aguentar-se-ia.
Ainda estava muito silêncio, tudo sossegado. Estava com uma música na cabeça e cantarolava-a baixinho para mim, enquanto me arranjava. Klaus tinha ido tratar do pagamento e das coisas para irmos embora.
Levaram as nossas malas para baixo, e de seguida para o carro dele.
- Pronta? – Perguntou-me ele enquanto eu punha o telemóvel na mala.
- Sim. Estava a mandar uma mensagem à minha mãe a dizer que vamos agora para o aeroporto e que depois, quando lá chegasse-mos que lhe ligava.
Ele enrolou o braço na minha cintura e encaminhou-me pelos corredores para o elevador. Descemos, agradecemos em francês a estadia, e saímos para a rua ainda escura.
Estava o lobisomem chinês à porta.
- Outra vez o senhor. – Disse eu repulsivamente.
Ele sorriu-me, mostrando os dentes, e eu reparara que lhe faltava uns dois ou três. – Eu tive a pensar. As bruxas deviam ficar satisfeitas se te entregasse. Tanto a ti, aberração da natureza, e a ti, bruxa, que traíste todas as tuas irmãs e antecessoras.
- Oh, a sério? Tenho pena de as ter desiludido mas é a minha vida e tenciono vivê-la como pretendo. Agora saia-nos da frente, temos um avião para apanhar.
- Sim? Tenho pena que não lá cheguem.
- Tem a certeza que não chegamos? – Falou Klaus finalmente. Os olhos estavam vermelhos.
- Sim, porque trouxe reforços. – Apareceram mais lobisomens, supunha eu.
- Por a caso sabes o que fazem os híbridos aos Lobisomens com uma simples mordida?
- Tanto como um vampiro. Mata-nos. Mas nós somos mais.
- Esqueceste-te de uma coisa. Eu sou o vampiro mais velho de todos os tempos e o lobisomem que nunca, mas mesmo nunca, com nada nem ninguém morre.
Um por um, Klaus derrubou-os. Nenhum tinha oportunidade de se desviar sequer. Pegou na minha mão e fomos para o carro.
Clareei a minha voz. – Mataste-os a todos?
- Não matei nenhum. A mordida de um lobisomem para outro não faz nada de especial e junto com veneno de vampiro só os pára durante um bocado.
Fiquei mais aliviada.
Quando chegamos ao aeroporto, entramos no avião e partimos.
Eu já sabia que lá era muito chuvoso, e muito escuro.
Abri a janela do hotel e espreitei para toda a paisagem que se podia ver daquele décimo andar. Não estava muito vento, só mesmo o frio de rachar. Agarrei-me a Klaus, apesar de ele não me aquecer lá muito.
- Isto é sempre assim aqui? – Perguntei-lhe, dizendo asneiras para dentro, porque ainda não vestira eu calças de ganga se já me podia trocar?
- Sim, normalmente, as temperaturas máximas de Verão são cerca de vinte e quatro graus. – Franzi o rosto todo.
- Eu não me aguentava a viver aqui.
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The Triple Hybrid (Versão Portuguesa)
VampireApenas num piscar de olhos, as coisas mudam, mesmo que nós não queiramos, as coisas mudam e, as coisas que devem realmente mudar, não mudam. Caroline Forbes, apercebe-se de uma realidade completamente diferente que ela tinha imaginado. ...