Thirty eight

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Um dos momentos mais importantes da vida é aquele em que você começa a definhar emocionalmente, psicologicamente. É a estação onde a criança morre dentro de si e seus olhos são abertos para o terror, que aos poucos torna-se menos soturno. Se cola na alma a interrupta vontade de retroceder o tempo e curar as feridas, ou pelo menos, ser capaz de fechar os olhos e chorar, sem prejuízos.

A vida parece correr tão rapidamente, como se já não tivesse mais o que se fazer, como se estivesse a definhar aos poucos com saúde, a espera de uma morte que não vem. E sobre aquele assoalho desconfortável dois corpos definhavam gradativamente, o cheiro agressivo da seiva rubra que escorria pela tez angustiada de Jimin e Jin perfumavam o canto isolado, enquanto Namjoon, mais a frente, proferia palavras pesadas nos intervalos em que não estava sendo esmurrado.

Embora o sangue da pele de Jimin aparentasse estar quase estancado, não se podia dizer que ele estava melhor que Jin. O mais novo mal conseguia abrir os olhos e a boca inchada pelos cortes suplicava por um gole de líquido, sede esta também por uma gota de esperança. Jimin respirava com agrura, o que preocupava Jin ao seu lado.

-Chim, respire fundo, vai ficar tudo bem.-O mais velho tentava forçar um sorriso casto enquanto Jimin empenhava-se em guardar o choro que se embargava em sua garganta.

Era aquela situação que ele temia desde o começo, todos em apuros por sua culpa. Tudo que ele mais desejava era sair dali com seus amigos ilesos e dizer a Jungkook o quanto o amava...

Jungkook.

-Onde...Jung...kook...

-Desculpe Chim, Namjoon disse que não seria certo trazê-lo.-Jin suspirou de dor ao se aproximar de Jimin- Talvez porque ele não queria que Jungkook soubesse sobre...

-Jonghyun.-Disse o mais novo rapidamente, voltando sua atenção para Namjoon que gritava de dor alguns metros distante dali.

Jin virou o rosto entristecido.

Talvez uma das mais amargas desgraças seja assistir a dor alheia, a dor de quem se ama. Quando divide-se a alma com outra pessoa, a dor desta é multiplicada, de forma consciente e irreprimível. Um choro compartilhado, um aperto sentindo por dois.

-Nam...Joon-Jimin disse com dificuldade, tentando se mover para próximo de Jin, sentia que podia apagar a qualquer momento.

Mas Era Jin quem tinha sangue escorrendo abundantemente do ombro, com a mão sobre o buraco da bala que parecia queimar como o inferno por dentro dele, o mais velho estava criando uma força quase descomunal para não gritar de dor, mas ele não queria preocupar nem Jimin, nem Namjoon que não parava de olhar para ele com preocupação.

Levar um tiro não é como nos filmes onde o mocinho leva mais de três tiros e ainda consegue sair andando e carregar armas para atacar os inimigos. Naquele momento tal fantasia estava bem longe de ser real, pois embora Jin houvesse sido baleado no ombro, muito mais do apenas músculos tinham sido prejudicados, tudo ao redor fora atingido, fazendo nervos e vasos sanguíneos se romperem com uma violência assustadora. Se ele estava resistindo ali era porque realmente estava se esforçando e aquilo não estava saindo de graça.

-Jin, você...-Jimin tremia enquanto tentava abrir mais os olhos para enxergar o ferimento de Jin, era lamentável o estado do menor.

-Calma criança, eu vou ficar bem okay? Isso não é nada. Nós vamos sair daqui vivos, te prometo.

Mas ele não tinha certeza de nada. Promessas sempre passam confiança, não é?

Namjoon estava isolado naquele assento em meio ao salão, rodeado pelos trogloditas que por tanto tempo evitara sagazmente, desviando de pedras que agora esmurravam seu corpo sem dó, consequência de seus próprios atos no passado. O karma nem sempre é justo e benevolente, e Namjoon sentia na pele a dor do arrependimento, do medo e da dúvida.

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⏰ Última atualização: Dec 15, 2019 ⏰

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The Killing moon • Jikook {pjm▪Jjkg}Onde histórias criam vida. Descubra agora