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Imediatamente fiz as malas.

Falei com a minha mãe, peguei um taxi e eu fui passar uns dias na casa dos meus avós, a minha mãe não me entendia muito e também não tentava entender, então nem sequer questionou. Meus avós moravam em uma cidade próxima, uma hora de carro no máximo e eles adoravam me ver.

Após uma viagem meio cansativa, cheguei, e lá estavam. Eu amava a casa deles, era pequena, mas moderna, havia ar-condicionado em toda casa, uma piscina embora eles raramente usavam, os meus avós gostavam de ostentar.

– Olha só, meu pequeno homem – disse o vô ao me ver.

– É muito bom lhe ver, querido – disse a vó me dando um abraço.

– Desculpa, não deu tempo de avisar, tudo estava muito estressante por lá – eu disse.

– Você é sempre bem-vindo aqui, querido – eles disseram.

Eu me acomodei.

O bairro era tão calmo que dava para escutar o vento. Um lugar perfeito para pensar já que eu tinha finalmente decidido dar um fim na vadia da Natasha.

Pensei em várias formas de dar um fim nela, mas em quase todas as minhas teorias, não funcionava, exceto na que ela morria.
Quando pensei naquilo, algo em mim gelou.
Que tipo de ser humano mata outro?
Não sou um assassino, não posso fazer isso. Mas não posso perder para ela. Eu queria tudo igual, e eu faria qualquer coisa para isso.

O porão dos meus avós era praticamente uma biblioteca, lá tinha livros sobre tudo, inclusive sobre como matar e esconder um corpo, o porquê de terem esse tipo de livro, acho que eu nunca vou saber.
Mas ler era a única opção, jamais confiaria na internet para pesquisar esses assuntos.

Eu li vários livros e vi todas as temporadas How to get away with a murderer.  Sabia exatamente o que fazer. Eu a mataria, mas faria parecer ser suicídio. Era uma ideia louca mas fazia todo sentido.

Meu celular vibrou, era uma mensagem do Bran.

O peguei rapidamente.

- Johny, onde você está?

- Agora se importa?

- Do que você está falando, cara? Estou preocupado.

- Minha avó está doente, vou passar uns dias aqui, tchau.

Eu tinha que mentir, não podia falar que sair por um tempo para planejar a morte da vadia que gostava dele.
Uma semana se passou. Eu estava pronto, li o suficiente para não falhar.

Uma semana se passou.
Voltei para a minha cidade de merda e tinha que ir pro colégio de merda.
Desta vez caminhei sozinho até o colégio e lá estavam todos eles no mesmo lugar de sempre.

– Olá pessoas – eu disse fingindo estar animado.

Todos responderam.

Natasha estava compartilhando o fone de ouvido com o Bran, e usando seu suéter favorito. Aquilo me destruiu, aquele suéter era mais que só poliéster, era algo que importava demais para ele e ela estava usando. Mas eu tinha que fingir não me importar.

– Como está a sua avó? – Bran perguntou com um tom de voz frio.

– Melhor. Não era tão grave assim, mas ela fez questão que eu fosse vê-la – eu respondi com um sorrisinho.

– Ei, Johny. Vamos todos ao cinema hoje quando as aulas terminarem, vamos com a gente – Lydia disse.

– Ah. Que pena não vai dar, vou na casa de uma pessoa – falei com sorriso bobo.

Naquele momento o Bran me olhou com um olhar de: ''Mas do que diabos você está falando?''

Mas desta vez eu não retribui com um olhar, olhei para o lado, peguei meu celular e mostrei memes para a Lydia.

O sinal tocou. Todos nos preparamos para ir, então o Bran pediu que eu ficasse e todos foram para sala.

– Tudo bem? – ele perguntou.

– Sim, estou ótimo – respondi.

– Eu sei quando você mente, não esqueça que eu te conheço – ele disse.

– Será mesmo? – respondi com um sorrisinho.

– Não me provoca, garoto. Está querendo apanhar? – ele disse sorrindo.

– Você é fraco, lhe falta ódio. Seu fracote – eu disse.

Então ele riu e me deu um abraço tão apertado que eu podia sentir a sua saudade.

Mas aquilo não melhorava as coisas, enquanto a Natasha estivesse entre nós, nada estaria perfeito.
Fizemos nosso comprimento e fomos para nossas salas. 

B R A NOnde histórias criam vida. Descubra agora