Capítulo 11 - Tempo para a Música

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      Após levarem Aleksei para uma consulta secreta e não agendada na clinica Kihara, ele foi atendido pela doutora Ly. E para o grande alívio de todos, o líder dos Caçadores não havia sofrido uma lesão grave. O diagnóstico ficou limitado a uma torção no tornozelo e uma pancada forte no fêmur. A dor ainda o acompanharia por alguns dias, mas nada que pudesse impedi-lo de voltar à ativa após um dia de descanso longe da ação.

      Aleksei e Yelena, que foram os que mais se sujaram durante a chacina dos Nômades, tomaram um rápido banho e trocaram de roupa antes de retornarem ao Lancer.

      Fazendo um balanço geral, a missão de patrulha daquela noite, apesar de tensa e turbulenta, foi considerada um grande sucesso. Além da captura do perigoso trio de criminosos, eles chegaram a um número bem expressivo de Nômades abatidos. Tantos que nem conseguiram contar com exatidão; fato que acabou sendo comemorado por dois Caçadores, que poderiam ter sido ultrapassados se Yelena também fizesse parte de uma certa disputa e as criaturas abatidas entrassem na sua contagem de corpos.

      De qualquer forma, apesar da confirmação de que não houve ferimentos graves, o susto pelo qual passaram por quase perder um companheiro de batalha deixou uma ponta a mais de preocupação no grupo; preocupação que se intensificava na medida em que viam o companheiro se movendo de muletas em direção àquele obscuro monumento erguido a poucos metros do Palácio Imperial de Kyoto.

      A menos que enfrentassem imprevistos, eles sempre paravam ali antes de voltarem das missões de patrulha.

      Aquela parada já era quase um ritual.

      Com dimensões de quatro metros de altura, por três e meio de largura, e contando com uma espessura de vinte centímetros, o monumento colossal fora erigido em homenagem às mortes ocorridas nos ataques noturnos. Os nomes de todas as vítimas estavam gravados naquela enorme pedra retangular de mármore negro, que fora cortada de maneira artesanal, formando o ideograma que significava a palavra morte.

      E os nomes das vítimas foram escritos sulcando a superfície da pedra, acrescentando naquelas ranhuras uma tinta de forte tom vermelho, lembrando sangue. E ao lado de cada nome, fora colocada também uma foto, com a inscrição da idade logo abaixo. A cada vítima que era confirmada, o responsável por aquele monumento tinha a obrigação de fender a pedra com os seus instrumentos cortantes e usar seu talento para esculpir um novo nome, sempre acrescido da idade e foto.

      No total, cento e cinquenta e oito nomes estavam gravados nas faces frontais que formavam aquele ideograma gigante.

      Cento e cinquenta e oito vítimas fatais dos Nômades...

      O objetivo do monumento era simplesmente chocar as pessoas que o vislumbrassem, obrigando-as a levarem mais a sério o risco que corriam.

      Mas não chocava tanto quanto deveria. A maioria até passou a tomar mais cuidado e o número de passeios noturnos diminuiu, mesmo assim, não cessou por completo.

      Como consolo, o responsável por aqueles nomes teve um descanso nos últimos dias; o número de vítimas não cresceu.

      Vislumbrar de perto aquele símbolo gigante não era algo exatamente agradável de se fazer, mas o choque de realidade ao contemplarem diante dos olhos as inúmeras vítimas fatais das criaturas funcionava como um estímulo a mais.

      Principalmente, porque muitas delas eram crianças e até bebês.

      E o mais chocante era constatar que as fotos utilizadas não foram escolhidas de momentos felizes em vida, como normalmente acontece, onde a imagem de um semblante sorridente é colocada para servir de última lembrança. Naquele monumento à morte, todas as fotos ali colocadas foram tiradas no local onde as vítimas perderam as vidas. Fotos coloridas, mostrando-as com os olhos fechados e, quase sempre, com manchas de sangue no rosto.

Legado da Destruição 2 - Poder DespertoOnde histórias criam vida. Descubra agora