Maks se levantou com um pouco de dificuldade, com uma das mãos protegendo o lado esquerdo do peito onde recebera o chute. Misaki se aproximou e olhou para o Nômade abatido, perguntando imediatamente se haviam mais alguma criatura daquelas por perto. Enquanto Maks e Kaneda afirmavam juntos que não, os olhos do tenso gigante oriental varriam todo o local na procura de Ayumi,
E, para seu alívio, conseguiu avistá-la agachada perto do portão, encolhida contra a grade. Após gritar o nome da menina, correu até ela, que se ergueu e estendeu os braços na direção dele para recebê-lo. Ao chegar, Misaki a abraçou e a trouxe para o colo. Ela quase desaparecia envolta nos braços do grandalhão nipônico.
— Calma, meu anjo, está tudo bem agora. — ele sussurrou ao ouvido dela, a mão posta sobre sua cabeça de maneira protetora, procurando mostrar à pequena e assustada criança que ela estava segura. — Tio Misaki está aqui. Já vamos voltar para casa, tá?
Após acalentar a criança, virou-se na direção de Maks, agora vociferando com sua voz de trovão. — Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?! — Ayumi se encolheu em seu colo, assustada com aquele som cavernoso e amedrontador ressoando tão perto, forçando-o a se calar, arrependido. E após usar sua gigantesca mão para cobrir a cabeça da menina num gesto acalentador de desculpas, Misaki abrandou o tom de voz nas próximas palavras, embora sua indignação com aquela situação toda ainda se mantivesse elevada. — O que você está fazendo aqui fora, Maks?
Espantado, Maks olhava para a criança no colo dele. — Essa é a Ayumi...? A filha do Kihara? — murmurou. — Ela estava aqui?!
— Estava... — Passou a mão gentilmente sobre a cabeça da criança pela centésima vez, ainda trêmulo por dentro pelo choque de vê-la ali fora. Principalmente, pelo fato de ter um cadáver Nômade tão perto. Imaginou que ela tivera um pesadelo e saiu da casa assustada ao se ver num lugar estranho. — Mas o que eu quero saber também é o que você e o Kaneda estão fazendo aqui fora! — Olhando agora ao longo da rua, ficou em alerta por um segundo ao perceber um grupo de pessoas se aproximando, mas logo relaxou ao reconhecer que se tratava do restante dos Caçadores. — Vocês sabiam que a Ayumi tinha saído e vieram atrás dela? — questionou, passando a olhar para o lado, de relance, onde estava o corpo caído. — Ou vieram só caçar esse Nômade!?
— Não... sei — Maks respondeu, perdido, com os olhos pousados sobre o Nômade.
— Pelo jeito nem sabiam que ela estava aqui — deduziu. — Mas tenho que agradecê-los. Acabaram salvando ela.
"Maks!?"
Ele acabou ignorando o chamado. Tudo estava nublado na sua mente, como se acabasse de acordar de um pesadelo, mas que fora totalmente apagado antes de despertar. E foi surpreendido pelo toque de Yelena, que chegou nele antes dos outros. As mãos da Caçadora lhe envolveram o rosto com gentileza e preocupação, percebendo os resquícios claros de sangue na face. — "Maks, o que houve...?" — Seu olhar apreensivo procurou por ferimentos, mas ela suspirou aliviada quando não encontrou nenhum. — "Você está bem?"
"Eu... não sei..." — A mão dele se ergueu e foi levada à própria cabeça, ao mesmo tempo em que fechava os olhos com força. Mas não era devido à dor. Buscava apenas se lembrar de como veio parar ali.
— Veio caçar Nômades, né!? — acusou Mikhail ao se aproximar de Maks depois da breve corrida. Aleksei e Dmitri chegaram quase ao mesmo tempo.
— Tem mais algum Nômade por perto, Maks? — Dmitri olhava para os lados, tenso, as Desert Eagles empunhadas de maneira firme, prontas para qualquer eventualidade. Mas sua postura de soldado em alerta acabava sendo prejudicada pela vestimenta que usava; um pijama de flanela amarelo com um enorme Charmander estampado na parte frontal.
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Legado da Destruição 2 - Poder Desperto
AvventuraCinco estrangeiros sem memória unidos numa missão de caça. Uma legião de criaturas assassinas vagando livres pelas ruas. Um departamento de polícia covarde e manipulador. Uma cidade assolada pelo medo. Em meio a esta realidad...