Capítulo 13 - Sorte

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      "Yelena?" — Maks moveu quase que apenas os olhos para o lado e observou a amiga Caçadora, que estava com o rosto baixo, ocupada em saborear o conteúdo de seu prato. E, assim de perfil, o que lhe destacava era seu nariz romano bastante proeminente, que parecia grande demais para seu rosto anguloso. Sua cútis, ele também notou, isenta de qualquer traço de maquiagem, era pontuada com algumas marcas vermelhas de espinhas, especialmente nas maçãs e no queixo, o que não diminuía a aparência de maciez e suavidade. O único adorno que se permitia usar era um simples par de brincos prateados em forma de triângulo, que pareciam simular pontas de flechas apontadas para baixo. — "Está enganada, Yuko. Ela é só quieta."

      "Eu estou invadindo o espaço dela, Maks. Ela era a únca garota aqui. E agora, tem eu também."

      "Não se preocupe. Ela não liga para essa coisa de invadir espaço. Devia ter visto ela em ação...! Ela dilacerou praticamente um exército inteiro de Nômades sozinha!

      "Bom, mesmo ela sendo a melhor, mais forte e mais eficiente de vocês, ela continua sendo uma mulher.

      "Sim. Mas... por ser uma Caçadora, ela é diferente."

      "Mas, para ela, ainda acho que minha presença aqui é sim uma espécie de invasão."

      "Ela é uma guerreira. E nem é do tipo... vaidosa." — Após dizer isso, ele tentou complementar seu argumento com uma comparação que achava mais contundente: — "Existem as mulheres que tem o sonho de colocar silicone nos seios para ficarem mais bonitas. E tem outras que arrancariam os seios para se tornarem mais aptas para o combate. Yelena é desse segundo tipo, tem alma de amazona. É uma guerreira nata.

      "Que horror, Maks!" — Yuko retorceu a face numa careta, ficando estarrecida pelo comentário. — "Arrancar!? Não acredito que falou isso!"

      "Mas esse comentário não é meu" — ele logo tentou se defender. — "Na verdade, é o Dmitri quem diz isso."

      "E você está repetindo isso para mim!" — ela o cobrou, e o tom acusatório fez com que o Caçador compartilhasse da culpa que tentou atribuir ao amigo.

      "É só uma maneira de falar..." — A voz mental dele era apenas um murmúrio na tentativa de se justificar; e Yuko respondeu com o olhar ainda insatisfeito, fazendo-o baixar a cabeça, sentindo um arrependimento sincero pelo que havia falado.. — É... você tem razão. Desculpe..." — Olhou, então, para o lado, com uma aura de culpa ainda pairando em seu semblante. E, Yelena, percebendo aquele movimento de rosto na sua direção, virou-se para ele, que exibiu um sorriso amigável e perguntou: — "E o que está achando da comida?"

      "Hmmm..." — Ela fechou os olhos enquanto saboreava a lasanha numa mastigação mais lenta. — "Está divina, Maks. Nunca comi algo tão gostoso na minha vida inteira! Apesar de minhas lembranças se limitarem a alguns meses..." — Em seguida, voltou os olhos para frente e fez um gesto bastante claro de que estava gostando muito do jantar. Um elogio que foi prontamente compreendido por Yuko, que inclinou de leve a cabeça para frente em agradecimento, com um sorriso radiante, mas cheio de modéstia.

      Com esse desfecho, Maks se deixou vencer por uma expressão triunfante enquanto olhava agora para a garota sorridente que recebera o elogio. — "Viu só, Yuko? Ela gosta de você."

      "Apesar de que foi o toque do Kaneda que deixou esse sabor especial" — Yelena acabou acrescentando de repente.

      "É... Talvez, tenha razão..." — respondeuMaks à Caçadora. Mas apesar de ter concordado com ela na resposta, aindaatribuía o sucesso do jantar exclusivamente a um toque especial da novainquilina. No entanto, ele resolveu por não compartilhar com Yuko a opinião dacompanheira de caçadas. Deste modo, tentou mudar de assunto ao retomar aconversa com a garota japonesa: — "Evocê tem um piano em casa?"

Legado da Destruição 2 - Poder DespertoOnde histórias criam vida. Descubra agora