Enquanto aquelas palavras mordazes ainda ecoavam em sua mente, Maks ficava sem reação. Suas mãos pareciam perder a força e seus dedos logo se afrouxaram junto ao pescoço de Kihara, soltando a parte da roupa que mantinha aquele homem imobilizado e pressionado contra a parede.
E após soltá-lo, deu alguns passos para trás, sendo dominado por uma mistura de desespero e frustração, enquanto sentia a dor agora ganhando terreno, recuperando o espaço que fora ocupado pela raiva até aquele momento.
E, acima de tudo, se sentia um idiota. Um grande idiota.
O maior dos idiotas...!
Agredir Kihara foi sua pior decisão!
Mas agora era tarde para lamentar. Aquela forte dor consequente da Cicatrização Acelerada ainda o castigava intensamente, parecendo até aumentar. Ficava difícil até mesmo pensar com clareza.
Sayuri agora gritava a plenos pulmões, não conseguindo mais se controlar. As mãos deixaram de cobrir a boca e agarraram os cabelos, num gesto de desespero. A voz aguda e estridente ecoou pelo interior da casa, ferindo os ouvidos e atravessando a porta da Sala de Computação, que tinha um ótimo isolamento acústico.
Mas não era à prova dos gritos agudos e histéricos dela.
Nada seria.
A porta foi aberta no momento em que a mulher havia cessado os gritos para respirar, dando um breve descanso para suas próprias cordas vocais, que vibraram numa intensidade que quebraria placas de cristais a quilômetros.
Dmitri foi o primeiro a atravessar a porta, seguido pelos outros.
— O que está acont...?
Mas o aparecimento brusco dos Caçadores assustou ainda mais a empregada, que renovou a intensidade dos gritos, tornando-os ainda mais agudos. E todos levaram as mãos aos ouvidos.
Inutilmente, claro.
— Ô mulher! Calma! — pediu Mikhail, também aos gritos. — Alguém pelamordedeus, fecha a boca dela! — o segundo pedido teve que ser feito bem mais alto, tentando se sobressair àquele som torturante.
Kihara logo o atendeu e se aproximou de Sayuri. Um abraço carinhoso conseguiu acalmá-la e ela foi silenciada, embora as lágrimas de preocupação com seu patrão ainda lhe enchiam os olhos.
Dmitri também foi o primeiro a perceber o lado esquerdo do rosto de Kihara inchado e com um sangramento no canto da boca. — Nossa! O que aconteceu com seu rosto, senhor Kihara!?
— Nada de muito grave — respondeu ele, gesticulando para mostrar que estava bem, apesar de machucado. Ainda afagava sua serviçal/amiga nos braços, tentando tranquilizá-la.
Todos se aproximaram e algumas perguntas foram direcionadas a ele, que evitava comentar sobre o recente machucado. Então, olharam para a assustada Sayuri e, finalmente, para Maks, na busca por explicações.
E foi Aleksei quem deduziu o óbvio, virando-se para o Caçador que se mantinha encurvado, com os braços em volta do corpo. — Maks?! Você o agrediu?
— Sim...! — afirmou ele, num sussurro um pouco relutante, com a cabeça ainda abaixada.
— Ele só perdeu a cabeça por um segundo — Kihara começou a falar, antes de ser alvo de um bombardeio de perguntas. — Teve um dia cheio. Só passou por uma... crise. Está tudo bem agora.
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Legado da Destruição 2 - Poder Desperto
AbenteuerCinco estrangeiros sem memória unidos numa missão de caça. Uma legião de criaturas assassinas vagando livres pelas ruas. Um departamento de polícia covarde e manipulador. Uma cidade assolada pelo medo. Em meio a esta realidad...