"Não, Maks! Pare com isso!" — gritou ela, apertando a chave imobilizadora em volta dele enquanto o puxava para trás. — "Mas que diabos está havendo com você!?"
Aleksei e Misaki se aproximaram para ajudar, embora isso não fosse mais necessário: Maks se mantinha dominado, sem conseguir nem mesmo se debater sob a chave da Caçadora.
Mesmo que o golpe não tenha sido levado adiante, Kihara já havia recuado instintivamente logo que aquele princípio de movimento agressivo teve início.
Quanto à Yelena, somente quando percebeu que não havia mais riscos de ocorrer uma agressão é que ela afrouxou os braços que envolviam o Caçador descontrolado. Ele, então, conseguiu se desvencilhar daquelas mãos que o seguravam e deu alguns passos na direção oposta, suspirando alto com as mãos na cabeça. Enquanto isso, todos o olhavam aturdidos, sem entender o que acontecia, sem entender o motivo daqueles acessos incontroláveis de fúria do companheiro.
Mas já tinham a teoria da absorção excessiva de dor como uma possível explicação. Segundos depois, Maks se aproximou de Misaki, um pouco trêmulo; dor e raiva se digladiando em seu interior. E embora ele tentasse deixar a impressão de que a dor era mais forte, na verdade, era a raiva que se sobressaía. — Preciso de um favor seu, Grandalhão.... — pediu, fazendo uso de um apelido amigável para tentar deixar a conversa menos tensa, mas acabou falhando nesse objetivo. — Pode me fazer um favor?
— Sim, se estiver ao meu alcance — disse Misaki em resposta, os olhos preocupados sobrevoaram todos os presentes na sala. Acabou encontrando olhares tão perdidos quanto os seus. Todos também se perguntavam o que estava havendo.
'Pelo amor de Deus, Misaki, me ajuda...!', Maks implorou em seu íntimo, fechando os olhos com força. Só conseguiu elaborar um plano simples e colocava todas as fichas nele. Teria que apelar para a forte amizade que existia entre Kihara e Misaki.
— O que você quer que eu faça? — O gigante oriental voltou a perguntar, após o breve silêncio do perturbado amigo.
— Você poderia ficar com a Ayumi em sua casa? — ele revelou o pedido encarando-o com uma expressão suplicante que beirava o desespero, o rosto um pouco erguido para alcançar os olhos do amigo. — Cuidar dela por um tempo. Um ambiente diferente fará bem a ela. — Precisava ouvir uma resposta positiva, pois aquilo lhe parecia a única chance de manter a menina a salvo, mesmo que temporariamente. E era um dos poucos cenários que poderiam ser aceitos pelo grande magnata.
Olhando sobre o ombro, Maks fitou Kihara por um segundo, comprovando que ele também ouvira seu pedido. Depois, virou o rosto na direção da menina. E apenas neste momento a presença dela foi notada pelos outros.
Ele não tinha outro plano em mente, caso sua idéia não desse certo. Mas prometeu a si mesmo que a tiraria daquela casa.
Nem que fosse obrigado a lutar com todos ali dentro.
Kihara chegou a abrir a boca para protestar, porém, se deteve, limitando-se a olhar para seu agigantado e confuso amigo. Em seguida, acabou balançando a cabeça de forma afirmativa, concordando com o estranho pedido feito.
Mesmo assim, Misaki não pareceu aceitar aquilo e passou a olhar na direção de Maks, que se manteve em silêncio — Isso é absurdo! O que está acontecendo aqui? — Ele queria saber a razão daquele pedido. — Eu preciso entender o motivo, Maks! Por que está me pedindo isso? — Voltou a olhar para seu chefe e sua voz trovejou mais forte. — Alguém, por favor, pode me explicar o que está acontecendo aqui!?
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Legado da Destruição 2 - Poder Desperto
AventuraCinco estrangeiros sem memória unidos numa missão de caça. Uma legião de criaturas assassinas vagando livres pelas ruas. Um departamento de polícia covarde e manipulador. Uma cidade assolada pelo medo. Em meio a esta realidad...